Diego Monteiro
É só chegar no Centro Comercial de Belém para encontrar diversas placas anunciando vagas de emprego temporário: “estamos recebendo currículo com ou sem experiência”. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), a expectativa é que este tipo de contratação fique em torno de 4,2 mil até o final de dezembro.
Segundo os comerciantes, o principal motor para a elevação da mão de obra temporária está no aumento da demanda e, consequentemente, na iminência de entrada de recursos relacionados ao Black Friday, 13º salário e às festas de Natal e final de ano. Outro detalhe que ajuda a dar força para o otimismo dos lojistas é que este ano é o primeiro após a pandemia da Covid-19.
A recém-contratada Juliana Cavalcante, de 25 anos, é mãe solo e a única mantenedora do lar. A operadora de caixa foi contratada no mês passado e vê com bons olhos a oportunidade. “Sempre quando chego em um novo trabalho dou o meu melhor. Acredito que esta vaga pode ser minha, já que estão precisando de alguém. Este é um dos melhores momentos para conseguir algo e crescer”, contou. Juliana tem razão. Apesar do período sugerir os famosos “empregos temporários”, é possível que essa oportunidade se transforme em um trabalho fixo. Léo Valentine, de 27 anos, por exemplo, aceitou tirar um bico de apenas três meses em uma loja especializada na venda de maquiagens, mas diante do bom desempenho, foi chamado para compor o quadro de colaboradores da empresa.
“Cheguei exatamente neste período, há dez anos, onde a população procura por presentes a todo custo e a movimentação é intensa. Mas sabemos que uma hora esse ‘boom’ acaba e precisamos mostrar nossas habilidades nos períodos em que as vendas são mais difíceis. Graças a Deus venho galgando um bom trabalho e creio que por isso estou aqui a tanto tempo”, afirmou Valentine.
SALÁRIO
Para quem tem dúvidas quanto ao salário pago a um trabalhador temporário, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) chegou à conclusão de que este profissional está recebendo em média R$ 1.626, um aumento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado, que pagava uma remuneração de R$ 1.587.
CRITÉRIOS
Marcelo Azevedo estava desempregado há dois anos e agora consegue ajudar a compor a renda familiar. “Estou muito feliz e vamos seguindo um passo de cada vez. Acho que o segredo é você fazer o seu trabalho bem feito e um pouquinho mais. Sempre tratando com cordialidade e atendendo os anseios daquela que paga o nosso salário: a clientela”, explicou o atendente de 31 anos.
Embora os anúncios estejam a rodo grudados nas paredes e fachadas dos estabelecimentos, os comerciantes afirmam que é preciso atender os critérios mínimos para ser escolhido. Douglas Bastos, de 39 anos, é proprietário de uma loja que vende artigos para o lar. Segundo o empresário, várias pessoas já se candidataram para a vaga de estoquistas, mas nenhum atendeu as expectativas.
“Os candidatos precisam entender que é importante ter pelo menos um curso, ou até mesmo uma experiência, que possa evidenciar um certo tipo de conhecimento no controle de produtos, inventários, além de outras questões da vaga”, explicou Douglas.