DISCUSSÃO

Consulta com comunidades quilombolas debate política climática no Pará

Consulta com comunidades quilombolas debate política climática no Pará Consulta com comunidades quilombolas debate política climática no Pará Consulta com comunidades quilombolas debate política climática no Pará Consulta com comunidades quilombolas debate política climática no Pará
Evento faz parte do maior processo de consultas a Povos Indígenas, Quilombolas, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares do nordeste paraense
Evento faz parte do maior processo de consultas a Povos Indígenas, Quilombolas, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares do nordeste paraense

Às margens do Rio Capim, na comunidade quilombola Santana do Capim, no município de Aurora do Pará, nordeste paraense, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) iniciou, nesta semana, a mais um processo de Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI) do Sistema Jurisdicional de REDD+ do Pará (SISREDD+), desta vez com comunidades quilombolas da Regional Nordeste.

A programação inclui debates em grupo, reuniões de avaliação interna e outros procedimentos
A programação inclui debates em grupo, reuniões de avaliação interna e outros procedimentos

O evento, que integra o maior processo de consultas a Povos Indígenas, Quilombolas, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PIQCTAFs) realizado pelo governo do Estado, reuniu cerca de 150 participantes, além de técnicos da Semas, da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), da Malungu (Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará) e demais lideranças comunitárias e representantes das comunidades consultadas.

A mesa de abertura contou com a participação de Renata Nobre, secretária-adjunta de Gestão dos Recursos Hídricos da Semas; Valdinei Gomes, gerente de Promoção aos Direitos Quilombolas da Seirdh; Socorro Sebastiana dos Santos, coordenadora regional da Malungu no Nordeste, e Aurélio Borges, membro do Conselho Diretor da Malungu, representantes do poder público municipal e demais lideranças quilombolas locais.

“Estamos na terceira rodada da Consulta Livre, Prévia e Informada com comunidades quilombolas da Regional Nordeste. Neste primeiro dia, apresentamos os painéis informativos e, no segundo, realizaremos dinâmicas participativas sobre os objetos de consulta da política pública, como a minuta de lei e a proposta de repartição de benefícios. A metodologia é flexível, respeita os protocolos e tem sido bem recebida. Esse processo tem aproximado o Estado das comunidades e permitido uma construção coletiva muito valiosa para o Pará”, explicou Renata Nobre, que conduz o projeto.

Respeito aos direitos – A programação da CLPI em Aurora do Pará se estende até 27 de junho, com debates em grupo, reuniões de avaliação interna, entre outros procedimentos, respeitando a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura o direito dos povos e comunidades tradicionais à consulta prévia e informada sobre medidas que os envolvem.

“As comunidades têm relatado que o tempo previsto tem sido suficiente para compreender a política e tomar suas decisões internas. E, se for necessário, a metodologia é flexível para garantir esse processo. Já estamos caminhando para a quinta rodada das 47 previstas, e até agora os resultados têm sido muito positivos”, afirmou Renata Nobre. 

Yasmin Barbosa Cunha, integrante da comunidade quilombola Santana do Capim
Yasmin Barbosa Cunha, integrante da comunidade quilombola Santana do Capim

Diálogo – Yasmin Barbosa Cunha, nascida e criada na comunidade quilombola Santana do Capim, ressaltou a importância da participação ativa dos territórios. “Gostei muito desse encontro porque é a primeira vez que vejo um espaço aberto para ouvir as comunidades quilombolas. Ser ouvido é fundamental, ainda mais num momento em que nossas florestas e tradições estão ameaçadas. Ver o Governo do Pará se aproximar, dialogar e buscar formas de proteger nosso território nos dá esperança de um futuro melhor. Aprendi muito, principalmente sobre o que é o mercado de carbono, que antes parecia distante da nossa realidade. Esse tipo de escuta fortalece o diálogo e nos faz sentir parte das decisões”, disse.

Giovana Cristina, do Quilombo Santana do Capim
Giovana Cristina, do Quilombo Santana do Capim

Giovana Cristina, moradora do Quilombo Santana do Capim, relatou a experiência de participar ativamente do processo de construção de uma política pública. “Achei muito importante essa iniciativa do Estado de vir até nossas comunidades, nos ouvir e compartilhar informações que muitos aqui desconheciam. Além de levar conhecimento, esse encontro garante o nosso espaço de fala — porque ninguém melhor para falar do nosso povo do que nós mesmos. Participar desses momentos é fundamental para que possamos expor nossas necessidades e lutar pelos nossos direitos dentro do nosso território. Foi apenas o primeiro dia, mas já tivemos muito aprendizado, trocas e atividades que fortalecem nossa organização”, assegurou.

Transparência – “As CPLIs são um direito garantido por tratados internacionais. Quando o Estado abre espaço para construir política pública com a participação das comunidades, o processo de inclusão dos povos tradicionais acontece. Ouvir as comunidades é a forma mais transparente e respeitosa que o governo pode fazer. Neste processo, a Seirdh tem um papel fundamental, que é realizar o acompanhamento das CPLIs, contribuindo com as comunidades participantes no processo de compreensão e entendimento do sistema jurisdicional REDD+ do Pará, cumprindo seu papel principal da promoção, defesa e proteção dos direitos humanos”, ressaltou Valdinei Gomes, gerente de Promoção dos Direitos Quilombolas na Secretaria.

O Sistema Jurisdicional de REDD+ integra a política climática do Governo do Pará, e se baseia em mecanismos internacionais de financiamento climático, em que a comprovação da redução nas emissões de gases do efeito estufa permite a geração de créditos de carbono. Esses créditos, ao serem comercializados, podem gerar receitas que deverão ser reinvestidas em políticas públicas voltadas à conservação, à sustentabilidade e à melhoria da qualidade de vida das comunidades que vivem e cuidam da floresta.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.