João Gabriel e Renato Machado/FOLHAPRESS
O chefe regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Pará, Rafael Angelo Juliano, nomeado em 2022, foi exonerado do cargo pela ministra do Meio Ambiente Marina Silva. As exonerações no Ibama atingiram 22 superintendências regionais.
Segundo reportagem da revista Piauí, ele é dono de uma consultoria que presta serviços para pecuaristas e sojicultores do próprio estado que, inclusive, já foram multados pelo Ibama. De acordo com a revista, ele já foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público por adquirir madeira sem licença ambiental comprovada.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu de uma única vez uma grande mudança no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e nos órgãos ambientais, exonerando praticamente todos os superintendentes nos demais estados.
Também foram trocados diversos ocupantes de cargos do primeiro escalão do Ministério do Meio Ambiente e de órgãos vinculados à pasta. As exonerações foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União, na noite da última sexta-feira (13), antes de a ministra Marina Silva embarcar para Davos (Suíça) para participar do Fórum Econômico Mundial. Atualmente, o Ibama tem 26 superintendências estaduais -apenas o Distrito Federal fica de fora- e os cargos foram usados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para aparelhar o órgão com nomeações em postos estratégicos.
O ex-ministro Ricardo Salles e o ex-presidente do Ibama, Ricardo Bim, por exemplo, nomearam uma série de policiais para as superintendências do Ibama. Na sexta, o governo Lula trocou, em uma única oportunidade, 20 superintendentes do Ibama nos estados.
O coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, Luiz Renato Fiori, é um dos exonerados. Ele deixa o cargo de superintendente no Espírito Santo, o qual ocupava desde junho de 2020, na gestão de Salles e Bim.
Em 2021, ele chegou a ser denunciado à Ouvidoria da Controladoria-Geral da União (CGU) por não comparecer ao local de trabalho durante duas semanas.
ACUSAÇÕES
Servidores do órgão disseram à reportagem que o policial praticava assédio moral e perseguição, instaurando processos administrativos contra subordinados ou trocando de função aqueles que discordavam dele. Procurado, Fiori afirmou que as ações movidas contra ele são infundadas ou já foram arquivadas. “Em relação às acusações [relatadas por servidores], não tenho conhecimento do teor”, disse.
Outro exonerado foi o empresário Bruno Pinheiro Dias Semeghini, que estava na chefia do Ibama em Goiás. Ele foi denunciado à Corregedoria do Ibama em 2022 e ao Ministério Público do Trabalho por assédio moral e perseguição.
Semeghini foi nomeado para o cargo em 2020, ainda na gestão de Salles. O superintendente, de acordo com os servidores, teria sido indicado ao cargo por políticos do PP. A denúncia cita que funcionários foram ameaçados por ele e desenvolveram problemas de saúde e psicológicos. “Devido ao ambiente de trabalho totalmente deteriorado diversos servidores têm apresentados problemas de saúde, como insônia, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, dentre outros, afetando o rendimento profissional e comprometendo o convívio familiar”, afirma a denúncia, à qual a reportagem teve acesso. A reportagem não conseguiu contato com Semeghini.