São 43 anos de um compromisso com a qualidade da apuração, com a notícia cada vez mais em tempo real, e principalmente, em garantir que o leitor tenha acesso às informações onde, da forma e a hora que quiser. Presidente do Grupo RBA há três anos, e outros muitos anos integrante da diretoria da empresa, Camilo Centeno admite que não dá para projetar nem mesmo o que pode acontecer nos próximos dez anos em relação ao jornal. Afinal, a tecnologia atropela todas as áreas com uma rapidez mordaz – é isso não é diferente no Jornalismo. Mas garante que o público do DIÁRIO seguirá tendo acesso à informação de qualidade nos formatos que quiser.
“Sem dúvida, é nosso maior desafio. Em termos de conteúdo e qualidade, o próprio público nos colocou na liderança enquanto veículo de comunicação desde o início da década. Agora é acompanhá-lo para onde ele quiser ir”, avalia.
Faltando poucos meses da cobertura de uma COP histórica, a edição 30, com sede em Belém, Centeno destaca o empenho do DIÁRIO em atuar para que os leitores estejam cada vez mais por dentro das discussões que serão decisivas para a qualidade de vida no planeta. “Belém vira o cenário do mundo inteiro nesses 15 dias de Conferência. Valorizamos isso e estamos nos preparando para que seja uma cobertura à altura da importância do evento”, garante.
Confira a entrevista na íntegra:
Pergunta – O Diário do Pará está fazendo 43 anos de história, e de lá para cá é um veículo que a gente pode ver que se integrou, que incorporou todas as mudanças e não negou nenhuma. Como você vê hoje o uso da Inteligência Artificial, dentro do próprio jornalismo?
Camilo Centeno: A IA, na minha visão, é uma grande revolução. O impacto que ela vai ter na vida das pessoas é o mesmo que lá atrás sentimos quando a internet entrou na vida da gente. Hoje em dia, ninguém vive sem internet, onde for. A mesma coisa vejo acontecer em relação à Inteligência Artificial. Acho que veio para ficar, é uma outra revolução, uma nova era que estamos vivendo: tivemos a Revolução Industrial, depois a internet, agora a Inteligência Artificial. As três mexeram com a vida de todo mundo, a IA já está mostrando isso, já está mudando a forma como vivemos hoje em dia. Porque tem uma série de vantagens, aplicações, benefícios que vai agregar, não só ao Jornalismo, mas a todas as profissões. Seja o profissional que for, ele inevitavelmente vai ter que conviver com essa ferramenta. Não há como você continuar fazendo jornalismo sem utilizar, conviver com alguma ferramenta de IA. Estão cada vez mais aprimoradas, precisas, cuidando de tarefas de repetição que antes demandavam muito tempo. A IA agora faz esse trabalho e o ser humano avalia, faz a análise crítica e por fim seleciona de que forma melhor usar aqueles resultados. O Jornalismo precisa de fontes de consulta, analisar cenários, fazer análises técnicas que são demoradas, que exigem uma equipe de trabalho – vem a IA e facilita tudo isso. Tanto que o DIÁRIO já incorporou essa ferramenta ao seu dia a dia há algum tempo, e vem sendo incorporada gradativamente ao dia a dia. Para nós, é uma uma revolução que vem para somar, agregar.
P: O DIÁRIO tem uma equipe muito unida. Nesse cenário em que você destaca a importância do profissional utilizando a IA a seu favor, eles são ainda mais importantes?
R: uma das características, eu diria até, do Grupo RBA, é a longevidade dos profissionais que aqui trabalham. Sim, eles ficam muito tempo aqui, e isso gera um sentimento de amizade e de família. Então esse sentimento vai se incorporando a partir do momento que você passa anos convendo com as pessoas naquele ambiente da empresa. Então isso acaba agregando ao nosso dia. Essa família que nós formamos aqui é fundamental para tudo isso que a gente está vendo. O DIÁRIO DO PARÁ, desde que assumiu a liderança de vendas, lá no início da década, vem mantendo essa liderança e ampliando cada vez mais, se transformando em um dos maiores jornais do Norte e Nordeste do Brasil. E isso se dá graças a essa equipe. A integração entre os membros da equipe ao trabalho que é feito em conjunto e que vem dando, excelentes resultados. E estamos nesse caminho para o mundo digital com muita confiança de que também vai dar certo. Já crescemos muito, temos o DOL, o maior portal de notícias da região Norte, e o site do DIÁRIO, focado em notícias do próprio jornal, que já vem em um crescimento acelerado. Em breve também vai estar disputando a liderança.
P: Como o jornal está se adequando à realidade do público, cada vez mais exigente e que quer tudo para ontem?
