Pará

Caos em Ananindeua: moradores ameaçam acionar o MP após calote em Hospital das Clínicas

Os manifestantes chegaram a fechar parte da BR-316, mostrando insatisfação com o caos no município, após o fechamento do Hospital das clínicas por falta de pagamentos e o atraso nos salários dos servidores. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Os manifestantes chegaram a fechar parte da BR-316, mostrando insatisfação com o caos no município, após o fechamento do Hospital das clínicas por falta de pagamentos e o atraso nos salários dos servidores. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Even Oliveira

Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (7), a população se reuniu em um protesto em frente à Prefeitura de Ananindeua, buscando respostas diante da crise enfrentada pelos hospitais da região, com destaque para o Hospital de Clínicas de Ananindeua (HCA), que teve os serviços suspensos no município. Profissionais da saúde questionaram salários atrasados, demissões e falta de investimentos na área.

Desde às 6h até às 10h, munidos de faixas e um carro de som, os trabalhadores e usuários dos hospitais expressaram insatisfação considerando o ato como uma medida extrema para destacar a difícil situação enfrentada dentro das unidades de saúde. Alguns cartazes continham frases como: “Prefeito Daniel descredencia hospital e a saúde ruim de Ananindeua piora” e “Descredenciar hospitais é matar o povo”.

Rômulo Vieira, de 54 anos, esclarece que os ananindeuenses estão buscando apenas por seus direitos. “Tem gente esperando por exames há mais de dois anos e, em alguns casos, as pessoas vão ficando mais doentes. A situação só agrava. Não tem ortopedista, neurologista, ginecologista, acompanhamento para pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e são muitas especialidades que precisam de atenção”, comenta.

Logo no início, os manifestantes fizeram a obstrução de parte do perímetro da BR-316 e Rômulo explica que a medida foi tomada pela urgência diante do cenário das medidas na saúde pública local. “Reunimos os moradores dos quatro cantos de Ananindeua, de todos os bairros que você imaginar. Essas pessoas estavam aqui em busca da melhoria da saúde, assim como os que estavam em busca do recebimento do pagamento; não é justo trabalhar e, de repente, ser mandado embora, não receber pelo mês de trabalho e nem ter explicação sobre a exoneração”, frisa.

De acordo com ele, a população deixou um espaço para que o prefeito ou alguém que quisesse representar a prefeitura pudesse dar esclarecimentos sobre as providências que foram e serão tomadas para resolver a situação dos serviços do município. Com o portão do prédio fechado por uma corrente, “ninguém apareceu nem que fosse para entrar na sede”, diz Rômulo. Eles prometeram acionar o Ministério Público caso nenhuma medida seja tomada.

A população teme que a situação se agrave e a saúde pública entre em colapso. A autônoma Maria Josefa, 50, afirma que a família sofreu perda por causa disso. “Está com um mês que perdi uma neta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), ela tinha 1 ano e 8 meses, morreu porque deram medicação errada e eu tenho todos os laudos médicos”, denuncia.

“Me sinto triste porque como nós colocamos ele sentado na cadeira [de prefeito], e ele como um médico que fez um juramento, era para estar olhando pela gente. A saúde é o mais importante. Me sinto revoltada por isso, porque não é só eu, são vários que estão precisando e precisam”, pondera Maria Josefa. A reportagem solicitou mais informações à Prefeitura sobre a situação, mas não teve retorno até o fechamento desta edição.