Wesley Costa
Segundo o Ministério da Saúde, em 2023 o Brasil registrou um aumento de 15,8% nos casos de dengue. Ao todo, foram 1.601.848 notificações positivas contra 1.382.665 em 2022. O número de mortes passou de 999 em 2022 para 1.053 no ano passado. No Pará, 4.084 casos foram confirmados até o dia 6 de novembro. Na época, os municípios com a maior incidência eram Parauapebas, Belém, Altamira e Afuá.
De acordo com o chefe da Divisão de Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Alberto Rodrigues, a capital paraense teve no ano passado 402 casos de dengue confirmados. Fazendo um comparativo com o ano de 2022, quando 245 pessoas foram infectadas, a cidade registrou um aumento de 64,08% no número de casos positivos para a doença.
O representante da Sesma falou ainda sobre o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, destacando as condições de seu desenvolvimento, etapas de vida e características que ajudam a identificá-lo. Alberto descartou que apenas a fêmea do mosquito transmite a dengue e outras doenças como chikungunya e zika. De hábitos diurnos, os mosquitos se adaptam facilmente aos ambientes.
“Os horários de ‘ataques’, que costumam ser no início da manhã e ao final da tarde, também são estratégias do inseto. O mosquito Aedes tem uma certa preferência por se alimentar de sangue humano porque precisa da proteína para conseguir amadurecer os seus ovos. Geralmente, as picadas ocorrem nas partes inferiores do corpo como as pernas, mas os braços também são alvos desses pequenos animais”, disse.
A vendedora Ivanete Gonçalves, 34, diz estar sempre atenta aos cuidados para evitar a proliferação de mosquitos dentro de casa. “Teve um amigo que mora comigo que pegou dengue há uns anos. Ficamos bem preocupados e, em casa, fico de olho em tudo porque basta um pouquinho de água para virar criadouro. O ruim é que a gente não tem controle sobre os demais nessa prevenção. Mas todo mundo fazendo tudo direitinho ficamos seguros”, entende.
A necessidade de água para o amadurecimento dos ovos também foi comentada pelo chefe da divisão. “É esse contato que fará o ovo começar a sua jornada de metamorfose. Após eclodirem, temos as larvas que já podem ser vistas se movimentando. Com o passar dos dias, elas (larvas) vão se alimentando dos nutrientes contidos nessa água parada até passar para a sua fase aérea. Por isso, é importante que durante a limpeza se lave as paredes de depósitos para remover os ovos que ainda podem sobreviver vários dias sem água”, orienta.
Ainda de acordo com Alberto Rodrigues, cada fêmea do mosquito Aedes pode colocar até 200 ovos em diferentes recipientes. “Normalmente, o Aedes aegypti vive em torno de 30 dias. São raros os casos que chegam a 45 dias, mas durante esse curto tempo eles conseguem se reproduzir rapidamente e em grande escala. Se não houver os cuidados necessários, temos milhares de novos mosquitos todos os dias”, contou.
O taxista Wellington Pinheiro, 53, já sentiu na pele os efeitos da dengue. “Era febre alta e muita dor no corpo. Mesmo com todos os cuidados há riscos, né? Em casa, por exemplo, cimentamos todo o quintal e não temos plantas até para evitar qualquer tipo de sujeira ou água parada em vasos. Agora o cuidado maior também deve ser com o lixo. Não tem como não se preocupar”.
Algumas características podem ajudar a população a identificar um mosquito da dengue. “Por ele ter uma cor escura, conseguimos visualizar algumas manchas brancas no corpo e, principalmente, nas patas do mosquito. Quando uma pessoa visualizar essas pintas, já deve ficar alerta que pode se tratar de um Aedes aegypti. Dependendo dessa percepção de grande número de mosquitos, pode estar acionando pelo Disque Endemias, no número 3251-4218. O contato funciona em horário comercial, de segunda a sexta-feira”, reforçou.