Ana Laura Costa
Em manifestação contra o corte de 5% da arrecadação do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para custear a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), trabalhadores e empresários do comércio, assim como diretores e presidentes de sindicatos associados, fizeram um protesto nesta terça-feira (16), na avenida Visconde de Souza Franco, em Belém.
O ato faz parte da mobilização nacional, chamada pelos organizadores como “Dia S”, que objetiva conscientizar a sociedade sobre o impacto do corte, principalmente, na promoção de serviços de saúde, bem-estar, cultura, educação e qualificação profissional aos trabalhadores do comércio. Além disso, a manifestação busca pressionar os senadores contra o trecho da MP (Medida Provisória) 1147/2022, que institui o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), em que é previsto o corte de verbas.
No final de abril, o corte foi aprovado na Câmara dos Deputados, por meio dos artigos 11 e 12, incluídos no Projeto de Lei de Conversão (PLV 9/2023) e pode ir à votação no Senado Federal nesta quarta-feira (17). O presidente da Fecomercio/ Sesc, Sebastião Campos, esteve presente no ato e alega que, com a retirada de recursos, várias unidades no Estado correm o risco de fechar as portas.
“Todos somos afetados por esse corte, restaurantes, escolas, programas educacionais e de saúde, assim como os que geram emprego, correm riscos. E os maiores prejudicados são os trabalhadores, os comerciários que dependem desses serviços para terem acesso à saúde, qualificação profissional, educação, lazer e cultura”, afirma.
Campos diz ainda que, os dois artigos usados para a retirada dos recursos, não podem ser justificados já que a verba não é pública. “Em números, são mais de R$ 400 milhões que serão retirados de inúmeros projetos em construções no Brasil inteiro. Além do mais, esses recursos não são públicos, são os empresários do segmento comercial por meio da previdência social que destinam essa verba. Ou seja, não pode cortar assim, os recursos precisam ser usados a favor do comerciário”, conclui.
O Programa de Comprometimento e Gratuidade (PCG) do Sesc, que oferece diversas atividades gratuitas nas áreas de educação, cultura, lazer, assistência e saúde para pessoas com renda bruta familiar de até três salários mínimos nacionais, é um dos programas que corre risco de desandar se aprovado o corte de 5%. A atriz e professora Judite Torres, 54 anos, participou da manifestação por ser uma das centenas de pessoas assistidas pelo PCG que não desejam ver o programa acabar.
“O Sesc desde criança faz parte da minha vida. Então, por meio do Sesc, tive acesso a espaços de cultura e lazer, além de ter me formado em vários cursos por aqui. Por isso digo que esse corte não pode ser aprovado, porque isso nos afeta diretamente, afeta a nossa qualidade de vida, afeta a possibilidade de se ter uma oportunidade”, relata.
Já no Programa de Aprendizagem Profissional do Senac, os jovens estudantes Ana Carolina Bouillet, 16 e Robert Sérgio Borges, 18, tiveram a oportunidade de amadurecer profissionalmente e ajudar financeiramente suas famílias. “Por meio do Jovem Aprendiz consegui me inserir no mercado de trabalho e conquistar aos poucos minha independência financeira, por isso estou aqui hoje, é importante participar desse movimento”, destaca Robert.