A coleta de lixo tem sido alvo de inúmeras reclamações dos moradores em Ananindeua, especialmente no Distrito Industrial, bairro mais afetado pela quantidade de lixo. Na manhã desta quarta-feira (9), o DIÁRIO flagrou diversos pontos dos bairros do município, que não vem promovendo o serviço que deveria ser realizado regularmente. Por não seguir o cronograma, ruas e avenidas têm lixo doméstico acumulado chegando a semanas.
O problema se agrava próximo ao Mercado Municipal do Distrito Industrial, para quem segue em ruas como a Segunda Urbana, onde o lixo se acumula nas esquinas das ruas A, B e C, na área conhecida como Heliolândia I. Os moradores, que pagam uma taxa para resíduos sólidos junto ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), afirmam que a coleta se tornou cada vez mais irregular, com o caminhão do lixo deixando de passar pelo perímetro sem qualquer aviso prévio. “É um descaso total. Não tem dia certo para o caminhão do lixo passar, e o lixo só vai aumentando. Pelo que observo, esse lixo está aí há mais de duas semanas”, relata o autônomo Antônio Silva, 60 anos, e morador da rua C – Heliolândia I há 40 anos.
A situação, além de comprometer a limpeza das vias, tomando boa parte de onde transitam tanto carros assim como os pedestres nas calçadas, representa um risco à saúde pública, com o aumento de insetos e o mau cheiro que se espalha pela região. “É horrível. Tem dias que a gente mal consegue passar por aqui, porque o lixo está demais. A gente paga os impostos e na hora de ver o retorno é assim”, desabafa Maria Andrade, de 49 anos, dona de casa, que mora há 32 anos no local.
Outra área crítica é a rua Rio de Janeiro, que carrega apenas o nome da cidade maravilhosa, mas não passa disso. Situada, ainda, no Distrito Industrial, a coleta não ocorre há cerca de duas semanas, segundo os moradores, tendo o lixo espalhado nas esquinas das travessas São Paulo X, IX, VII, VI e V, com acúmulo significativo em frente à casa da cozinheira Ana Paixão Monteiro, de 47 anos, que tem a vista do pátio para o lixo na travessa São Paulo V. “Há dias que o caminhão não passa. Antes, eram três vezes por semana, agora a gente fica na esperança de ver o carro do lixo e nada. O pior é que tenho uma criança pequena de 2 anos, e o mau cheiro e as moscas dentro de casa estão insuportáveis”, reclama.
Ao final da rua Rio de Janeiro, com a São Paulo X, a dona de casa Andressa Silva, 24, acompanhada da filha, diz que é ainda mais difícil transitar pelo espaço com crianças. “Estamos há semanas convivendo com lixo nas portas de casa, e ninguém faz nada”, acrescenta. Já na rua Salvador com a tv. São Paulo VII, para que tanto moradores quanto fieis que frequentam a capela Nossa Senhora Auxiliadora consigam ter mais sossego, a população resolveu colocar um container para conter o lixo sem espalhá-lo pela via.
O acúmulo de lixo também afeta áreas próximas a serviços essenciais, como o Hospital Santa Maria de Ananindeua (HSMA), localizado na avenida Independência com a travessa Marabá. Na região, o lixo se espalha pelos canteiros e tem como apoio o entulho de pneus, aumentando o risco de contaminação em uma área que deveria ser prioritária para a saúde pública. Próximo à Cosanpa Paar, na avenida Rio Amazonas, no Maguari, uma área de lixão vem se formando, agravando ainda mais o cenário.
Na Cidade Nova, o cenário não é diferente. A situação é grave em várias ruas, como a Avenida Arterial 5-A, no bairro Coqueiro, onde o lixo se acumula em partes da praça. Na Cidade Nova V, o problema também atinge a travessa WE 32, nas proximidades do Santuário Santa Rita de Cássia. Já na Cidade Nova VI, o lixo está espalhado na travessa SN 24 com a Travessa WE 67. Outro ponto crítico está no bairro Coqueiro, mais precisamente na estrada da Providência com a passagem Bom Jesus, onde o lixo acumulado já toma parte das calçadas. Mais adiante, na mesma rua, com a alameda Santo Antônio, a situação se repete.
PREFEITURA
A Prefeitura de Ananindeua acumula uma dívida que já supera R$29,4 milhões com as empresas Recicle e Terraplena, responsáveis pela coleta de lixo no município. De acordo com informações disponíveis no portal municipal da Transparência, os pagamentos completos referentes aos serviços prestados só foram efetuados para os meses de janeiro e fevereiro deste ano, e mesmo assim, em parcelas e com atrasos que chegam a até sete meses.
Procurada para comentar sobre as medidas que estão sendo adotadas para resolver o atual problema quanto à coleta de lixo e sobre a falta de pagamento as empresas responsáveis pela limpeza, a prefeitura não respondeu até o final deste edição.