Pryscila Soares
Em 2022, Belém figurou na segunda posição do ranking das capitais da região Norte do Brasil que lista as menores taxas de cobertura vacinal infantil. Os dados são do Datasus, sistema de dados do Ministério da Saúde. De acordo com o levantamento, apenas 51% dos bebês e crianças estavam imunizados na capital até ano passado, perdendo somente para Macapá que possui 45% de cobertura vacinal infantil. Visando melhorar os índices, a Organização das Nações Unidas (ONU), através da iniciativa global Verificado, promoverá em Belém a campanha “Bora Lá Vacinar” na próxima terça-feira (25).
A ação consiste na formação de 50 presidentes de rua, voluntárias ligadas ao movimento G10 Favelas, no bairro do Jurunas. A capacitação vai ocorrer em dois turnos, das 9h às 18h30, na sede da Fênix Coletivo de Mulheres Jurunenses, situada na Avenida Bernardo Sayão, e será conduzida pela biomédica e doutora Jaqueline Goes, que decodificou o genoma do SARS-Cov-2, causador da pandemia da Covid-19. Pesquisadora negra e defensora da ciência, Jaqueline ganhou reconhecimento internacional.
A capacitação visa formar um grupo de comunicadoras de campanha preparadas para conversar com a comunidade sobre a importância da vacinação e o quanto ela é segura é fundamental para a saúde das crianças. A campanha é uma realização do projeto Verificado, iniciativa da ONU no Brasil, em colaboração com Coletivo Fênix de Mulheres Jurunenses, G10 Favelas, ONG Ocas e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
ATIVIDADES
Após a capacitação, a campanha deve se estender por 10 dias, período em que as presidentes de rua farão visitas às casas das famílias do bairro para falar sobre a importância da vacinação, explicar sobre as reações e quais são as vacinas disponíveis.
A meta é alcançar pelo menos mil famílias e engajar mães, pais e outros responsáveis a procurarem os serviços de saúde para vacinar os filhos, conforme explica Ana Cláudia Conceição, presidente do Fênix – Coletivo de Mulheres Jurunenses e líder comunitária.
“O objetivo é capacitar as presidentes de rua para que elas realizem a pesquisa junto à população do bairro para verificar como está a situação da cobertura vacinal. O alvo são famílias que preferencialmente tem crianças na faixa etária de 0 a 4 anos. Serão entrevistadas mil famílias do bairro nesse período. Foram mapeados alguns locais e vamos de porta em porta. Depois de concluir a etapa da pesquisa ela será validada por outra equipe da ONU”, pontua.
A líder comunitária está participando de todo o processo da campanha. “Pelas conversas de grupos, sabemos que muitas pessoas deixaram de vacinar os filhos por vários motivos: políticos, medo da reação das vacinas e outras por falta de informação mesmo. A nossa expectativa é que sejamos bem recebidas nas casas. Vai ter bike som rodando o bairro para avisar sobre a campanha para que a gente não chegue de surpresa nas casas. O objetivo é conseguir fazer essa pesquisa e, quando ela for validada, trazer algo para solucionar o problema”, declara.