Luiza Mello
Confirmada para sediar a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP30, Belém começa a ser preparada para receber o maior evento sobre mudanças climáticas do mundo. São pouco mais de 940 dias para preparar toda a estrutura logística e reforçar junto à população a ideia de transformar Belém em vitrine para o mundo e porta de entrada para a Amazônia.
Representantes do Governo do Pará, da Prefeitura de Belém e do governo federal farão uma nova rodada de reuniões na próxima semana, intermediada pela Casa Civil da Presidência da República. O objetivo é alinhar a parceria entre as esferas de governo, visando a melhoria e o desenvolvimento da capital paraense em diversas áreas para sediar o evento, que acontece em 2025.
O governo federal já havia feito provisão de recursos para investir nessas melhorias, que incluem o Aeroporto Internacional de Belém, vias públicas, transporte urbano, melhoria da rede hoteleira e obras de saneamento básico.
Um Grupo de Trabalho foi criado desde a inscrição oficial da capital paraense. Esse grupo, que inclui as três esferas de governo – municipal, estadual e federal – já elencou as primeiras intervenções que serão realizadas na capital: serão criados os chamados “corredores verdes urbanos”, nas principais vias de acesso da cidade e contribuem para melhorar o fluxo do trânsito na região central da cidade.
A Avenida Júlio César será o principal embrião e será totalmente remodelada. A partir desta avenida, os corredores periféricos como a Bernardo Sayão, sofrerão intervenções para garantir a fluidez do trânsito.
INTERVENÇÕES A CAMINHO
O governador Helder Barbalho destacou a necessidade de fazer investimentos na estrutura logística da capital e o ministro das Cidades, Jader Filho, confirmou que o Ministério das Cidades e o Governo Federal estão preparados para ajudar Belém a organizar o evento, com intervenções que serão o legado para a população, como a modernização de vias de transporte, melhorias físicas nos edifícios e casarões no centro de Belém, saneamento urbano, entre outras ações.
Helder Barbalho informou que fazem parte do pacote de intervenções o planejamento da logística hoteleira, aeroportuária e de serviços para receber a COP. Na hotelaria, para criar o número de leitos necessários, o governador confirmou que serão priorizadas três frentes principais. Uma delas passa pela renovação (retrofit) da rede existente e também de imóveis particulares que poderiam ser ofertados por meio de plataformas como Airbnb.
O retrofit é uma técnica de revitalização de construções antigas que tem como objetivo modernizar o espaço, corrigir problemas de infraestrutura e torná-lo mais seguro sem retirar seus elementos originais históricos e arquitetônicos. Para o retrofit de hotéis, o governador defende que haja oferta de financiamento do BNDES. Além disso, segundo ele, o governo já iniciou conversas com bandeiras de redes hoteleiras para tentar ampliar o número de empreendimentos em Belém.
A qualificação turística com a melhoria na rede hoteleira, que, atualmente, possui mais de 14 mil leitos também faz parte do pacote de medidas que serão tomadas para abrigar os participantes da COP30.
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A intenção, segundo o governador, é expandir temporariamente a capacidade da cidade, aproveitando a infraestrutura fluvial com a adequação no transporte aquaviário. “Estamos dialogando com barcos locais, da nossa cultura de navegação, mas também com operadores nacionais e internacionais de cruzeiros,” revelou Helder em uma recente entrevista ao site econômico digital “Reset”.
O governador do Pará também destacou investimentos no tratamento de esgoto, destino dos resíduos sólidos e macrodrenagem do Igarapé São Joaquim. E apontou, ainda, os pontos turísticos da cidade, como a Estação das Docas e o Parque do Utinga.
A vice-governadora, Hana Ghassan, é a responsável, por parte do Governo do Estado, na interação com o Grupo de Trabalho. Na parte do governo federal, quem vai coordenar os trabalhos no grupo é a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior. Pela Prefeitura de Belém o responsável é Luiz Araújo.
Na primeira reunião do GT, com as três esferas de governo, ficou acertado que, além da rede hoteleira, o saneamento na capital, obras de infraestrutura e mobilidade, reforma geral do Ver-o-Peso (que já tem projeto pronto feito pela Prefeitura de Belém no valor de R$ 60 milhões) e a requalificação do Mercado de São Brás serão pontos prioritários.
“O projeto de revitalização do Mercado de São Brás, que está com a obra iniciada, será um grande e moderno centro turístico”, destacou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.
“Temos o Ver-o-Peso, tem a via do comércio tradicional de Belém. É importante organizarmos juntos uma reunião com a rede empresarial para ver a demanda. Por isso, a união das três esferas de governo é fundamental”, enfatizou o gestor municipal.
A Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima tem a previsão de durar até duas semanas. Além de lideranças mundiais e do próprio Rei Charles III, da Inglaterra, presidentes de nações importantes, como os Estados Unidos, a França, Alemanha, Noruega, entre outros, já manifestaram interesse em estar presentes na COP30, em Belém.
Serão milhares de participantes, entre empresários, políticos, ativistas e acadêmicos, entre outros visitantes interessados no tema. O país sede dos encontros da Organização das Nações Unidas é responsável por todo o preparo logístico do evento.
A ONU é uma aliança de estados e conta, atualmente, com 193 membros de todas as regiões do mundo. As Nações Unidas são uma organização global cujas tarefas são assegurar a paz e proteger os direitos humanos e internacionais. Para se ter uma ideia da importância da Conferência do Clima, todos os estados membros juntos cobrem uma área de 133,81 milhões km² e 7,88 bilhões de pessoas.
