VAREJO SUSTENTÁVEL

Como restaurantes estão se reinventando para a COP30

Da Amazônia para o mundo: pratos sustentáveis ganham espaço nos cardápios de Belém
Da Amazônia para o mundo: pratos sustentáveis ganham espaço nos cardápios de Belém. Foto: Divulgação

A realização de um grande evento internacional, que deve reunir cerca de 50 mil participantes de diferentes países do mundo, chamou a atenção de Belém para a necessidade de se preparar para a demanda de uma alimentação à base de plantas e mais sustentável. Com a proximidade da COP30, que será realizada em novembro na capital paraense, duas ONGs se organizaram para disponibilizar uma consultoria gratuita para restaurantes e estabelecimentos que desejam incluir pelo menos um prato de alimentação a base de plantas em seus cardápios.

A culinarista e consultora do Projeto “Belém Gastronomia Sustentável”, Petra Marron, explica que a consultoria está alinhada a uma demanda que a cidade de Belém está pedindo, e que deve permanecer para além da COP. “Belém ainda é muito carente desse tipo de formação e a gente percebe isso na prática. Por mais que o restaurante não queira implementar cinco pratos, mas que ele receba uma consultoria e um treinamento para implementar um prato que seja, com qualidade, com equilíbrio nutricional, bem apresentado, faz uma diferença muito grande para a formação da equipe”, considera.

“E também porque, realmente, a COP é um evento para discutir sustentabilidade e questões climáticas e não tem como falar disso sem falar de alimentação, ainda mais dentro da Amazônia”.

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Comer bem e com consciência: o legado sustentável que a COP30 quer deixar na gastronomia

O projeto é promovido pela organização internacional ProVeg e pela ONG Sociedade Vegetariana Brasileira, que é a maior ONG brasileira na segmentação de culinária à base de plantas, vegetarianismo e veganismo. “O foco da consultoria, realmente, é falar sobre a alimentação à base de plantas. O objetivo é que haja uma capacitação dos estabelecimentos de alimentação fora do lar na cidade, como hotéis, bares, restaurantes, cafeterias, todos que vão, de alguma maneira, ser impactados pela COP e que precisam estar preparados para atender ao público que vai demandar por uma alimentação à base de plantas”.

Petra explica que a consultoria é estendida. Ela já iniciou, mas segue até um pouco depois da COP. A partir dela, o que se espera é criar um cardápio específico para cada restaurante, em uma consultoria personalizada.

“Por exemplo, a gente fez uma consultoria recente para um restaurante de comidas típicas. Então, nós vamos criar um cardápio à base de plantas, com sugestões para o chefe e para o dono do restaurante, baseado no que eles já vendem, algo que tenha a mesma identidade do restaurante”, pontua, ao explicar como funciona o processo.

“Primeiro, a gente analisa o cardápio deles, verifica o que eles já vendem, fazemos uma proposta de cardápio e, eles aprovando o cardápio, nós vamos para a fase de treinamento da cozinha. A gente vai presencialmente com a equipe de cozinha, mostra como é o preparo da ficha técnica, entrega a ficha técnica com todas as porções e treina a equipe para fazer a execução daquele prato”.

Para participar da consultoria, que é gratuita, o restaurante precisa implementar no mínimo um prato, mas pode incluir quantos quiser. Em algumas das consultorias já realizadas, Petra conta que um estabelecimento demandou sete preparações, por exemplo.

“A gente também fornece uma lista com fornecedores que podem disponibilizar os insumos que vão ser necessários para a produção daqueles pratos, com ênfase em produtores locais; a gente também dá um suporte até a COP para tudo que o estabelecimento precisa para a implementação daquele prato. A gente pode ajustar as receitas de acordo com a necessidade do estabelecimento, se tiver sazonalidade de ingredientes, a gente ajusta as fichas técnicas para que o prato continue sendo ofertado, mas levando em conta essas variações de sazonalidade dos ingredientes”.

Além da consultoria em relação ao preparo do prato em si, o projeto também inclui uma fase de treinamento do atendimento, onde os consultores orientam as pessoas que vão estar no salão vendendo para os clientes sobre como se deve apresentar aquele produto; como se identifica as diferenças entre produtos à base planta e produtos de origem animal; como o produto deve ser sinalizado no cardápio de forma compreensível e clara.

“A gente quer justamente que os estabelecimentos consigam entender a importância de ter uma uma oferta de produtos que estejam alinhados também com uma demanda crescente do mercado, por isso que a consultoria é tão personalizada”, considera a consultora.

“A gente não está falando de um prato que é para uma pessoa vegana, é um prato para pessoas que de alguma maneira se identificam com uma forma mais consciente de consumo e que também gostam de comer bem. Não é um cardápio criado para um nicho muito afunilado, é para qualquer pessoa. E esse é o um dos pontos principais da consultoria: focar na qualidade da preparação do prato, na qualidade do atendimento e na apresentação do prato e mostrar para os restaurantes que eles não precisam apresentar esse prato de uma maneira estigmatizada, como um prato vegano. Não, é um prato com base de plantas, elaborado com todo o cuidado para aquele restaurante e que é tão saboroso quanto qualquer outro prato que está disponibilizado ali”.

Atualmente, o projeto já atendeu a 12 estabelecimentos, mas a consultoria ainda está aberta e realizando a captação de novos estabelecimentos. Os interessados podem obter mais informações sobre como participar através do site belemsustentavel.com.br. A consultoria é totalmente gratuita.