ENERGIA ACESSÍVEL E LIMPA

Como jovens da UFPA reinventam a energia na Amazônia

Biolume desenvolveu um modelo de poste híbrido projetado para fornecer energia limpa e acessível a comunidades remotas na Amazônia.

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Biolume desenvolveu um modelo de poste híbrido projetado para fornecer energia limpa e acessível a comunidades remotas na Amazônia.
Biolume desenvolveu um modelo de poste híbrido projetado para fornecer energia limpa e acessível a comunidades remotas na Amazônia.

A realidade vivenciada por populações ribeirinhas que dependem do uso de geradores a diesel para ter acesso a energia elétrica foi o ponto de partida para uma iniciativa que já começou a transformar vidas não apenas no Estado do Pará, mas para além dele. Reunindo estudantes de diferentes cursos de graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA) que integram o time Enactus UFPA, o projeto Biolume desenvolveu um modelo de poste híbrido projetado para fornecer energia limpa e acessível a comunidades remotas na Amazônia.

Produzidos a partir de canos PVC e lâmpadas movidas a energia solar, os postes desenvolvidos pelo projeto capturam energia solar durante o dia e a ideia é que, nos momentos em que a energia solar não seja suficiente, eles também possam ser alimentados por um sistema de geração de energia a partir de biocombustível proveniente de óleo vegetal reciclado.

“A ideia surgiu quando a gente percebeu que em muitas comunidades remotas não havia energia. Não tinha tanto iluminação pública, quanto energia dentro das casas. Então, a gente pensou em reutilizar o óleo de cozinha e assim transformá-lo em biodiesel. A gente começou os estudos desse óleo de cozinha para transformar em biodiesel e hoje a gente está na etapa de validação”, explica a presidente do Time Enactus UFPA, Evelyn Mesquita.

Enquanto os estudos com biodiesel são validados, o time começou a produzir os postes feitos de PVC e luminárias fotovoltaicas, uma tecnologia de baixo custo que já vem sendo implantada. Na fase atual do projeto, mais de 50 postes já foram instalados em diferentes comunidades. “A proposta do Biolume é conseguir garantir tanto a iluminação pública, quanto também futuramente a iluminação para dentro das casas, com biodiesel, nos geradores”.

Implantação e Impacto do Projeto Biolume

Batizados de postes Atiaia, as tecnologias já foram implantadas tanto na Amazônia, como em Porto Alegre, Brasília e em dois países da África. Especificamente no Estado do Pará, foram implantados postes na comunidade de Arapiranga, que pertence à Ilha das Onças, município de Barcarena; na comunidade de Baixo Itacuruçá, em Abaetetuba; e em Itacoã-Miri, que pertence ao Acará.

“A gente tem muito depoimento das comunidades em que eles relatam, principalmente, que antes não conseguiam se locomover à noite. Eles precisavam utilizar lanternas para conseguir andar nas vias e com os nossos postes eles não precisam mais porque a gente consegue iluminar todas as vias”, conta Evelyn.

“E, também, quando eles acordam muito cedo para conseguir pegar o açaí ou para fazer alguma outra coisa dentro da comunidade, eles já conseguem porque os fortes estão iluminando todas as vias que eles trafegam”.

Mais do que a vida das pessoas que vivem nessas comunidades, a iniciativa também contribui com uma transformação que afeta a todos, mesmo os que vivem nos centros urbanos, a valorização de uma geração de energia limpa, sem emissão de CO2. “Com essas nossas tecnologias – essa é a primeira, mas a gente também tem alguns outros protótipos – a gente consegue diminuir bastante a emissão de CO2. Essa é uma das nossas propostas também, conseguir fazer essas tecnologias de baixo custo e evitar cada vez mais essas emissões”.

Reconhecimento Internacional e Apoio da UFPA

A iniciativa, tocada por um time multidisciplinar que reúne alunos de engenharia elétrica, engenharia química, publicidade e propaganda, administração, dentre outros cursos, já foi inclusive reconhecida internacionalmente, levando soluções pensadas na Amazônia para o conhecimento do mundo.

Em abril de 2025, o projeto Biolume foi vice-campeão do Prêmio internacional ACT Bright Future Prize 2025, que incentiva projetos de transformação social feitos por jovens para suas comunidades, sendo ele o único representante da Região Norte do Brasil entre os oito finalistas do mundo. Antes disso, em 2024, o projeto já havia sido vice-campeão do Enactus World Cup.

“Foi muito importante para a gente ter esse reconhecimento para conseguir levar cada vez mais essas nossas tecnologias a mais comunidades. E assim a gente está conseguindo implementar em todo o Brasil e o nosso projeto é, assim como a gente já iluminou dois países na África, levar para o outros países também”, pontua a presidente do Time Enactus UFPA, Evelyn Mesquita.

“A gente conta muito com o apoio da UFPA, com os seus laboratórios, para a gente conseguir fazer toda essa parte da pesquisa e, sendo um projeto de extensão, conseguir implementar nas comunidades”.

ENACTUS UFPA

O Projeto Biolume é um dos projetos de empreendedorismo social tocados pelo time Enactus UFPA, organização formada por estudantes da Universidade engajados com a transformação da realidade local. A Enactus é uma organização internacional sem fins lucrativos dedicada a inspirar alunos universitários a melhorar o mundo através do empreendedorismo.