Pelo oitavo mês consecutivo, o preço do quilo da carne bovina comercializada em açougues, mercados municipais e supermercados da capital voltou a ficar mais caro. É o que mostra pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA).
Com esta nova alta, diz o Dieese, o preço do produto também acumula alta no balanço dos últimos 12 meses (agosto/2021 a agosto/2022), quando apresentou a seguinte trajetória: em agosto/2021, o quilo de primeira (coxão mole/chã, cabeça de lombo e paulista) foi comercializado em média a R$ 36,47, chegando ao fim do ano passado (dezembro/2021) custando em média R$ 36,82.
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Em janeiro deste ano, o produto foi comercializado em média a R$ 37,18; em julho custou em média R$ 40,09 e no mês passado, com nova alta, foi comercializado em média a R$ 40,15. Com isso o quilo da carne bovina ficou 0,15% mais cara no mês de agosto/2022 em relação a julho/2022. Já em relação aos oito primeiros meses deste ano (janeiro-agosto), o reajuste acumulado foi de 9,04% contra uma inflação calculada em 4,65% (INPC/IBGE). Já nos últimos 12 meses, a carne bovina acumula alta de preço de 10,09%.
PROMOÇÕES
A equipe de reportagem do Diário do Pará visitou açougues em Belém e conversou com donos e funcionários dos estabelecimentos, e também com consumidores, sobre o aumento no preço da carne.
Parte dos açougues, para não perder clientes e nem ter prejuízo, repassam apenas parte do reajuste, e de forma gradual, aos clientes. Gerson Pinto, proprietário do Açougue West Boi, localizado no Bairro da Pedreira, conta que a carne suína tem vendido bastante ultimamente.
“As pessoas estão comprando mais, no dia a dia, as carnes mais em conta, como picadinho, frango e coxão duro, que é uma carne para cozido, que você pode colocar uma verdura, principalmente pessoas que têm uma família grande, para equilibrar. A carne suína também tem saído bastante como alternativa, ela é mais em conta, o quilo está R$ 17,00. Dessa forma, consigo manter uma boa clientela, porque meu açougue tem uma grande variedade de carnes que atendem o bolso de cada cliente”, pontua.
KIT’s DE CORTES
Para aumentar as vendas, ele decidiu criar kits de cortes de carnes para churrasco para aumentar a clientela. A iniciativa deu tão certo que, durante os finais de semana, o empreendedor vende bastante os kits com três tipos de cortes de carnes, por um valor promocional, para o cliente buscar no local. “No kit vem 3 carnes nobres (maminha, picanha e alcatra), praticamente são 8 kg de carne, que está custando R$ 42,00. Só o quilo da picanha está custando R$ 53,00. Então é um bom custo benefício para o consumidor”, conta Gerson.
Marcia Regina, 55 anos, autônoma, mora com 5 pessoas em casa e, como saída para economizar, tem recorrido ao frango. “Tenho comprado mais frango para equilibrar as contas do mês, porque está mais em conta. Até o frango subiu de preço, mas ainda dá para o almoço e a janta, a carne [bovina] não. Quando compro carne, opto por agulha ou pá. Com essas carnes eu consigo colocar verduras ou fazer um caldo que rende mais”, explica.
O açougueiro Anderson Silveira, 32 anos, diz que o açougue onde trabalha tem feito promoções para atrair os clientes. “As nossas vendas estão indo bem, não reajustamos os valores. O açougue tem feito promoções diariamente durante esses dois meses, as carnes em promoção são carnes mais populares, como chã, alcatra, paulista e a cabeça de lombo”, disse.