Círio de Nazaré

Círio 2023: Corda 100% paraense tem data para ser entregue; confira


Em cerimônia que acontecerá em dois momentos, em Castanhal e Belém, a corda utilizada na Trasladação e no Círio deste ano será entregue à Diretoria da Festa. Foto: CTC/divulgação
Em cerimônia que acontecerá em dois momentos, em Castanhal e Belém, a corda utilizada na Trasladação e no Círio deste ano será entregue à Diretoria da Festa. Foto: CTC/divulgação

Em abril deste ano, a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) anunciou que a produção da corda do Círio, um dos maiores ícones da festividade, seria feita integralmente no Pará, pela primeira vez, para ser usada nas duas maiores e mais tradicionais procissões, o Círio e a Trasladação. A corda foi doada pela empresa Castanhal Companhia Têxtil (CTC) à DFN, em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME).

A partir de então, um protótipo de 50m foi produzido pela empresa CTC e entregue para a Universidade Federal do Pará (UFPA), que realizou vários testes que comprovaram a eficiência do material. Após a entrega dos laudos, foi iniciada a produção da corda utilizada nas procissões, que tem 800 metros de comprimento com partes de 400 metros, para cada romaria, tendo 50 milímetros de diâmetro. Ela já vem adaptada às estações de metal que auxiliam no traslado das berlindas durante as romarias.

A cerimônia de entrega será realizada no dia 13 de setembro, a partir das 8h, em Castanhal, com a presença de diversas autoridades. Em seguida, a corda será conduzida até Belém, onde permanecerá guardada na Estação Luciano Brambilla até o dia da vistoria pela DFN, 23 de setembro. A corda está prevista para chegar em Belém às 11h.

Saiba como é feita a Corda do Círio

A corda utilizada no Círio e na Trasladação até 2022 era feita de sisal, uma fibra vegetal muito dura e resistente, e era produzida em Santa Catarina. Nesta nova proposta da CTC, a corda foi produzida por uma composição de fibras de malva e juta, todas elas plantadas e cultivadas na região Amazônica.

Esta nova composição fica mais macia ao toque das mãos, pela presença da malva, sem, no entanto, perder resistência, em razão dos fios de juta. Quanto ao seu processo de transformação em fios, são muitos os estágios de fabricação, desde a colheita, realizada por diversas comunidades que fornecem o material à CTC, até a produção final.

“E toda esta produção, do plantio a fabricação do fio foi realizada aqui no nosso estado, contribuindo também para o desenvolvimento local, pois o Brasil e o mundo terão a oportunidade de conhecer mais este trabalho das comunidades daqui. E para cada pessoa que participou deste processo de produção da corda, desde a semente, plantação, colheita e fabricação, tenho certeza de que se sente um promesseiro da corda e abençoado, além disso, barateamos o custo de mais este ícone da festividade, pois além da doação da corda, vamos economizar com o transporte”, destaca Antônio Salame, coordenador do Círio 2023.

Revisão da corda

Já no dia 23 de setembro, a partir das 15h, a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) e a Guarda de Nazaré realizam uma revisão geral na Corda do Círio. A vistoria, que será realizada no colégio Santa Catarina de Sena, em Nazaré, visa checar detalhes do ícone da festa de Nazaré como argolas, nós e estações, além da medição dos 800 metros da corda, para saber se estão em perfeitas condições. Após este momento, a corda utilizada na Trasladação ficará em exposição na Estação Luciano Brambilla e a corda do Círio ficará em exposição na Estação das Docas, até os dias das procissões.

A corda passou a fazer parte do Círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo ao Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão, fazendo com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la. Os animais então foram desatrelados e um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis puxassem a berlinda. Desde então, foi incorporada às festividades e passou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os fiéis.