Cintia Magno
A menos de um mês do Carnaval 2025, a economia paraense já sente os efeitos da movimentação típica do período. Em municípios conhecidos pela forte tradição na Folia de Momo, o chamado pré-carnaval já aquece o clima festivo para a chegada do feriado, que neste ano ocorrerá no início de março. Na capital, o Centro Comercial de Belém está abastecido com uma grande variedade de itens e acessórios temáticos, atendendo à crescente demanda dos foliões que já se preparam para a festa.
Ao longo da rua 13 de Maio, no Centro Comercial de Belém, não é difícil encontrar lojas cujos produtos expostos fazem alusão às fantasias e adereços típicos do Carnaval. Para muitos lojistas, o Carnaval é a primeira grande data do ano, onde o volume de vendas aumenta consideravelmente em relação aos outros meses do ano.
“O Carnaval é período em que realmente começa o ano para a gente porque, geralmente, o mês de janeiro é o mês mais fraco. As pessoas estão voltando das festas de final de ano, Réveillon, já gastaram muito e estão mais preocupadas com a volta às aulas, que não é o forte da nossa loja. Então, é como se o ano começasse em fevereiro mesmo pra gente”, avalia o gerente de loja de artigos para festas no Centro Comercial de Belém, Clenilson Farias. “A gente espera um aumento de 20% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado”.
Com o Carnaval um pouco mais distante no calendário deste ano, Clenilson considera que o movimento neste início de fevereiro ainda não está tão intenso quanto costuma ser neste período, mas ele se diz confiante de que, nas próximas semanas, esse fluxo aumentará. Enquanto a movimentação de clientes aquece gradativamente, a loja já está preparada para atender às demandas dos foliões.
“A gente até investe em algumas coisas por causa do Carnaval, está chegando muito material na loja que nós pedimos para este ano. Estamos aguardando o aumento da procura, mas estamos confiantes”, considera. “A gente sempre recebe, também, visitas de pessoas de outras cidades que fazem Carnaval. Tem muitos blocos de Carnaval no interior do Estado, então a gente vende muito para pessoas de outros municípios também”.
Com o interior da loja recheado de fantasias e acessórios para festa ligados ao tema do Carnaval, o gerente Richarles Halliday também espera uma movimentação intensa de foliões para este ano. Ele também acredita que o período de maior movimentação deve se concentrar na segunda quinzena de fevereiro.
“O Carnaval é uma data bem forte para o comércio. Aqui a gente investiu um valor alto de produtos pensando nesse aumento das vendas. Já tem uma procura de clientes pelos produtos, principalmente esses adereços que as pessoas gostam de usar em bailes, nos blocos, mas a gente ainda está aguardando essa procura maior dos clientes”.
Mesmo que o volume de vendas ainda esteja aquecendo, Richarles considera uma vantagem quando o feriado cai no mês de março, como é o caso este ano. Isso porque os lojistas ganham mais tempo para trabalhar em cima da data.
“Pra gente é bom quando o Carnaval cai em março porque você tem um espaço maior para oferecer os produtos pros clientes. O Carnaval tem uma venda muito alta mesmo pra gente e eu espero que esse ano a data me surpreenda a medida que a data for se aproximando mais”.
Em outra loja que também atua com adereços para festa, a vendedora Dayse Gomes já viu esse aumento chegar. Em plena terça-feira no início do mês, a loja estava tomada por clientes em busca de adereços para o cabelo, fantasias para as crianças, saias de tule e itens tradicionais da folia, como confete e spray de espuma. “A procura de acessórios, maquiagem está muito grande, tanto que a loja está lotada”, avalia. “O clima do Carnaval aqui no Comércio já está muito bom pra gente. Esse movimento maior começou agora, nesse iniciozinho de fevereiro”.
Para municípios do interior, Carnaval é a segunda principal data do ano
Além do Centro Comercial na capital paraense, o feriado de Carnaval tem uma participação ainda mais significativa na economia de municípios do interior do estado que costumam receber um grande volume de foliões. Em muitos casos, o Carnaval é a segunda data mais importante do ano para o setor de meios de hospedagem e alimentação fora do lar, ficando atrás apenas das férias de julho.
Quando se trata do impacto econômico da folia do Carnaval, o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS-PA), Fernando Soares, destaca que, historicamente, os municípios mais impactados são Vigia de Nazaré, Cametá e Curuçá.
“Se for para pular Carnaval, os municípios mais movimentados são Cametá, Vigia e Curuçá. São municípios que recebem muita gente para pular carnaval em blocos. Então, é uma movimentação muito grande”, avalia. “Em Cametá, por exemplo, chega a faltar leitos nesta época do ano, as pessoas chegam a ficar hospedadas até no navio. Curuçá e Vigia também chega a ficar sem leitos porque não aumenta o número de meios de hospedagem na cidade de um ano para o outro porque é sazonal, é um período curto de boom”.
Já quando se consideram outros atrativos, como a presença de praias e balneários, por exemplo, Salinópolis se destaca. “Salinas é a cereja do bolo. De longe, é o município que mais arrecada nessa época do ano. Em regra, Salinas chega a 85% a 90%, às vezes até 100% dependendo do local, de ocupação no Carnaval. Outro ponto que é muito procurado é Alter do Chão, que tem um carnaval muito próprio deles”.
Esse aumento significativo na demanda por hospedagem durante o Carnaval nesses municípios, inclusive, acaba gerando uma demanda também para o aluguel de imóveis por temporada, o que impulsiona a geração de renda extra para a população em geral. Ainda assim, o representante do SHRBS-PA destaca que o setor mais impulsionado pelo feriado é o de alimentação fora do lar. “Os meios de hospedagem ganham bem no Carnaval, mas alimentação fora do lar é seguramente o setor que mais ganha e é linear. Ganha o dono de restaurante, o carrinho de cachorro quente, a barraca de tacacá, a sorveteria. E são locais que se mantêm, basicamente, com essas datas”.
É nos feriados prolongados, portanto, que o setor consegue garantir um incremento de renda que possibilitará a sua manutenção em períodos do ano em que o movimento é mais fraco. “Tirando as férias de julho, o Carnaval para as cidades do interior, principalmente as de praia, é a segunda data mais importante, junto com a Semana Santa. São dois momentos muito bons para essas cidades do interior”, avalia Fernando Soares.
“Esses feriados, na verdade, são o que mantêm esse setor. Pegando o exemplo de Salinas, você tem o feriado de ano novo que faz com que até o dia 05 de janeiro tenha bastante movimentação em Salinas. Depois disso, essa movimentação maior só volta no Carnaval, então, até lá a renda é garantida com o que se ganhou no último feriado. Quando chega o Carnaval é que ele vai ter um novo reforço de caixa e depois vai ter mais 40 dias até o próximo feriado prolongado que é a Semana Santa. E com isso as empresas vão conseguindo se manter. Então, é muito importante essa movimentação nestes feriados para o interior do estado, principalmente o Carnaval”.