Pará

Caso Novelino: Chico Ferreira é encontrado morto

Chico Ferreira foi condenado a 80 anos de reclusão. Foto: Diário do Pará/arquivo
Chico Ferreira foi condenado a 80 anos de reclusão. Foto: Diário do Pará/arquivo

Acusado de ser o mandante das mortes dos irmãos Ubiraci e Uraquitã Novelino em 2007, o ex-empresário Chico Ferreira foi encontrado morto em sua casa nesta terça-feira. Ele estava em prisão domiciliar para cuidar da saúde e morava no bairro do Jurunas, em Belém. A polícia civil investiga as circunstâncias em que ele foi encontrado sem vida. Chico Ferreira foi condenado a 80 anos de prisão.

https://diariodopara.dol.com.br/para/exclusivo-mandante-das-mortes-dos-irmaos-novelino-esta-em-prisao-domiciliar-119553/

 

O CRIME

Os irmãos Ubiraci e Uraquitã Borges Novelino foram apanhados de surpresa em uma armadilha, planejada pelo empresário João Batista Ferreira Bastos, conhecido na área social e política da época como “Chico Ferreira”, em parceria com o radialista Luiz Araújo.

Os empresários vítimas da armadilha tiveram as mãos presas para trás por algemas, amordaçados e encapuzados, e depois espancados e estrangulados com mangueiras de borracha dentro da empresa Service Brasil do empresário “Chico Ferreira” no bairro de Batista Campos tendo como executores o ex-policial civil Sebastião Cardias Alves e o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa.

Certificados que os empresários estavam mortos eles foram colocados em tambores metálicos e atirados na baía de Guajará a uma profundidade de dezessete metros atados por correntes de ferro, uma âncora e a um peso de concreto fabricado em casa no centro comercial de Belém.

O crime era visto pelos seus planejadores como “perfeito” e segundo as investigações da época o pai das vítimas, o empresário Ubiratan Lessa Novelino, sentiu a falta dos filhos que tinham uma rotina de contato várias vezes no dia e naquele 25 de abril de 2007 sumiram. Apenas se sabia que eles teriam ido a uma reunião onde tratariam de débitos contraídos pelo empresário Chico Ferreira.

A investigação mostrou que os irmãos esperavam resolver um impasse criado com Chico Ferreira, sobre uma dívida que já estaria na casa dos quatro milhões de reais e antes mesmo de começar a suposta reunião planejada por Chico os irmãos acabaram encontrando a morte.

Morte dos irmãos Novelino completa 17 anos
📷 |FOTO: Divulgação

Tudo girava em torno de vários cheques que representavam parte da dívida de Ferreira que vinha sendo protelada e que neste dia seria a devida quitação desde que os irmãos empresários levassem os cheques que acabaram roubados no evento criminoso dando assim a perfeita quitação.

A reunião foi marcada para uma sala da empresa Service Brasil, que naquele dia teve uma alteração estranha. Todos os funcionários da empresa foram avisados de que o expediente encerraria uma hora mais cedo e que os irmãos teriam que chegar em um carro que não fosse o comumente utilizado por eles para não chamar atenção.

Tudo devidamente planejado e o grupo criminoso após o sumiço dos empresários chegaram até a colaborar com o trabalho até que a “casa começou a cair” quando os delegados Gilvandro Furtado, Sérvulo Cabral e Evandro Bradock chegaram a ponta do “fio da meada” começando a desvendar o crime até então “considerado perfeito”.

Foram presos o barqueiro que levou os toneis para jogar na baia do Guajará com os corpos dos empresários e no dia seguinte o desmonte de um carro no sítio do radialista Luiz Araújo no distrito do Murinin levou a polícia a prendê-lo uma vez que o carro, um Corola preto, era o mesmo que os irmãos emprestaram para irem se encontrar com Chico Ferreira.

Logo o “encaixe” das peças de jogo foram se ajustando e o empresário Chico Ferreira com crises de ansiedade por conta do noticiário buscou atendimento em uma clínica no bairro de Nazaré onde acabou preso.

No dia seguinte com o cerco fechado um os executores dos empresários o ex-policial Sebastião Cardias Alves se apresentou na sede na DRCO, acompanhado do juiz Paulo Jussara e a Polícia Civil com uma rede de informantes 24h prendeu já em Fortaleza o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa que já tinha deixado Belém.

Restavam os corpos, uma vez que a defesa dos suspeitos alegava que “sem corpo não há crime”. No entanto, as evidências como o sangue dos irmãos no chão da empresa Service Brasil aliado a uma imagem de câmera de segurança mantinham a polícia no caminho certo.

CORPOS ENCONTRADOS

Já no dia 7 de maio de 2007 após uma semana de intensa procura os corpos dos empresários Ubiraci e Uraquitã Borges Novelino foram encontrados após uma força tarefa que incluiu, mergulhadores especiais, Capitania dos Portos, Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil.

Seis meses depois começava uma nova batalha nos tribunais. Pelo menos quatro sessões de julgamentos históricos presididos pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa tendo na acusação o promotor Paulo Godinho foram realizados com direito a desmembramento de ações judiciais e anulação de julgamento até que finalmente em dia histórico no ano de 2018 saiu a sentença final.

O empresário João Batista Ferreira Bastos, o radialista Luiz Araújo, o ex-policial civil Sebastião Cardias Alves e o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa foram condenados em regime fechado em presídio de segurança máxima a 80 anos de reclusão.