O Dia do Pescador, comemorado em 29 de junho, encerra as festas juninas em homenagem a São Pedro, padroeiro dos pescadores. No Brasil, a data é marcada pela valorização de quem vive do mar e dos rios. O Pará é destaque nacional nesse cenário: segundo o Ministério da Pesca e Agricultura, o estado possui mais de 208 mil pescadores, sendo o segundo maior em número de trabalhadores no setor. Em Belém, no tradicional complexo do Ver-o-Peso, é possível encontrar histórias de coragem, fé e superação desses profissionais que garantem o pescado na mesa do consumidor.
Denis Pereira, de 30 anos, é natural de uma comunidade próxima à Vila do Camará, no Arquipélago do Marajó. Ele conta que o trajeto entre sua região e a capital paraense pode durar até nove dias, sendo dois de viagem até a costa e cinco de pesca. “É só céu e água. As ondas de cinco ou seis metros são o maior desafio. Nessas horas, só a fé em Jesus mesmo”, afirma. Denis passa a maior parte do tempo no mar, longe da família e da terra firme.
A saudade de casa também pesa na rotina de Max dos Santos, de 42 anos, natural de Macapá, mas que comercializa o peixe em Belém. Sua embarcação percorre até 20 dias de viagem, dependendo da quantidade de gelo para conservar a carga. “Tenho uma mulher e um filho. A saudade sempre bate. Agora está melhor, com wi-fi no barco, conseguimos nos comunicar. Antes, ficávamos totalmente no escuro”, relata.
A rotina árdua e os longos períodos longe de casa são enfrentados com união e companheirismo. Na pedra do peixe, o trabalho é coletivo e coordenado. “Um ajuda o outro. A turma atravessa o oceano para trazer dourada, pescada, gurijuba. Essa segurança vem da parceria entre todos”, afirma Aldo Figueiredo, de 43 anos, que atua na logística de uma das embarcações no Ver-o-Peso.
O esforço desses trabalhadores é reconhecido por muitos consumidores. A aposentada Maria Miranda, de 88 anos, enquanto comprava peixe no Mercado de Ferro, observou: “Já pensou passar o dia todo molhado com aquele pitiú? Não é fácil, tem que ser valorizado”. O próprio Denis reforça: “As pessoas precisam valorizar esse produto natural que nós trazemos com muito esforço”.
A Ligação Religiosa e o Apoio ao Setor
A data também tem forte ligação religiosa. São Pedro, originalmente chamado Simão, era pescador no Lago de Tiberíades. Segundo os Evangelhos, foi Jesus quem o renomeou Pedro e o escolheu para ser o líder dos apóstolos e o primeiro papa. O apóstolo foi martirizado no dia 29 de junho do ano 67, crucificado de cabeça para baixo, a seu pedido. Por essa razão, é celebrado como padroeiro dos pescadores.
Para apoiar o setor, a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará) desenvolve projetos que facilitam o acesso ao crédito rural para pescadores artesanais. O financiamento é feito por meio do Banpará, com foco no desenvolvimento sustentável. Os recursos podem ser usados na compra de materiais como redes, boias, cordas e chumbadas. Mais informações podem ser obtidas no site www.emater.pa.gov.br ou pelos telefones (91) 3299-3400 / 3299-3404. A sede da Emater está localizada na BR-316, Km 12, em Marituba.