Pará

Andar de bike faz bem para o meio ambiente, bolso e saúde

A bicicleta é companheira de muitos moradores de Belém, que usam para transporte ou lazer, além de melhorar a saúde. Foto: Antônio Melo/Diário do Pará
A bicicleta é companheira de muitos moradores de Belém, que usam para transporte ou lazer, além de melhorar a saúde. Foto: Antônio Melo/Diário do Pará

Diego Monteiro

De acordo com o Instituto de Saúde Global Barcelona (ISGlobal), a bicicleta é o meio de transporte que mais beneficia a saúde das pessoas no mundo. Estima-se que, no Brasil, exista uma frota de mais de 33 milhões de bikes, uma média de 16 para cada 100 habitantes. É o que aponta o Jounal of Sustainable Urban Mobility.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), de janeiro a novembro do ano passado, mais de 584 mil bicicletas saíram das linhas de montagem do Polo de Manaus, no Amazonas.

Entre os que compraram uma está a estudante Ana Vilhena, 18 anos. “O meu tio sempre me incentivava a ter essa prática de pedalar diante dos benefícios que isso poderia trazer para a minha vida. Demorei um pouco, até por uma questão de comodidade mesmo, mas me rendi e faço muitas coisas em duas rodas agora, inclusive vir para o Portal da Amazônia passear e curtir a paisagem daqui”, conta.

Marcos Sousa, 55, abriu mão do carro e da moto para adotar a bicicleta como principal meio de locomoção. “Passou a ser o meio de transporte e instrumento de saúde”, afirmou o servidor público. “Eu moro na Cidade Velha e pelo menos umas três vezes na semana eu venho ao Portal da Amazônia. Andar de bike é maravilhoso, o problema é a falta de consciência de alguns”, completou.

As dificuldades encontradas pelo caminho também foram citadas pelo estudante Wendreus Nogueira, 18. “Comecei há quatro anos e além de melhorar a qualidade de vida, há alguns estresses. É comum, por exemplo, estarmos na ciclofaixa e encontramos alguns carros estacionados, obrigando o desvio, muita das vezes pelo meio da rua, para seguir viagem”, detalhou.

PREOCUPAÇÃO

Mas para receber as duas rodas, a cidade precisa estar preparada, com estruturas que garantam a segurança dos ciclistas em meio ao trânsito frenético das capitais. Em Belém, Rejane Cruz é coordenadora do Coletivo ParáCiclo, iniciativa que nasceu da necessidade de dialogar com o poder público sobre soluções viárias para a diminuição de mortes de ciclistas no trânsito.

Só nos seis primeiros meses de 2022, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, registrou um aumento de 19,54% no número de ciclistas atendidos se comparado ao mesmo período de 2021. Os dados da unidade são importantes, já que o hospital é responsável por receber grande parte dessas vítimas de acidentes de trânsito na Região Metropolitana e no Pará.

A bicicleta é companheira de muitos moradores de Belém, que usam para transporte ou lazer, além de melhorar a saúde. Foto: Antônio Melo/Diário do Pará

“Posso falar como ciclista, mulher, mãe, que usa a bicicleta para levar os dois filhos para a escola: o maior medo são as esquinas e cruzamentos. Os motoristas de ônibus e vans tiram ‘finos’ sem quaisquer motivos, colocando todos nós em situação de vulnerabilidade, muita das vezes resulta em acidentes gravíssimos, principalmente em vias de alta movimentação e velocidade”, explicou Rejane.

Em relação a ocupação das ciclovias e ciclofaixas, a representante do ParáCiclo avalia. “Acontece por falta consciência social, motivo pelo qual precisamos trabalhar a moral dos indivíduos. O desrespeito por esse direito é inviabilizado por diversos grupos na sociedade, quem não pedala acaba achando a delimitação do espaço algo desnecessário”, desabafou.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o condutor que for flagrado transitando pela ciclofaixa/ciclovia comete infração gravíssima (artigo 193), somando sete pontos na Carteira de Habilitação e multa de R$ 293,47 triplicada, totalizando R$ 880,41. Estacionar sobre a ciclofaixa/ciclovia consiste de infração grave (artigo 181), sujeita a multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH.