O Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais (MVI) em 2024, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado nesta quinta-feira (24). A taxa nacional ficou em 20,8 mortes por 100 mil habitantes, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior (21,9), atingindo o menor índice desde 2012.
As mortes violentas intencionais incluem homicídios dolosos, latrocínios (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte, além de mortes de policiais (civis e militares) e aquelas provocadas por intervenção policial.
📉 Pará reduz mortes violentas em 7,3%
Entre os destaques positivos está o Pará, que registrou uma queda de 7,3% nas mortes violentas entre 2023 e 2024. Foram 2.560 ocorrências no último ano, ante 2.745 no ano anterior. O estado também implementa desde 2021 o projeto Usinas da Paz, citado no Anuário como uma das ações eficazes de prevenção à violência.
A redução acompanha a tendência de 22 das 27 unidades da Federação, que apresentaram recuo na violência letal em 2024. Apenas quatro estados tiveram aumento na taxa de MVI:
- Maranhão (+12,1%)
- Ceará (+10,9%)
- São Paulo (+7,5%)
- Minas Gerais (+5%)
Santa Catarina foi o único estado que se manteve estável.
📊 O que explica a queda na violência?
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta uma combinação de fatores para o cenário de redução da violência letal no país:
- Políticas públicas orientadas por dados e evidências, como os programas “Paraíba Unida pela Paz” e “Estado Presente” (ES);
- Iniciativas de integração entre forças policiais e ações sociais, como o RS Seguro (RS) e as Usinas da Paz (PA);
- Controle de armas e munições;
- Mudanças demográficas, como a queda na população jovem — historicamente mais exposta à violência.
📍 Nordeste concentra cidades mais letais do país
Apesar da melhora nos índices nacionais, o ranking das dez cidades com maiores taxas de MVI é composto inteiramente por municípios do Nordeste. A lista inclui:
- Bahia (5 cidades)
- Ceará (3 cidades)
- Pernambuco (2 cidades)
A violência nesses locais está ligada a disputas entre facções criminosas, com foco no controle do tráfico de drogas. As vítimas, em sua maioria, são jovens, negros, do sexo masculino e moradores de áreas periféricas.
Importante: nenhuma cidade do Pará aparece no ranking das 10 mais violentas.
👮 Letalidade policial segue alta em algumas regiões
O Anuário também chama atenção para a letalidade policial, que permanece alta em diversos estados — independentemente da orientação política dos governos locais.
Nos municípios baianos, os índices de mortes causadas por policiais são alarmantes. Em Jequié, 1 em cada 3 homicídios foi cometido por agentes do Estado. Em Simões Filho, esse índice foi de 1 em cada 4 casos.
Já em cidades como Maranguape (CE) e Cabo de Santo Agostinho (PE), a participação policial nas mortes violentas é baixa — 2% e 3%, respectivamente.