NEGÓCIOS

COP30 movimenta empreendedores paraenses e destaca produtos da Amazônia

A COP30, prevista para acontecer em novembro de 2025, já movimenta empreendedores da cadeia produtiva amazônica.

Belém, Pará, Brasil, Cidade. Retranca: PREPARAÇÃO - EMPREENDIMENTOS/ COP30 - Adriane Cavalcante, proprietária do Fofa depósito de farinha. Gancho: Com a COP30 prevista para acontecer em Belém em novembro de 2025, empreendimentos tradicionais de farinha de mandioca e açaí da Amazônia estão se organizando para aproveitar a presença de estrangeiros e comercializar seus produtos durante o evento. Local: Av Senador Lemos - Sacramenta - Belém. Data: 08/09/2025. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Belém, Pará, Brasil, Cidade. Retranca: PREPARAÇÃO - EMPREENDIMENTOS/ COP30 - Adriane Cavalcante, proprietária do Fofa depósito de farinha. Gancho: Com a COP30 prevista para acontecer em Belém em novembro de 2025, empreendimentos tradicionais de farinha de mandioca e açaí da Amazônia estão se organizando para aproveitar a presença de estrangeiros e comercializar seus produtos durante o evento. Local: Av Senador Lemos - Sacramenta - Belém. Data: 08/09/2025. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

A COP30, prevista para acontecer em novembro de 2025, já movimenta empreendedores da cadeia produtiva amazônica, que veem no evento uma vitrine internacional para seus produtos regionais. A farinha de mandioca, patrimônio imaterial do Pará, e o açaí, reconhecido mundialmente como superalimento, ganham protagonismo com o fortalecimento de negócios liderados por mulheres.

Entre os nomes que se destacam está o de Adriane Cavalcante, fundadora do Fofa Depósito de Farinha, no bairro da Sacramenta, em Belém. Com 18 anos de atuação no ramo, Adriane vem investindo na identidade visual de sua marca, redesenhando o layout do espaço e capacitando sua equipe para atender às novas demandas do mercado internacional.

“A COP30 é uma grande vitrine. Estamos reforçando nossa marca, mudando o layout da loja para receber os visitantes estrangeiros e facilitar a exportação dos produtos. A ideia é manter a qualidade e, ao mesmo tempo, oferecer comodidade e preço acessível”, afirma Adriane.

Ela ressalta que o marketing digital e a adaptação às novas formas de consumo são estratégias fundamentais para o crescimento do negócio. “Hoje, o cliente quer conforto. Ele quer receber em casa. A gente já entrega nos portos, em ônibus, no navio, onde for preciso. O consumidor moderno quer variedade, preço justo e qualidade, e é isso que estamos oferecendo”, explica.

Além da farinha, o Depósito Fofa ampliará seu portfólio com a “Fazendinha Fofa”, que irá oferecer produtos naturais e artesanais vindos diretamente do interior do Pará, como queijo, manteiga, coalhada, iogurte e polpas de frutas. “A ideia é trazer o interior para a cidade. São alimentos que só se encontram em comunidades rurais, com aquele sabor de verdade, sem aditivos. Já começamos a buscar a primeira remessa, e a estrutura com freezers e espaço adaptado já está em fase final”, conta Adriane.

A empresária também exporta regularmente para outros estados brasileiros e já iniciou operações pontuais para os Estados Unidos. Japão e outros mercados estão no radar, embora ainda haja desafios, especialmente na carga tributária e na burocracia para exportação. “Ainda enfrentamos barreiras com impostos e custo logístico, mas estamos vencendo aos poucos. A farinha que produzimos é artesanal, feita no nosso próprio retiro. A qualidade é o nosso diferencial, e o mercado lá fora exige isso”, completa.

Açaí do Pará para o mundo

Outra empreendedora que aposta na COP30 como catalisadora de negócios é Lays Sampaio, do Açaí da Lays, tradicional ponto na Feira da 25. Há cinco anos no ramo, Lays trabalha com o açaí puro, sem mistura, e está investindo em personalização de embalagens e divulgação digital para atingir o público estrangeiro. “Já mandei fazer as embalagens personalizadas com o nome e telefone, para que quem vier para Belém leve o contato com a gente para fora. A ideia é divulgar nosso nome internacionalmente”, diz.

Lays Sampaio, proprietária do açaí da Lays. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Para se preparar para o evento, ela está montando o chamado “kit paraense”, que inclui farinha d’água, farinha de tapioca, bacaba e, claro, o açaí. “É o Açaí da Lays do Pará para o mundo. Já temos turistas chegando, inclusive técnicos e jornalistas que estão aqui por causa da COP. Eles querem viver a experiência do açaí verdadeiro, e é isso que oferecemos: o sabor da Amazônia de verdade”, destaca.

Diferente do consumo local, Lays percebeu que os visitantes estrangeiros não consomem o açaí em grandes quantidades, por isso está adaptando o serviço: porções menores e com refeições típicas. “Estou investindo em um prato típico para os turistas: o peixe frito com açaí. Não adianta vender um litro para alguém que está em hotel. O visitante quer viver a experiência aqui, na hora. E já estamos atendendo assim”, explica.

Ela também aposta em sucos naturais como alternativa ao calor da cidade e planeja vender frutas frescas e sucos prontos para consumo. Apesar de não participar de feiras ou eventos paralelos, Lays escolheu manter o foco em seu ponto fixo. “A cidade vai estar cheia, e prefiro cuidar do que já tenho. Quero consolidar minha marca onde já sou conhecida. Estou me legalizando para entrar no iFood e atender a essa nova demanda”, afirma.

Tradição e Inovação

A movimentação desses empreendimentos locais revela não apenas uma busca por crescimento econômico, mas um esforço de valorização cultural e identidade amazônica. Ao mesmo tempo em que se adaptam às exigências de mercado global como rotulagem, logística e presença online, as empreendedoras mantêm os métodos tradicionais de produção, reforçando o vínculo com o território e os saberes ancestrais. “A farinha tem que ser artesanal, feita com as mãos da nossa gente. É isso que o estrangeiro quer ver, quer levar. A COP vai ser uma chance de ouro para mostrar nossa cultura e fortalecer a economia com a floresta em pé”, resume Adriane. Com criatividade, resiliência e foco na qualidade, as empreendedoras paraenses já se preparam para colocar seus produtos no centro das atenções do mundo e mostrar que o sabor e a força da Amazônia cabem em cada embalagem.

Trayce Melo

Repórter

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.