Pará

Cesta básica compromete mais da metade do salário mínimo no Pará

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Saiu o Ranking 2025 da Abras - Associação Brasileira de Supermercados. Em primeiríssimo lugar o Grupo Carrefour.
Saiu o Ranking 2025 da Abras - Associação Brasileira de Supermercados. Em primeiríssimo lugar o Grupo Carrefour. Foto: Rogério Uchoa / Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Conforme o último levantamento feito pelo Dieese Pará, no mês de março, pelo terceiro mês consecutivo a cesta básica do trabalhador paraense voltou a ficar mais cara. A pesquisa aponta que o custo com os itens básicos para a alimentação chega a cerca de R$ 664,54 e compromete 55% do atual salário mínimo, de R$ 1.302,00.

No primeiro trimestre deste ano, a cesta básica acumulou alta de quase 4,00%. Este percentual é o dobro da inflação, estimada em torno de 2,00% para o mesmo período. Já no comparativo dos últimos 12 meses, Belém segue sendo a capital com o maior reajuste acumulado registrado em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. De março de 2022 a março deste ano, o custo da cesta básica teve alta acumulada de 13,42%, mais que o dobro da inflação, estimada em torno de 6,00% para o mesmo período.

No balanço feito pelo Dieese Pará, a maioria dos produtos que compõem a cesta básica ficou mais caro, com destaque para o arroz, com alta de quase 8%; seguido do leite, com alta de 6,68%; manteiga, com aumento de 4,80% e feijão, com alta de 1,86%.

Para quem trabalha com vendas de comidas, os reajustes são ainda mais sentidos. “Todo dia estou no supermercado, então percebo que tudo está mais caro, mas, para mim, o que pesa mais é o leite. Esse sim tem sido uma surpresa para o orçamento”, pontuou Raquel Araújo, de 49 anos.

Para driblar a alta no preço, a vendedora conta que não adianta trocar de marca. “Como uma forma de economizar, estou usando mais o leite líquido porque rende mais, tem maior durabilidade. Para mim sai mais em conta”.

O supervisor técnico do Dieese Pará, Everson Costa, explica que 2022 encerrou com forte alta nos custos de alimentação e, neste início de ano, o ritmo continua o mesmo. Isso ocorre porque mais da metade do consumo de itens básicos de alimentação são importados.

“Então, o feijão vem de um estado, o tomate vem de outro, assim como o arroz. Nós até produzimos parte desses alimentos, mas não suprem a nossa demanda. Como resultado disso, quando vamos buscar esses produtos de fora, a formação final dos preços para os paraenses, acaba sendo impactada fortemente pelo custo do frete. E no começo do ano, a formação desses preços encontra também o inverno amazônico, com o transporte muito mais difícil por conta das condições das estradas, então, trazer esses alimentos para o Estado, fica muito mais caro”.

Ainda segundo o Dieese Pará, o custo da cesta básica para uma família padrão paraense composta de dois adultos e duas crianças, ficou em torno de R$ 1.993,62, sendo necessários, portanto, para atender às mínimas necessidades do trabalhador e sua família, 1,53 salário mínimo (baseado no valor do atual salário mínimo de R$ 1.302,00 em vigor desde 01.01.2023).

A autônoma Roseane Ribeiro, 50, revela que para garantir a carne e a manteiga na mesa, o jeito é reduzir a quantidade. “Está tudo caro, não tem nada barato, mas a carne e a manteiga são os itens que mais estão pesando no bolso. A carne bovina estou trocando por frango também. A manteiga, a gente reduz a quantidade que leva”, encerrou.