TECNOLOGIA

Controle todos os ambientes da sua casa pela internet

Cada vez mais, é possível controlar o funcionamento de aparelhos domésticos e sistemas de segurança de maneira remota ou por inteligência artificial.

Reprodução
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Pará - A possibilidade de controlar o funcionamento de aparelhos eletrodomésticos e até mesmo as luzes de casa à distância, através de um smartphone, tem deixado de ser cena de filmes futuristas para se tornar uma realidade na rotina de algumas famílias brasileiras. Alimentadas por sistemas como o que se conhece como Internet das Coisas (IoT), essas tecnologias têm impulsionado a construção de ‘casas inteligentes’, mas o que é possível automatizar em uma residência, hoje, e o que é necessário para que isso seja possível?

O professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e vice-coordenador do INCT ICoNIoT (Redes de Comunicação e Internet das Coisas Inteligentes), Eduardo Cerqueira, explica que o conceito está relacionado a um ambiente equipado com dispositivos e sistemas computacionais que se conectam à internet. “A casa inteligente pode se controlada localmente ou remotamente, por aplicativos, comandos de voz ou sistema inteligentes”, explica. “O objetivo é melhorar a experiência do morador, proporcionando mais conforto, segurança, eficiência e oferecer novos serviços que antes não eram possíveis, incluindo a compra automática de produtos em falta na geladeira”.

O professor esclarece que os dados coletados por dispositivos IoT podem ser usados para gerar conhecimento, usando inteligência artificial e aprendizado de máquina, e gerenciar a casa em tempo real mesmo se os moradores não estiverem presentes. Essa atuação é possível através de equipamentos como sensores, câmeras de segurança, assistentes virtuais, eletrodomésticos e até mesmo veículos autônomos, por exemplo.

“Hoje em dia, é possível encontrar no mercado sistemas de refrigeração inteligentes, que ajustam a temperatura da casa de acordo com os hábitos dos moradores, ou as lâmpadas inteligentes, que podem ser programadas para ligar e desligar em horários específicos. Também é possível encontrar panelas inteligentes que podem fazer alimentos de forma remota ou em horários programados”.

Essa variedade de equipamentos e dispositivos capazes de se conectar à internet, hoje, é possível em decorrência dos avanços tecnológicos ocorridos nos últimos anos e que têm contribuído para a popularização de casas inteligentes. Entre eles, o professor Eduardo Cerqueira cita que a melhoria na conectividade, com a chegada da internet 5G e a maior disponibilidade de Wi-Fi de alta velocidade, foi um fator crucial para possibilitar a conectividade e a consequente oferta de novos serviços. “Além disso, a evolução dos assistentes virtuais, por exemplo Alexa, Google Assistant e Siri, aliados ao desenvolvimento de dispositivos IoT de baixo custo e fácil integração, facilitou a adoção de soluções inteligentes em larga escala”, destaca. “A expansão e a popularização da IA e do aprendizado de máquina também desempenhou um papel importante, permitindo que os dispositivos se tornem cada vez mais autônomos, inteligentes e personalizados, aprendendo os comportamentos dos moradores e antecipando suas necessidades”.

Na prática, o doutor em Desenvolvimento de Software e docente do Instituto Federal do Pará (IFPA), André Augusto Pacheco de Carvalho, explica que é possível programar a automação de uma residência por diferentes cômodos. Algo muito comum no caso da automação da iluminação do imóvel, por exemplo. “Se a sua casa tem uma cozinha, tem uma sala de estar, uma sala de jantar, uma sala de TV, os quartos, nós dividimos de acordo com os cômodos que a casa tem e colocamos os disjuntores, os interruptores individualizados através de um aplicativo de smartphone e nós podemos, então, através da internet ligar e desligar essa energia”, explica. “Para que essa casa tenha essas funcionalidades, a gente pode e comprar interruptores já inteligentes, ou seja, são interruptores que já vêm com o módulo, que já têm uma antena Wi-Fi e essa antena Wi-Fi ou Bluetooth se conecta à rede da família”.

Além de dar o comando para que o aparelho ligue ou desligue de forma imediata, com esse sistema também é possível programar uma tarefa para que o ar-condicionado do quarto ligue todos os dias, às 20h, para que quando o morador chegar em casa às 20h30, por exemplo, já encontrar o quarto refrigerado.

A mesma lógica também pode ser aplicada a uma infinidade de equipamentos. “Eu posso já deixar programado para que a minha cafeteira – e ela tem que ser inteligente, ela tem que ter essa possibilidade – ligue todo dia às 20h10, porque é o horário que eu estou chegando em casa e já quero tomar o meu café. Ou programar para que ela ligue às 7h porque eu acordo um pouquinho antes e, quando eu sair do banho, o meu café já está pronto”, explica André.

Em outro segmento, as fechaduras inteligentes também podem controlar o acesso ao imóvel através da identificação biométrica, facial ou da digital, ou através de um smart card. Também conectada à internet Wi-Fi da casa, essa fechadura terá um aplicativo que garantirá o controle de acesso, como explica o professor do IFPA. “Significa que, quando alguém entrar na casa, se não for eu, eu posso programar um gatilho para me enviar uma mensagem dizendo: ‘Olha, alguém abriu a tua fechadura’”, explica. “Isso serve muito, também, para o controle parental, para eu saber que horas o meu filho está saindo, que horas ele está chegando. Eu posso ter um hub de automação que vai ligar todos esses dispositivos da minha casa inteligente, para que eu possa controlá-lo através de um smartphone”.

Ainda na área de segurança, já existem câmeras de monitoramento com reconhecimento facial. Se for uma câmera com 360 graus, por exemplo, ela pode não apenas reconhecer a pessoa que entrou e identificar que aquela pessoa não é uma moradora, por exemplo, como também acompanhar aquela pessoa pelos locais por onde ela se deslocar dentro da casa. Tendo registrado essas imagens, a câmera pode enviar as informações para o morador sinalizando que aquela pessoa não identificada entrou no imóvel e em que cômodo ela se encontra no momento.

Na área de entretenimento, as Smart TVs, quando conectadas a assistentes virtuais, também possibilitem que o usuário controle a sua programação através do comando de voz, dizendo frases como ‘ligue a tv’, ‘coloque no aplicativo de música da minha escolha ou coloque no aplicativo de streaming que eu gosto’. “Quando a gente fala de utilidades domésticas, eu tenho diversos serviços. Eu tenho economia de energia, eu tenho a minha iluminação personalizada, tenho entretenimento, tenho segurança. São vários serviços que a gente pode colocar e com valores acessíveis para a minha casa funcionar”, considera o professor André Augusto de Carvalho. “Então, tem essa característica de uso da casa inteligente para as rotinas do dia a dia, mas nós também temos a possibilidade, em um conceito mais amplo, de ter uma casa inteligente para que ela faça o reuso da água da chuva, para que ela faça a otimização da energia, para que ela traga melhorias na qualidade de vida não só do morador, mas também em um contexto maior, que é no contexto da sociedade”.