Um dos principais símbolos natalinos, a árvore de Natal simboliza a prosperidade e a vida, através da celebração da natureza. Sua história está ligada à cultura e práticas pagãs europeias da Idade Média. Incorporada pelo cristianismo, o artigo não é um símbolo litúrgico, mas foi ressignificado conforme a crença cristã. Ao longo dos anos, decorá-la com bolas coloridas e pisca-piscas tornou-se um fenômeno no mundo inteiro, seguido por famílias das mais diversas religiões.
A origem das árvores de Natal remonta à Antiguidade (4000 a.C. até 476 d.C.), antes mesmo do nascimento do cristianismo, ligada à ideia de prosperidade. Nesta época, vários povos de diversas culturas tinham o costume de cultuar árvores ou viam esses vegetais através de algum significado religioso. À medida que o cristianismo se expandia pela Europa, as tradições pagãs foram apagadas ou incorporadas às tradições católicas, sendo esta última situação o que ocorreu com as árvores.
Foi no século VIII, que São Bonifácio, um bispo saxão, ao evangelizar uma região da Europa, incluiu o hábito de culturas árvores nas práticas cristãs natalinas. Sendo assim, na véspera da celebração do Natal, ele deu origem à exposição e adoração de uma árvore, o pinheiro, em espaços públicos europeus, simbolizando a vida. Alguns historiadores acreditam que foi Martinho Lutero, principal líder da Reforma Protestante, que iniciou a tradição de levar a árvore para dentro de casa e a enfeitar com tocos de velas.
A narrativa conta que Lutero, ao caminhar por um bosque, observa a noite estrelada por entre as árvores e, assim, tenta reproduzir a visão em casa. “Antes da industrialização, nós colhíamos uma árvore todo ano para servir como árvore de Natal, podendo ser um pequeno arbusto ou pinheirinho. A partir de Lutero essa tradição vai se expandir. No cristianismo, o pinheiro passa a ter outro significado porque acreditava-se que o formato triangular remete a Trindade Santa: Pai, Filho e Espírito Santo”, explica o historiador e cientista da religião, Márcio Neco.
Através do símbolo natalino foi possível registrar a passagem do tempo e o avanço de algumas tecnologias, a principal delas a fabricação de árvores de plástico para adornar as casas. Mas o progresso também está impresso nos artigos de decoração, que mudaram muito ao longo do tempo. “Antigamente, era comum enfeitarem as árvores com o que tinha na época, como sombrinhas, bengalas, duendes e toquinhos de velas.
SÍMBOLOS
De acordo com o cientista da religião, os enfeites pendurados nas árvores carregam diversos significados cristãos.
Apesar disso, muitas famílias ainda conservam tradições antigas, fazendo da montagem da árvore de Natal uma espécie de pequeno ritual, criando, assim, uma tradição familiar. Dentre os principais costumes está pendurar fotos de entes queridos, vivos ou mortos, para que estejam presentes durante a celebração natalina anual.
QUANDO MONTAR?
A tradição cristã determina a montagem das árvores no primeiro domingo do Advento, data que marca o início do novo ano litúrgico e a preparação da Igreja Católica para o Natal. A data é móvel e neste ano é celebrada no dia 1º de dezembro. Além deste dia, há outro repleto de significado e importância: dia 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, um bispo cristão que viveu entre os séculos III e IV depois de Cristo e inspirou a criação da figura do Papai Noel. Em contrapartida, a data correta de desarmar as árvores seria no dia 6 de janeiro, em comemoração ao Dia de Reis.
“Crescemos com a tradição da árvore ser um pinheiro, uma espécie tradicional da flora europeia. Mas, hoje, nós podemos adaptar a árvore de Natal para que tenha um modelo mais próximo da nossa realidade, um modelo amazônico. Em muitos lugares pela cidade é comum que os moradores enfeitem coqueiro ou açaizeiros com símbolos de Natal. Percebemos, também, modelos de árvore de Natal de todos os tipos, como rosa e branca, produtos da industrialização dessa tradição”, relata Márcio Neco.
NO BRASIL
As árvores de Natal chegaram ao solo brasileiro pelos colonizadores portugueses durante a “descoberta” do país, no ano de 1.500. Segundo o historiador Márcio Neco, o artigo teve muita aceitação dos indígenas que aqui viviam porque essas populações também tinham as árvores como elementos sagrados.
Atualmente, muitas outras religiões não católicas utilizam os pinheiros como decoração natalina, como cristãos protestantes, alguns cristãos pentecostais, espíritas e adeptos de religiões de matriz africana, como Umbanda, Candomblé e Tambor de Mina, na região amazônica. A exceção fica por conta das testemunhas de Jeová, que não trabalham com simbologias em suas crenças.