Pará

Círio no Carnaval: relembre outras escolas que desafiaram a Igreja Católica

A Vila Isabel retratou o Círio em 2023. Ismar Ingber | Riotur
A Vila Isabel retratou o Círio em 2023. Ismar Ingber | Riotur

No centro da polêmica após a forte reação da Arquidiocese de Belém sobre o uso de elementos e imagens do Círio de Nazaré no desfile da Império de Casa Verde, em São Paulo, a principal festa religiosa do Pará já foi evidenciada por escolas de samba em outras ocasiões. No ano passado, por exemplo, a Vila Isabel, com o enredo “Nessa Festa, Eu Levo Fé”, homenageou o Círio levando à Sapucaí representações da berlinda, a corda, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, além dos romeiros.

Um dos pontos altos do desfile foi a homenagem feita pela escola ao Círio de Nazaré. O que de certa forma quebrou um acordo informal entre as escolas e a Igreja Católica, de que não haveria imagem de santos em seus desfiles. Mas falar da maior festa católica do mundo, e em especial do povo paraense sem apresentar a padroeira da Amazônia ficou um pouco difícil.

Não foi a primeira vez em que o Círio foi retratado por uma escola de samba. Em 1975, a Estácio de Sá levou para a avenida “A Festa do Círio de Nazaré”, com um samba imortalizado na voz de Dominguinhos do Estácio, um devoto de Nossa Senhora que comparecia todos os anos em Belém para acompanhar o Círio.

Já em 2004, a Viradouro emocionou o público ao reeditar “A festa do Círio de Nazaré”, da Estácio.

Já em 2013 foi a vez da Imperatriz Leopoldinense sacudir a Marquês de Sapucaí evidenciando a festa católica como parte do enredo ‘Pará: o muiraquitã do Brasil’. A escola contou com diversas personalidades do estado, entre elas Fafá de Belém, Gaby Amarantos e Dira Paes.

ARCEBISPO CRITICA ESCOLA E FAFÁ DE BELÉM
O arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, fez um pronunciamento nesta quarta-feira, 14, condenando o uso da imagem de Nossa Senhora de Nazaré no desfile de uma escola de samba em São Paulo. A agremiação em questão é a Império de Casa Verde, que homenageou a cantora paraense Fafá de Belém, que se destaca também pela forte ligação com o Círio de Nazaré.

E essa devoção acabou sendo ilustrada pela escola durante o desfile no Anhembi no último final de semana. E o uso das figuras que representam a padroeira dos paraenses acabou gerando reações, obrigando a Arquidiocese de Belém a emitir um posicionamento condenando a atitude da agremiação e da cantora, que não foram citados nominalmente pelo arcebispo de Belém.

Fafá brilhou no Anhembi

“No último carnaval aconteceram episódios que não foram agradáveis e que tocaram na devoção. Uma escola de samba da cidade de São Paulo, acompanhada de uma cantora de nossa terra, utilizaram a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e encontramos tantas reações contrárias, e nós todos estamos contrários a essa forma de utilização de figuras religiosas. Foi uma absoluta falta de bom senso e um gesto lamentável tanto da escola de samba quanto da cantora que se fez esse desserviço. Não houve qualquer consulta à igreja católica e se houvesse nós aconselharíamos a não usar esse tipo de figura. Que as pessoas responsáveis por essa atitude possam rever suas ações, que não façamos isso em outras ocasiões”, disse o arcebispo.