SITUAÇÃO CRÍTICA

Ausência de coleta de lixo incomoda moradores de Ananindeua

Mau cheiro, insetos e riscos à saúde da população. Entenda os problemas causados pela falta de coleta regular.

Dejetos se acumulam na Cidade Nova 6. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Dejetos se acumulam na Cidade Nova 6. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

O lixo que se acumula há dias em diversos pontos de Ananindeua está causando transtornos para os moradores, que convivem com o mau cheiro e a proliferação de insetos. A situação, que já é recorrente, piorou nas últimas semanas com a ausência da coleta regular, agravando os impactos na saúde e na qualidade de vida da população.

Na manhã desta quinta-feira (26), o DIÁRIO flagrou diversos pontos dos bairros do município, como na avenida Independência com a travessa Manaus, no Maguari, assim como no canteiro da tv. SN 21 entre We 91 e 90, no Coqueiro, além de pontos na Estrada da Providência, próximo a BR-316, os quais o acúmulo de resíduos é um problema crônico.

Já a cozinheira Fátima Lopes Azevedo, de 58 anos, vive a poucos metros de um depósito improvisado de lixo na WE 35 com a travessa SN 19, na Cidade Nova 5. O problema que já foi apurado pelo DIÁRIO em junho deste ano, permanece. Segundo ela, o caminhão da coleta costumava passar durante a semana, mas o serviço foi interrompido há alguns dias. Além do lixo doméstico comum, e descarte de galhos, o cenário é de uma casa desfeita: cama, sofá, caixa de ventilador e até vaso sanitário.

Na SN 19 até vaso sanitário se acumula na rua. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

“É muito difícil para a gente aqui, porque o mau cheiro invade tudo. Jogam restos de comida, sacos orgânicos e até bichos mortos. Moro só com minha filha, e já fui ameaçada por reclamar. Tenho medo, porque não há segurança nenhuma”, desabafou.

Ela, que passou o Natal em casa, teve a comemoração de portas fechadas para que o odor de lixo não invadisse a residência. “Fechamos, porque ou a gente trancava tudo ou comia sentindo esse cheiro horrível”, pontua.

Na We 78 com a travessa de mesmo número, no Conjunto Cidade Nova VI, um dos pontos mais críticos, o autônomo José Maria Rocha, de 62 anos, sofre com os impactos do acúmulo de lixo. Morador do perímetro há 40 anos, ele relata que o problema é antigo e só recebe atenção quando a comunidade se mobiliza.

“O caminhão só vem quando tem muita pressão, mas mesmo assim demora. Lá em casa já tem mais de duas semanas que o lixo doméstico não é recolhido. E não é só lixo de casa, tem madeira, restos de frutas e até entulho de obras aqui”, afirma.

Com diabetes e histórico de outros problemas de saúde, José Maria destaca o incômodo da situação. “O mau cheiro é insuportável, principalmente para quem, como eu, tem saúde debilitada, me causa enjoo quando vou almoçar, e minha neta, de 7 anos, fica exposta a isso. É revoltante, porque ninguém faz nada”, frisa.

Na travessa SN 22 entre WE 85 e WE 86, em frente ao Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), Cidade Nova, o sapateiro Carlos Amaral, 68, acompanha o problema de frente desde que começou a trabalhar na área, há cinco meses. “O lixo nunca foi retirado desde que comecei a trabalhar aqui. A situação piorou muito depois de outubro. É lixo por todo lado, ocupando a calçada”, contou.

A reportagem solicitou um posicionamento da Prefeitura de Ananindeua sobre a situação, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.