Pará

Com 24 mil pessoas em tratamento, paraenses se unem no combate à Aids

Marcos Melo e Jair Santos presidem ONGs que lutam em prol dos direitos dos pacientes com Aids. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Marcos Melo e Jair Santos presidem ONGs que lutam em prol dos direitos dos pacientes com Aids. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Pryscila Soares

O Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado hoje, é uma data que marca a conscientização sobre a importância da prevenção da doença e da adesão ao tratamento pela pessoa que vive com HIV, sigla do Vírus da Imunodeficiência Humana. No Pará, um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) mostrou que, de janeiro até outubro deste ano, um total de 24.665 pessoas seguiam em tratamento contra o HIV, a chamada terapia antirretroviral.

As Usinas da Paz da Cabanagem, Jurunas e Benguí recebem hoje ações alusivas à data. Será ofertada ao público em geral, das 8h às 13h, testagem para a detecção do HIV, além da distribuição de insumos de prevenção à doença, como preservativos, e palestras de orientação sobre o vírus e outras doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, hepatites e HPV).

“Todos os serviços de atenção no Pará vão realizar mobilizações, passeios ciclísticos, rodas de conversas, palestras orientação, informando à população que o HIV não tem cura, mas tem tratamento e acompanhamento com equipe multidisciplinar”, explicou Andréa Miranda, coordenadora estadual de IST/Aids da Sespa.

Segundo a coordenadora, hoje o trabalho da coordenação estadual é voltado para o atendimento, políticas na área de prevenção, promoção à assistência e tratamento, além de levar orientações sobre a política da transmissão vertical do HIV (da mãe para o seu filho), que é a principal via de infecção na população infantil. “Uma das vias de transmissão é pelo aleitamento materno. Realizamos o fornecimento de insumos, preservativos, testes rápidos para diagnósticos, além de fórmulas infantis para as maternidades.”

O Ministério da Saúde deve divulgar hoje um panorama atualizado sobre a ocorrência da doença no país com o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2022. Para as Organizações Não-Governamentais, que desenvolvem, sobretudo, ações sociais visando o enfrentamento à doença, os índices demonstram um cenário alarmante e a necessidade de fortalecimento de políticas públicas.

ONGS

Uma das entidades é o Grupo para Valorização, Integração e Dignificação do Doente de Aids (Paravidda), que há 30 anos promove um trabalho social voltado à pessoa que vive com HIV, em estado de vulnerabilidade social. Todos os 1.500 usuários cadastrados para o atendimento social são pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A entidade sobrevive por meio de doações da sociedade civil.

“Não temos muito o que comemorar pelo desmonte da política de Aids do Brasil e a nível municipal é uma brincadeira. Nós, movimentos sociais, continuamos resistindo”, pontuou o presidente da Paravidda, Jair Santos.

Para ele, o principal desafio do Brasil hoje é resgatar campanhas educativas de prevenção, que atinjam, sobretudo, às populações mais vulneráveis. “Belém e Ananindeua figuram com altos índices de infecções no norte do Brasil. Vamos ter um panorama a respeito desses índices alarmantes e que precisam ter resposta da sociedade civil e, principalmente dos governos. A pessoa vivendo com HIV/Aids ainda convive com um grande um estigma”, pontuou.

Sediada na Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Guamá, a ONG Olívia realiza aconselhamentos e testagens gratuitas para a detecção de IST, incluindo o vírus da Aids. Os kits de testes rápidos são disponibilizados pela Sesma. A testagem é aberta ao público em geral e ocorre de segunda a sexta-feira.

Presidente da ONG, Marcos Melo ressalta que, antes de encaminhar essas pessoas para os serviços de saúde, a entidade exerce um importante papel de acolher e aconselhar. “No dezembro vermelho intensificamos esse diálogo. A gente pretende realizar no dia 3 uma ação em um shopping de Belém. A cada três meses a gente busca fazer uma ação maior para atingir mais pessoas”, destacou.

Outra ONG que também atua há 26 anos com serviços assistenciais voltados aos pacientes é o Comitê Arte Pela Vida. Hoje a entidade possui cerca de 500 famílias cadastradas. “O maior objetivo é lutar por condições dignas de tratamento, dar dignidade ao paciente e atendê-lo. O critério é a questão da vulnerabilidade social. A gente continua tendo o preconceito que é muito forte no HIV. As pessoas chegam muito assustadas e nervosas. Então, é necessário sentar, conversar com o paciente e explicar o tratamento”, disse o presidente do grupo, Francisco Vasconcelos.

 

LOCAIS DE ATENDIMENTO

  • Os testes rápidos para a detecção do HIV estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde do Pará. São gratuitos e sigilosos.
  • Em Belém, a Sesma dispõe do Centro de Testagem e Aconselhamento Rayssa Gorbachofh (CTA), na travessa Rui Barbosa, entre rua Boaventura da Silva e avenida José Malcher, bairro do Reduto.
  • O Casa Dia atende pacientes diagnosticados na rede municipal de saúde e no CTA Belém.
  • Unidades básicas de saúde de Belém nos diversos bairros e no Centro de Testagem e Aconselhamento fazem testagem para as IST.