Os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, assim como no restante do país, o nível de ocupação no Pará aumenta com a idade e atinge o auge entre 40 e 44 anos, quando 63,3% dos paraenses estavam ocupados. Entre os mais jovens, a inserção é baixa: apenas 10,1% dos adolescentes de 14 a 17 anos tinham alguma ocupação. Já entre os idosos (65 anos ou mais), o índice foi de 15,1%. Mesmo nas faixas mais ativas, as mulheres continuam em desvantagem: entre 40 e 44 anos, 76,3% dos homens estavam empregados, contra 50,4% das mulheres.
O mercado de trabalho paraense é fortemente concentrado em atividades tradicionais. As principais áreas de ocupação são o comércio e reparação de veículos (18,2%), seguidas por agropecuária, pesca e aquicultura (14,2%), construção (8,4%), educação (6,4%) e indústria de transformação (6,3%). Juntas, essas cinco atividades respondem por mais da metade (53,5%) da força de trabalho do estado.
O estudo também mostra que há setores fortemente marcados pelo gênero: as mulheres predominam nos serviços domésticos (89,1%), na saúde (71,6%) e na educação (68,3%), enquanto os homens dominam a construção civil (97,7%), o transporte (94,9%) e as indústrias extrativas (85,4%).
Entre os municípios paraenses, Canaã dos Carajás apresentou o maior nível de ocupação, com 60,5%, seguido por Xinguara (59,4%) e Redenção (58,5%).
Na outra ponta, Baião (26,5%), Cachoeira do Arari (27,5%) e Marapanim (27,7%) figuram entre os menores índices do estado.
No total, apenas 27 municípios do Pará superaram a marca de 50% de ocupação — ou seja, em média, apenas cinco em cada dez pessoas com 14 anos ou mais estavam empregadas ou exerciam algum tipo de atividade remunerada.
Mulheres ainda ficam para trás
A diferença entre homens e mulheres permanece expressiva. No Pará, 58,2% dos homens estavam ocupados em 2022, contra apenas 35,2% das mulheres.
Essa distância é maior que a média nacional (62,9% e 44,8%, respectivamente) e mostra que o avanço feminino no mercado de trabalho ainda esbarra em barreiras estruturais, especialmente em municípios do interior, onde predomina a informalidade.
O rendimento médio mensal no Pará foi de R$ 2.066,32, abaixo da média da região Norte (R$ 2.237,96) e 27% inferior à média nacional, de R$ 2.850,64. Entre os municípios, Belém lidera com R$ 2.986,88, seguida por Canaã dos Carajás (R$ 2.739,62) e Parauapebas (R$ 2.733,19).
Na outra extremidade, cidades como Garrafão do Norte (R$ 958,94) e Prainha (R$ 959,19) figuram entre as piores do estado. Em 69 municípios, o rendimento médio sequer alcança um salário mínimo.
Homens ganham mais que mulheres
No Brasil, os homens recebem em média R$ 3.115,29, enquanto as mulheres ganham R$ 2.506,20 — uma diferença de quase 20%. No Pará, a desigualdade persiste: R$ 2.149,00 para homens e R$ 1.929,88 para mulheres, diferença de 10,2%. Ainda que menor que a nacional, o dado reflete a concentração de mulheres em atividades menos remuneradas.
Renda por raça e cor
A desigualdade racial permanece marcante. Pessoas amarelas e brancas têm as maiores rendas médias (R$ 3.409,80 e R$ 2.822,48, respectivamente), enquanto pardos (R$ 1.844,76), pretos (R$ 1.825,99) e indígenas (R$ 1.565,49) continuam com os menores rendimentos.
No Pará, onde 69,9% da população se declara parda, essa distribuição ajuda a explicar o baixo rendimento médio estadual.
Desigualdade e dependência do trabalho
No Pará, 73,7% da renda das famílias vem do trabalho — proporção próxima da média nacional (75,5%), o que mostra a alta dependência do emprego como principal fonte de sustento. O rendimento domiciliar per capita no estado foi de R$ 994, o terceiro menor do país, atrás apenas de Maranhão e Alagoas. Enquanto Belém apresenta a melhor média (R$ 1.668,52), Bagre (R$ 358,65) tem o segundo pior resultado do Brasil.
Desigualdade cai, mas ainda é alta
O Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, foi de 0,539 no Pará — ligeiramente abaixo do índice de 2010 (0,568), o que indica leve melhora na distribuição da renda, mas ainda em patamar considerado elevado.