Pará

Após empréstimo de R$ 500 milhões, Ananindeua é a imagem do caos

Ananindeua está tomada pelo lixo e mergulha no caos.
Foto celso Rodrigues/Diário do Pará.
Ananindeua está tomada pelo lixo e mergulha no caos. Foto celso Rodrigues/Diário do Pará.

Ana Célia Pinheiro

O município de Ananindeua está se endividando cada vez mais, e o pior é que ninguém sabe para onde está indo tanto dinheiro. Em menos de 4 anos, o prefeito Daniel Barbosa Santos, o “doutor Daniel”, já contraiu empréstimos que somam mais de meio bilhão de reais, em valores da época. Enquanto isso, a cidade é a imagem do caos: escolas e postos de Saúde sucateados, enchentes, lixo, mato e lama por todo lado.

Quem paga a gastança do prefeito é a população. Segundo moradores, só do ano passado para cá ele teria aumentado o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em mais de 200 por cento. Possivelmente, para pagar a orgia de empréstimos. Em 2021, no primeiro ano de sua administração, o “doutor Daniel” pegou cerca de R$ 50 milhões em empréstimos. Em, 2022, foram quase R$ 158,6 milhões. No ano passado, mais de R$ 183 milhões. E agora, só até fevereiro, já são mais de R$ 137,5 milhões.

E a pergunta que não quer calar é: para onde está indo essa montanha de dinheiro? Além do total abandono da cidade e da população, o que se vê é que a Prefeitura parece endividada até o pescoço, sem dinheiro nem mesmo para pagar os hospitais que atendem os moradores mais carentes, através do Sistema Único de Saúde (SUS). É o caso do Anita Gerosa, um hospital sem fins lucrativos, ao qual a Prefeitura deve R$ 3,5 milhões, pelo não pagamento de serviços realizados no ano passado e neste ano. E isso apesar de o SUS ter repassado esse dinheiro a ela.

É o caso, também, do Camilo Salgado, cujos donos estão processando a Prefeitura, devido a um calote de R$ 4 milhões. O hospital foi desapropriado pelo “doutor Daniel” em 2021, para, segundo ele, construir o “primeiro hospital público” da cidade. A indenização pela desapropriação teria de ter sido quitada em 2022, mas não foi. Com isso, os proprietários estão pedindo, além do pagamento da dívida, uma indenização de R$ 1 milhão, por danos morais. Eles afirmam que não conseguiram reabrir o Camilo Salgado em outro local, devido às irregularidades dos pagamentos.

Em meio a todo o abandono da cidade, dívidas e calotes, só quem vai de vento em popa é o hospital Santa Maria de Ananindeua, que pertence ou pertenceu ao “doutor Daniel”. Entre 2021 e o último 25 de abril, a Prefeitura pagou ao hospital mais de R$ 71,5 milhões, em valores atualizados pelo IPCA de janeiro deste ano. O dinheiro foi repassado à Prefeitura pelo SUS, para pagamento do contrato que ela mantém com o hospital. Como Ananindeua possui “gestão plena” na área da saúde, é a Prefeitura, comandada pelo dono ou ex-dono do Santa Maria, quem recebe as informações sobre os serviços que o hospital diz ter realizado, e as envia ao Ministério da Saúde, para justificar os pagamentos.