Pará - Com a aproximação do Círio de Nazaré 2025, o movimento no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém, já reflete a tradição gastronômica que acompanha a maior festividade católica da Amazônia. A busca pela maniva, ingrediente essencial da maniçoba — prato tombado como patrimônio cultural imaterial do Pará pela Lei Estadual nº 9.601/2022 —, cresce a cada dia e deve dobrar neste período, segundo permissionários.
No setor Folha e Raízes, 15 dos 26 boxes são dedicados exclusivamente à venda do produto. As folhas de mandioca chegam de municípios como Acará, Moju, Barcarena e Santa Izabel, onde são cultivadas, lavadas e moídas antes de seguir para o cozimento prolongado, necessário para retirar o ácido cianídrico, substância tóxica presente na planta.
Vendas em alta
Jane Santos, à frente da Barraca do Gordo há 25 anos, confirma o aumento da demanda: “A partir do fim de setembro e durante todo outubro, a procura cresce muito. É o período em que mais recebemos encomendas para o Círio”, afirma.
No espaço, o quilo da maniva é vendido a R$ 5 crua, R$ 6 pré-cozida e R$ 8 cozida, com produção diária de até mil quilos de folhas moídas.
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No Box da Dinair, Luciano Bentes, com 30 anos de experiência no setor, relata que as vendas chegam a 100% a mais em outubro. O box, que emprega seis pessoas, também processa cerca de mil quilos por dia, oferecendo pacotes de um a três quilos, com preços entre R$ 6 (crua), R$ 7 (pré-cozida por cinco dias) e R$ 10 (cozida por oito dias).
Tradição à mesa paraense
A venda de maniva ocorre de segunda a sábado, das 6h às 18h, e aos domingos, até 14h. Após a compra, o preparo segue nos lares paraenses, onde cada família acrescenta carnes defumadas, embutidos e temperos à receita da maniçoba, servida tradicionalmente com arroz, farinha e pimenta.
Mais do que um ingrediente, a maniva simboliza o elo entre fé, cultura e identidade culinária do Pará, marcando presença obrigatória no almoço das famílias durante o Círio.
