COP30 EM BELÉM

Campeã climática da juventude prepara evento para novas gerações na COP30

Marcele Oliveira, campeã climática da COP30, busca em Belém locais para sediar a “Cidade das Juventudes” e garantir protagonismo jovem no evento.

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Parque do Utinga, que é uma Unidade de Conservação, com enfoque no fato de ter em sua área uma floresta nativa em pleno centro urbano da cidade-sede da COP 30 e o lago Bolonha, que é usado para abastecer a rede de água de Belém. 28/02/2025. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará
Belém, Pará, Brasil. Cidade. Parque do Utinga, que é uma Unidade de Conservação, com enfoque no fato de ter em sua área uma floresta nativa em pleno centro urbano da cidade-sede da COP 30 e o lago Bolonha, que é usado para abastecer a rede de água de Belém. 28/02/2025. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

A produtora cultural carioca Marcele Oliveira, que detém o cargo de campeã climática da juventude da COP30 (conferência do clima da ONU), esteve em Belém nos últimos para acompanhar as obras do Parque da Cidade, sede da cúpula, e procurar locais para abrigar um evento voltado às novas gerações -projeto chamado de Cidade das Juventudes.

“A gente precisa, enquanto presidência jovem, organizar a participação de juventudes, não só brasileiras, mas globais. E, diante da dificuldade em relação a acomodação, a gente está procurando um lugar ou alguns lugares que possam abrigar uma programação de juventude, entre hospedagem e atividades específicas”, explicou em entrevista à Folha no Núcleo Curro Velho, espaço cultural no bairro do Telégrafo, que estava visitando como um desses possíveis locais.

Outra possibilidade seria o campus da Uepa (Universidade do Estado do Pará), nas proximidades, também visitado pela ativista climática.

“Todos os nossos esforços estão colocados para encontrar as melhores soluções para que uma conferência que está se dizendo de implementação, das pessoas e da vida seja também uma conferência das juventudes”, afirmou.

Marcele diz que ainda estão estudando como funcionará a Cidade das Juventudes. “A gente tem a ideia de fazer um processo, como uma chamada aberta, para que juventudes que queiram participar desse momento histórico, mas não necessariamente estejam com a sua credencial garantida, não deixem de vir, por não ter onde ficar”, reforçou.

Segundo ela, a iniciativa é “uma importante resposta à alta demanda que nós temos de participação da juventude”.

“Mas ainda estamos definindo onde, quantas pessoas, quais os critérios, como vai ser. A gente está trabalhando para que possa ser uma resposta de acolhimento, e não mais um distanciamento de quem realmente precisa participar, mesmo que não participe da negociação, mas do momento histórico, que é a COP no Brasil.”

Além da Cidade das Juventudes, Marcele diz que também está batalhando por pavilhões nas chamadas zonas azul e verde da COP30, onde acontecem, respectivamente, as negociações e os eventos da sociedade civil.

“Não há nada definido, mas estamos trabalhando firme para que espaços voltados para as demandas da juventude sejam garantidos, tanto para acomodação quanto para programação”, disse.

Visita ao Parque da Cidade

Em sua visita à montagem das estruturas da COP30, no Parque da Cidade, Marcele destacou a proximidade entre as zonas azul e verde.

“Isso não é comum nas conferências do clima. Elas foram feitas de forma integrada e são imensas. Vão abrigar ali uma criatividade, uma vontade de mudança muito grande, porque a COP não é só sobre negociação. É claro que a negociação é uma prioridade muito importante, mas o encontro entre culturas também é relevante demais”, afirmou a ativista, que participou das três últimas COPs: no Egito, nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão.

A ativista ressalta que o Parque da Cidade ficará como um legado para Belém. “Eu lutei por um parque verde no meu território [bairro do Realengo, no Rio de Janeiro]. O parque tem um impacto no pertencimento das pessoas, na economia, que se transforma, e na segurança, porque há mais gente circulando. E áreas verdes são uma importante resposta à crise climática.”

Torcida de Copa do Mundo

Sobre as críticas à escolha de Belém como sede da COP30, ela afirma que “chegou a hora de mudar a lente do mundo e mudar a lente do mundo começa por mudar a lente do Brasil”.

“Então é a vez do Norte. Por que não? Por que tinha que ser em outro lugar? Fazer megaevento é fácil onde? Nunca foi. A gente tem que acreditar que essa conferência vai dar certo porque precisamos que ela dê certo ou pessoas vão continuar morrendo.”

Marcele acredita que as pessoas têm que “torcer [pela COP] como em jogo de futebol”.
“Que essa conferência do clima seja como a Copa do Mundo, que tenha uma torcida, não só pelo Brasil, mas pelas melhores decisões climáticas. Essa é a prioridade número um”, afirma.

“A questão dos valores abusivos das acomodações vai se resolver. A zona verde vai ser uma zona viva, com muita gente passando. A zona azul vai ter uma responsabilidade imensa de tomar decisões nas instâncias de negociação, mas todo mundo que não vai estar em Belém vai também ter a responsabilidade de estar na torcida”, destaca.