
Em tempo de inverno amazônico e ocorrências de quedas de pelo menos 11 árvores nas últimas semanas, em Belém, um aparelho pode ajudar a diminuir esse problema. O “Dispositivo medidor de diâmetro de oco de árvores” – criado por Eduardo Saraiva, engenheiro florestal e professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) – pode ser usado tanto no manejo florestal na Amazônia como no monitoramento das árvores na capital. A invenção reúne vantagens como o melhor aproveitamento da madeira no manejo florestal, obtenção de resultados in loco, fácil aplicação em campo e, principalmente, suporte para a tomada de decisões no manejo florestal.
De acordo com o professor, algumas das preocupações na elaboração do equipamento foram as de atender a condições de facilidade para levar à campo, conseguir operá-lo sem treinamento complexo, além de avaliar os resultados no próprio local. Eduardo Saraiva destaca que o dispositivo apresenta mais um parâmetro (diâmetro do oco da árvore) que serve como apoio para a tomada de decisão da equipe técnica sobre a retirada ou não de uma árvore.
Isso porque no manejo florestal – que preza pela gestão das florestas de maneira sustentável, respeitando os ciclos da natureza – no processo de pré-corte das árvores, uma das etapas é fazer o ‘teste do oco’, realizada pelo operador de motosserra que avalia a presença e o tamanho do oco, que influencia na qualidade da madeira e no seu aproveitamento.
“É um equipamento que irá apoiar a tomada de decisão da equipe em campo fornecendo informações técnicas relevantes. Ressalto que a questão do oco, dentro de todo o parâmetro, é importantíssima, mas existem outras variáveis que também devem ser avaliadas para tomada de decisão”, observa o professor.
Além disso, Eduardo Saraiva pondera que já existem algumas ferramentas excelentes em uso. “Há uma certa dificuldade em andar na floresta e o operador de motosserra, já caminha com este equipamento e o ajudante com as ferramentas para auxiliar a operação de derrubada. Então, nós também pensamos nessa vivência de campo, sendo um dispositivo leve, resistente, feito de aço inox, e de fácil utilização”, explica.
O dispositivo foi patenteado no final de 2024, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com o reconhecimento legal da exclusividade. O professor da Ufra, pontua que a ideia surgiu em 2019, solicitando a patente em 2020 e ressalta que a criação do equipamento demonstra o trabalho científico da universidade pública contribuindo para o setor e à sociedade.