Na lateral do muro onde seriam erguidas as arquibancadas do Estádio Municipal de Ananindeua, o que se vê é um cenário de lixo doméstico e entulho formando pilhas ao longo da Rua Cajuí, no bairro Maguari. Enquanto as obras do estádio estão paralisadas há mais de um ano, o local se transformou em um ponto de descarte irregular de resíduos. Conforme os moradores, o problema se agrava com a irregularidade na coleta de lixo, que deveria ocorrer duas vezes por semana, mas, segundo eles, nem sempre acontece.
Na extensão da via, o lixo acumulado é variado e inclui desde sacos plásticos cheios de resíduos domésticos, restos de comida e embalagens descartáveis, até itens maiores, como pneus usados, móveis velhos e pedaços de galhos de árvores. Entre os detritos, também podem ser encontrados eletrodomésticos quebrados e garrafas de vidro, pneus usados e sacos de cimento vazios. O acúmulo atrai insetos, como moscas, e roedores, além de emanar um forte odor de decomposição, agravado pela presença de materiais orgânicos.
Francisco Carmo, de 63 anos, que reside há 32 anos no bairro, lamenta a falta de comprometimento com a limpeza urbana. “Tem dia que o caminhão de lixo nem passa. E quando passa, já está tudo acumulado de novo. Esse lixo atrapalha muito, até a nossa saúde, por conta do cheiro e das pragas que trazem doenças”, desabafa. Ele também lembra que já houve tentativas dos próprios moradores de bloquear o acesso de veículos ao local, na esperança de chamar a atenção das autoridades, mas sem sucesso.
A dona de casa Selma Costa, 52, e moradora da região há anos, também lamenta a situação. “Esse lixo já está aqui há muito tempo. A coleta de lixo deveria passar às terças e sábados, mas muitas vezes nem aparece. A gente paga imposto, mas não vê o serviço sendo feito”. Ela também comenta o desconforto constante causado pelo cheiro forte e pelos insetos que tomam conta do local. “Me sinto mal”, expressa.
A estudante Priscila Santos, 30, mora nas proximidades e sente os mesmos impactos. “O cheiro é horrível, e a quantidade de lixo só aumenta. É muito descaso. A gente passa por aqui todos os dias e o cenário é esse”, afirma.
ESTÁDIO
Além da questão do lixo, a obra do Estádio Municipal, iniciada em 2008 e que deveria ter sido finalizada em fevereiro de 2023, está paralisada, deixando a estrutura incompleta e sem manutenção. O projeto teve investimento de R$13 milhões de um convênio do Governo do Pará e da Prefeitura de Ananindeua. A execução da obra é de responsabilidade da Prefeitura, a qual recebeu os recursos do estado através de convênio. A obra previa um estádio com capacidade para 10 mil pessoas, torres de iluminação e estacionamento, mas o que se vê hoje é um canteiro abandonado.
A situação reflete um sentimento de abandono entre os moradores, que além de lidar com a falta de coleta regular de lixo, convivem com a incerteza de quando – ou se – o estádio será finalizado. Em meio a esse cenário, a cobrança sobre o serviço de coleta de lixo, que é incluído na taxa do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), em maio deste ano teve aumento – chegando a ultrapassar, em alguns casos, mais de 100%.
“A gente tem que conviver com isso [lixo] e ainda esperar terminar [o estádio]. Só começaram e pararam. Já faz tempo que ninguém aparece aqui. Ficou na promessa”, comenta Francisco sobre a obra.
RESPOSTA
A Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura (SESAN), informa que irá notificar a empresa prestadora de serviço para apurar o motivo do atraso na coleta e tomar as medidas necessárias para regularizar o serviço o mais rápido possível.
Já a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEURB) informa que está ciente da situação e que a localidade já está inserida no cronograma de ações da Secretaria. A retirada de entulho do local é realizada semanalmente. A SEURB reforça que a limpeza do município é feita regularmente, seguindo um cronograma de ações previamente estabelecido.