MINÉRIO DO FERRO EM RISCO

Como as tarifas de Trump podem abalar a economia paraense

O aumento das taxações sobre os produtos brasileiros, que no caso paraense atinge o minério de ferro, vai ocasionar o encarecimento do produto vendido para os Estados Unidos
O aumento das taxações sobre os produtos brasileiros, que no caso paraense atinge o minério de ferro, vai ocasionar o encarecimento do produto vendido para os Estados Unidoso. Foto: Divulgação

O anúncio do presidente norte-americano Donald Trump da aplicação uma tarifa de 50% extra sobre a importação de produtos brasileiros anunciada ontem e que deve entrar em vigor em 1º de agosto impactará a economia paraense de maneira mais setorial e não global, atingindo sobretudo a exportação e minérios, em especial o minério de ferro.

“Impactará mais especificamente os municípios de Marabá e de Barcarena porque são os grandes polos produtores. Na economia como um todo eu não vejo grande impacto até porque somente 10% de todo comércio exterior do Brasil é feito com os EUA. A maior parte é feito com a China. Do ponto de vista mais local, vejo um impacto setorial mais no campo do minério. Até a questão da pecuária ela não é tão intensiva para os Estados Unidos, sendo muito maior para a Europa e Oriente Médio”, prevê o economista Mário Tito Almeida.

O aumento das taxações sobre os produtos brasileiros, que no caso paraense atinge o minério de ferro, vai ocasionar o encarecimento do produto vendido para os Estados Unidos, inviabilizando a competitividade com outros fornecedores. Isso significaria, em última análise a diminuição da produção, ensejando por consequência uma redução no mercado de trabalho, gerando desemprego no setor.

Economista Mário Tito Almeida
Economista Mário Tito Almeida

“O país ainda tem três semanas pela frente para se organizar e muitos analistas acreditam que os Estados Unidos vão acabar retrocedendo nessas medidas. Por outro lado, se a taxação se confirmar será uma oportunidade para o país e nosso Estado venderem o minério para outros países como a China. Acontece que não é tão simples deixar de vender aos Estados Unidos e passar a privilegiar a China…. Há toda uma questão logística que leva tempo”, detalha o economista.

Tito, entretanto, não encara o anúncio do governo americano como algo desesperador para economia paraense. “Vejo isso muito mais como como um momento passageiro e que, olhando do ponto do ponto de vista mais do comércio internacional, pode ser facilmente resolvido, negociando nossos produtos para outros países de demandarem nossos produtos”, avalia.

Impactos Setoriais e Alternativas Comerciais

O agronegócio e a mineração acabam sendo mais impactados na medida em que o governo brasileiro não esperava essa taxação tão alta nessas áreas considerando os Estados unidos sempre tiveram prioridade na exportação do que é produzido nesses setores, inclusive mais do que a China.

“Caso essa guerra comercial se confirme o mais provável é que o governo brasileiro estreite cada vez mais seus laços comerciais com a China, com os países dos BRICS e com a União Europeia”.

A China é o principal destino do minério de ferro paraense, com os EUA ocupando uma posição secundária. Em 2023, o Pará exportou US$ 22,258 bilhões, com o setor mineral representando 84% desse valor, sendo o minério de ferro o principal produto, com mais de US$ 12,9 bilhões. A China foi o principal destino, seguida pela União Europeia e América do Norte, onde os EUA se enquadram.