MINÉRIO

China puxa quase 50% do que o Pará vende ao mundo

O Pará é o segundo estado brasileiro mais dependente da China no comércio exterior: 49,5% de suas exportações vão para o país asiático.

O Pará é o segundo estado brasileiro mais dependente da China no comércio exterior: 49,5% de suas exportações vão para o país asiático, com destaque para o minério de ferro. Foto: Divulgação
O Pará é o segundo estado brasileiro mais dependente da China no comércio exterior: 49,5% de suas exportações vão para o país asiático, com destaque para o minério de ferro. Foto: Carla Azevedo

O Pará ocupa a segunda colocação no ranking nacional de estados com maior dependência comercial da China, com 49,5% de suas exportações voltadas ao gigante asiático — impulsionado principalmente pela indústria extrativa, especialmente o minério de ferro. A informação faz parte de um levantamento inédito realizado pela gestora Lifetime, que analisou a exposição das exportações estaduais tanto ao mercado chinês quanto ao norte-americano.

A alta dependência de commodities minerais coloca o Pará como líder na Região Norte e evidencia o papel estratégico do estado em um cenário internacional marcado por disputas comerciais entre grandes potências, como China e Estados Unidos.

O levantamento ganha relevância diante da nova política econômica dos EUA e das recentes declarações de Donald Trump, que anunciou possíveis tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. A medida deve afetar diretamente setores estratégicos da economia, como o de aço e alumínio, derivados do minério de ferro — produto que representa a maior fatia das exportações paraenses.

Foto: Carla Azevedo
Foto: Carla Azevedo

Segundo a economista-chefe da Lifetime, Marcela Kawauti, a alta concentração das exportações para um único destino não representa necessariamente um risco imediato. “No caso do minério de ferro, não se trata de um produto que pode ser facilmente redirecionado, como itens de manufatura. Há uma vantagem comercial consolidada nesse tipo de operação”, explica.

Região Norte: Pará lidera com folga

O Pará aparece muito à frente dos demais estados da região Norte em volume de exportações para a China. Tocantins vem em segundo lugar, com 47,3%, seguido por Rondônia (23,2%), Amazonas (12,3%), Amapá (10,1%), Roraima (5,8%) e Acre (4,6%). Já no ranking nacional, o Piauí lidera com 62,5% de exposição ao mercado chinês.

Em relação aos Estados Unidos, o Pará ocupa a 21ª posição nacional, com apenas 3,6% de suas exportações destinadas ao país. Neste cenário, o Amazonas aparece melhor posicionado entre os estados nortistas, com 10,3% de exposição, seguido pelo Amapá (10,1%). O Ceará, no Nordeste, lidera o ranking de estados mais expostos ao mercado norte-americano, com 45,2%.

Economia e Perspectivas Futuras

Economia aquecida e perspectivas positivas
A economia do Pará vem demonstrando resiliência e dinamismo. Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) estadual cresceu 5,8%, superando a média nacional. O destaque foi o desempenho da agropecuária, que avançou quase 22% no período — contrastando com a retração de 3,2% registrada no país.

A indústria extrativa, responsável por cerca de 90% das exportações paraenses e por quase um terço do PIB estadual, segue como motor da economia local. Além do minério de ferro, o estado também tem produção expressiva de cobre.

Para 2025, as perspectivas são positivas. A expectativa é de uma safra recorde na agropecuária e manutenção da demanda chinesa por minério de ferro, o que deve ajudar a equilibrar os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

COP 30 deve ampliar investimentos no estado

Outro fator que tende a impulsionar a economia paraense é a realização da COP 30, marcada para novembro. O evento, que colocará Belém no centro das atenções globais em debates sobre o clima, já movimenta bilhões em investimentos. Mais de R$ 7 bilhões estão sendo aplicados em infraestrutura, incluindo cerca de 40 obras com recursos dos governos federal e estadual.

Os projetos abrangem desde melhorias em mobilidade urbana e ampliação da rede hoteleira até investimentos em saneamento básico, refletindo diretamente na geração de empregos e no aquecimento da economia local.

Com uma posição estratégica na geopolítica global e um ambiente econômico em expansão, o Pará se consolida como protagonista tanto no cenário nacional quanto nas relações comerciais internacionais.