R: Em relação à qualidade da notícia, à apuração, compromisso com a notícia de qualidade, a coragem de notícias e não se intimidar com as agressões, ameaças, isso já está incorporado ao nosso dia a dia. O que temos feito agora para atender o nosso público é trabalhar a distribuição dessas notícias. Agora é acompanhar a mudança de comportamento desse leitor, indo para outros meios, que não só o do papel. A ideia é ir para onde os nossos leitores quiserem que a gente vá. Quer plataforma digital? Vão ter. Querem impresso? Terão. O DIÁRIO mantém o seu site aberto, sem paywall, para que as pessoas leiam sem impedimento – um dos poucos que ainda fazem isso. Nosso foco é garantir o acesso à informação. Isso foi uma decisão nossa, que é avaliada permanentemente, sempre com base no hábito dos leitores, que quiseram também ter esse acesso.
P: O jornal está a poucos dias de fazer uma grandes coberturas da sua história, que é a COP30, a de Belém depois de cobrir as três anteriores em outros países. O que voce pode adiantar para o leitor, que tem expectativa sobre essa sobre esse conteúdo?
R: O DIÁRIO está em preparação para esse trabalho há mais de um ano com uma cobertura intensa de tudo o que diz respeito à Conferência. E antes tivemos repórteres in loco cobrindo as edições anteriores, mostrando as discussões dos líderes mundiais com a questão climática. Sendo a COP30 em Belém, foi encerrar a 29 para a gente já dar início à preparação para a desse ano. Então já estamos fazendo, pautando assuntos sobre clima, sustentabilidade, sobre economia, esses temas hoje que são muito importantes, que impactam a vida das pessoas, mostrando o tanto que esses assuntos fazem parte da nossa vida, da nossa rotina – isso ainda era algo distante para a maioria, e nos empenhamos em trazer o leitor para essas temáticas, aproximar. Para que ele possa fazer uma análise crítica do que ocorre no planeta. Precisamos discutir que planeta queremos deixar para as próximas gerações antes da chegada ao ponto do não-retorno. Temos tentado trazer, ao máximo, em uma linguagem mais simples, mais fácil.
P: O jornal está fazendo 43 anos em 2025, será que dá pra gente falar de futuro, imaginar os próximos 43? Ainda mais quando a gente está falando de um formato, o impresso, que pode até ser considerado como de resistência, na comparação com outros grandes jornais?
R: A revolução da IA não nos permite projetar o que vai acontecer daqui a 40 anos, acho que nem daqui a dez anos. Porque é muito tudo rápido, né? Não só no nosso cenário do jornal, mas no mundo inteiro. E isso é uma coisa que assusta um pouco o ser humano, que naturalmente está sempre preocupado com aquilo que virá. Mas não dá mais hoje para traçar um cenário. Por isso que reforço que aqui o nosso foco é acompanhar o leitor. Muita gente ainda hoje mantém o hábito de ler o jornal no papel, ali na hora do café. Folhear sem estar perto de um dispositivo eletrônico. E esse hábito a gente segue respeitando. Diria que alguns jornais se precipitaram, erraram em decretar o fim do impresso – porque tem mercado, tem pessoas que lêem, que buscam. Impresso é um documento e de muito valor. Em paralelo tem quem só tem o hábito de ler online, e essas pessoas nós também vamos respeitar. O que não vai mudar, o que com certeza segue, é nosso compromisso com a notícia, com a cobertura, foco em nossa região, sem esquecer o país e o mundo, independente do formato. Nosso investimento é em distribuição, garantir que o leitor acesse a informação da forma que preferir.
P: Então nessa perspectiva, o site do DIÁRIO só vai crescer…
R: É o site que mais tem crescido nos últimos meses. Hoje ele já subiu para terceiro lugar geral entre os sites de notícia do estado do Pará. Nossa previsão é de que isso se acelere, quem sabe disputando até com o próprio DOL.
P: Você está no grupo RBA há muitos anos e há três como presidente. Qual é o maior desafio de dirigir um jornal tão diverso, que vai do aumento do preço do gás ao esporte, ao automóvel que foi lançado, ao jogo? Como contemplar tantos públicos?
R: O maior desafio é manter, né?, essa equipe de qualidade que a gente tem. Ninguém faz nada sozinho. Ninguém atinge o céu sozinho. Então, na verdade, todo esse sucesso que o jornal tem, a existência dele, tudo, tudo se deve ao trabalho de equipe. De uma equipe extremamente comprometida. O desafio é manter isso, é não deixar com que as ameaças que vêm de fora atinjam nossos colaboradores. Garantir que todos possam exercer, ou dando eles a condição para que eles possam exercer, as suas atividades com tranquilidade, com confiança, com segurança.