Envolta num lençol que reproduz os limites da placenta da mãe, a bebê Maria Gabriela, que nasceu prematura, é imersa em água aquecida à temperatura do corpo humano. A experiência, em uma banheira, semelhante ao formato de um balde, proporciona um dos seus primeiros banhos, onde, a pequena reviveu o ambiente uterino, o que a trouxe paz, tranquilidade e conforto em seus primeiros dias de vida.
A técnica trata-se da ofuroterapia, aplicada para prematuros na unidade neonatal do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, em Belém.
De acordo com a unidade hospitalar, estudos comprovam a eficácia do uso dessa terapia, de forma a trazer reais benefícios aos bebês, como a estabilidade da frequência respiratória, cardíaca e das cólicas. Além disso, é um procedimento em que a criança não chora e, geralmente, entra e sai do banho quase adormecida.
“O banho foi muito bom para minha filha. Ela adorava, ficava bem relaxada. Depois da técnica, ela se acalmou muito. Achei impressionante a experiência. Agradeço muito a equipe do hospital por ter proporcionado esse carinho, trabalho e dedicação. Nunca tinha visto isso em nenhum lugar, é até curioso, mas temos de saber que as crianças também têm ansiedade. Hoje, ela está em casa e muito bem”, disse Jessica Morais, mãe da Maria Gabriela.
As técnicas são aplicadas pelo serviço de terapia ocupacional da unidade, integrante da equipe multiprofissional. “A ofuroterapia é uma técnica humanizada que busca reviver o ambiente intrauterino proporcionando estimulação vestibular, proprioceptiva, tátil e motora ideal para o recém-nascido, favorecendo, inclusive, a estimulação psíquica e afetiva”, explicou Luanda Campos, terapeuta ocupacional.
A profissional ainda acrescenta que a ofuroterapia “ajuda a minimizar as consequências advindas da desorganização neurocomportamental – muitas vezes em decorrência – do longo período de permanência e excessivos estímulos no ambiente hospitalar, de forma que, estabiliza frequência cardiorrespiratória, ameniza cólicas, minimiza choros, promove conforto e relaxamento (homeostase), melhorando a qualidade do sono”, ponderou Luanda.
Neonatologia
O objetivo geral da terapia ocupacional no complexo neonatal do HRAS, é prevenir e/ou minimizar atrasos no desenvolvimento global e favorecer o crescimento saudável dos bebês. Dessa forma, a intervenção se dá com base em avaliações individuais, no auxílio de posicionamento adequado, visando a autorregulação e organização do recém-nascido.
“As técnicas promovem adaptações no ambiente com a inibição de estímulos nocivos, melhorando a organização e bem estar do paciente, assim, a T.O tem como “responsabilidade” os cuidados relacionados ao desenvolvimento do RN, a humanização do ambiente e orientações tanto a equipe quanto aos pais, inserindo e estimulando a participação dessa família nos cuidados e rotina do bebê, respeitando as possibilidades de cada um”, enfatizou Luanda.
FONTE: AGÊNCIA PARÁ