Grande Belém

Atraso em obra de mercado causa prejuízo a feirantes

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Even Oliveira

A revitalização do Mercado Municipal da Terra Firme, orçada em R$ 3.119.683,35, como referenciado na placa da obra, tinha entrega prometida para setembro de 2023. De acordo com permissionários do local, passados 8 meses após o prazo original de entrega, a conclusão parece distante.

Conforme informações publicadas em julho de 2023, em um dos canais de comunicação da Prefeitura de Belém, são cerca de 102 permissionários e 184 auxiliares realocados para uma feira provisória, que fica em frente ao mercado, ocupando parte da avenida Celso Malcher. Enfrentando condições precárias, os permissionários relatam o descaso, a falta de prazos concretos e as péssimas condições de trabalho.

Roselita Melo, de 54 anos, auxiliadora no hortifruti da mãe – que é permissionária há 40 anos do mercado, compartilha a situação que muitos feirantes estão enfrentando, como as dificuldades financeiras devido à interrupção das obras e à precariedade das condições de trabalho na feira.

“A nossa realidade é a pior possível. Não temos a mínima condição de combate à insalubridade nesse espaço provisório. E a gestão não se comunica com o feirante. O respeito para com o trabalhador não tem. Logo, estamos tentando resolver com a força do nosso braço; procuramos o Ministério Público e estamos esperando uma resposta para que possamos sair daqui”, conta.

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Segundo Roselita, como resultado da realocação, as condições e fluxo de vendas mudaram e muitos colegas precisaram dispensar os auxiliares, assim como outros tiveram que abandonar o mercado e buscar outras formas de sustento, deixando de ser donos do próprio empreendimento para trabalhar para terceiros.

Reginaldo Ferreira, 52, peixeiro há 35 anos no mercado, destaca a falta de planejamento por parte das autoridades e a inadequação da obra. “Primeiramente, pelo valor que foi estipulado para fazer essa obra, era preferível ter derrubado esse mercado e feito outro”, opina.

Em relação às condições do box provisório de Reginaldo, assim como de outros permissionários, o mesmo foi entregue sem as devidas adequações e necessidades para quem trabalha diretamente com alimentos, segundo ele.

“Aqui é uma via pública, as pessoas estão passando toda hora, e a nossa mercadoria fica do lado de fora. Já aconteceu até de roubarem alguns boxes. Outro fator é que os boxes foram entregues sem piso, com assoalho caindo, e alguns trabalhadores precisaram providenciar um piso decente”, detalha.

Sem fim

Orivaldo Queiroz, 46, que trabalha como vendedor de camarão há 17 anos na região, compartilha das mesmas preocupações. Ele lamenta a falta de diálogo entre os responsáveis pela obra e os feirantes.

“Tem dias que os funcionários vêm, fazem uma coisinha e em outro momento quebram o que já foi feito. Parece que não tem fim. E, então, o que nos resta é lidar com esse espaço improvisado, pequeno e sujeito a alagamentos. Porque se chove, acaba a venda, não tem venda para ninguém no meio do rio que fica. Todo mundo fica prejudicado, já que é comprado mercadoria, ela estraga e a gente perde”, pondera.

Como consumidora assídua do mercado, a autônoma Rose Monteiro, 50, reclama da sujeira encontrada na via e o forte odor do acúmulo de lixo. “Se você vir de sandália, você pode pegar até uma doença no pé, principalmente quando chove, porque isso tudo alaga. Já virou um descaso para tanto com os trabalhadores quanto a população, que estão esperando todo esse tempo por uma coisa melhor”, diz.

Secon

Procurada pelo DIÁRIO, a Secretaria de Municipal de Economia de Belém (Secon) foi questionada sobre a situação da reforma do mercado, porém não enviou resposta até o momento.