Pará

Chamado para a festa

Dilson Ferreira  é guarda de Nazaré e exibe na própria oficina vários cartazes do Círio 
FOTO: WAGNER SANTANA
Dilson Ferreira é guarda de Nazaré e exibe na própria oficina vários cartazes do Círio FOTO: WAGNER SANTANA
Dilson Ferreira é guarda de Nazaré e exibe na própria oficina vários cartazes do Círio
FOTO: WAGNER SANTANA

 

Cintia Magno

Fixados tradicionalmente na entrada de casa, os cartazes com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré não apenas anunciam a chegada de mais um Círio, mas também dizem muito sobre a cultura e a história de devoção da população pela Virgem Maria. Presente na iconografia do Círio desde 1826, quando o primeiro cartaz foi confeccionado em Portugal, o elemento passou por mudanças ao longo dos anos, mas permanece como um importante símbolo de fé dos paraenses.

A data da realização do esperado Círio de Nazaré, sempre no segundo domingo de outubro, está muito bem gravada na memória da aposentada Maria de Fátima Pinto, 75 anos. Independente disso, ela faz questão de fixar logo na entrada de casa o tradicional cartaz, ícone que surgiu no passado como o objetivo de comunicar a realização da festividade em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, mas que acabou ganhando outro significado através do próprio uso pelos devotos. “Eu sempre fui católica e devota de Nossa Senhora. Toda a minha família é devota, os meus netos todos são da Paróquia de Queluz”, conta, orgulhosa, a devoção passada de geração para geração. “O cartaz a gente troca todo ano porque tem que manter a tradição. O cartaz, na porta da nossa casa, ajuda a abençoar o nosso lar”.

A tradição também é levada à sério na oficina mecânica do Guarda de Nazaré Dilson Dias Ferreira, 66 anos. Localizada no bairro de Canudos, a oficina abriga várias edições dos cartazes do Círio, plotados em formato de banner. Não apenas quem chega ao local em busca do serviço, mas também quem passa pela entrada, não deixa de reparar e até mesmo se emocionar com a simbologia montada. “É uma relação muito intensa que eu mantenho o ano todo com Nossa Senhora”, conta Dilson, que é Guarda de Nazaré há 39 anos. “Para mim é uma honra poder ter, na oficina, os cartazes que simbolizam essa fé em Nossa Senhora de Nazaré. Para mim, isso faz com que a minha oficina fique cheia de paz, de tranquilidade e as pessoas que passam por aqui sempre ficam admiradas de ver essa devoção”.

Para marcar a chegada de mais um Círio, a cada ano um novo cartaz é produzido sob a coordenação da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN). O diretor de marketing da DFN, Oswaldo Mendes, explica que os primeiros passos têm início quando é definido o tema do próximo ano. “No final de cada ano, quando Dom Alberto Taveira (Arcebispo Metropolitano de Belém) anuncia o tema do Círio do próximo ano, começa o trabalho de criação do Cartaz. Procuramos sempre associar o tema ao Cartaz. Podemos dizer, então, que é um trabalho de 4 meses,
pelo menos”.

Hoje, cerca de 900 mil cartazes são impressos e distribuídos aos devotos, empresas e instituições. Uma atuação que possibilita a manutenção de uma tradição centenária e que tem um objetivo maior. “O Cartaz, junto com o Livro das Peregrinações são dois grandes veículos de evangelização da Igreja de Belém. Quando lançamos o Cartaz sempre dizemos: é Círio outra vez”, considera Oswaldo Mendes, ao reforçar que elementos não podem ficar de fora do Cartaz de cada ano. “A fotografia da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré é predominante no Cartaz. Nada é mais importante do que a figura da santa. Além dela, colocamos a data e o local em que o Círio se realiza e as logomarcas dos promotores da grande festa do povo do Pará: Arquidiocese de Belém, Basílica-Santuário/Padres Barnabitas e Diretoria da
Festa de Nazaré”.