DIA DOS PAIS

Amor, rotina e transformação: pais compartilham a jornada de criar e aprender com os filhos

Para muitos que vivenciam essa experiência pela primeira vez, se tornar pai representa a possibilidade de conhecer um amor sem medidas.

Para muitos que vivenciam essa experiência pela primeira vez, se tornar pai representa a possibilidade de conhecer um amor sem medidas.
Para muitos que vivenciam essa experiência pela primeira vez, se tornar pai representa a possibilidade de conhecer um amor sem medidas.

A chegada de um filho é capaz de remodelar tudo ao redor. Mais do que as alterações nos planos de vida, nos horários, nas prioridades e até mesmo nos interesses pessoais, a paternidade também pode ocasionar mudanças na própria forma de encarar o mundo. Para muitos que vivenciam essa experiência pela primeira vez, se tornar pai representa a possibilidade de conhecer um amor sem medidas e que merece ser celebrado à altura todos os dias, inclusive no domingo de Dia dos Pais.

Foi ainda no hospital que o empresário Carlos Sobrinho Jr., 45 anos, foi apresentado ao turbilhão de emoções sentido quando viu, pela primeira vez, a pessoa que lhe atribuiria uma missão para toda a vida, a de ser pai. “Saí de casa para o hospital em uma tarde iluminada, sem a mínima ideia de como seria, mas na hora que o vi foi como se o próprio Deus o colocasse em meus braços e tudo o que lembro foi que a alegria logo acompanhou-se ao medo pela responsabilidade de ser pai”, recorda.

Desde esse primeiro encontro, cinco anos já se passaram e o próprio significado atribuído à paternidade foi crescendo e se transformando em meio à rotina com o pequeno Carlos Eduardo. “O significado de paternidade tem mudado ao longo da minha vida, a princípio era o meu maior sonho, certamente pelo quanto eu sempre fui apaixonado pelo meu pai e queria ser um pai igual ele foi para mim”, considera Carlos Sobrinho Jr. “Até que veio meu filho e aí pude entender como tudo se transforma em nosso ser. Desde os grandes sonhos e planos às ações simples do dia, tudo é influenciado pelo estado de ser pai, nada mais é pensado que não considere se é o melhor para ele”.

Carlos conta que recentemente o filho recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), um novo mundo que intensificou no pai o sentimento de buscar sempre o melhor para o filho.

“Recentemente meu filho foi diagnosticado estar no Espectro do Autismo e de novo o mundo toma outro sentido. A paternidade, agora atípica, acompanhou-se de um grande medo acerca do que ele experimentaria neste mundo, os planos passam a dividir lugar com o questionamento sobre o que eu poderia fazer para protegê-lo, e aí ocorreu toda a mudança do que era uma paternidade empírica onde eu me baseava pela criação que meu pai havia me dado, para uma paternidade que exige estudo, pesquisa, trocas de experiências com outros pais e principalmente mães atípicas, de onde descubro a necessidade de me reinventar para entregar ao meu filho o melhor que eu posso ser nesta missão”.

Todo o aprendizado que envolve a missão de ser pai é desenvolvido por Carlos em meio à rotina com o pequeno Carlos Eduardo. Ele explica que compartilha a guarda do filho pela mesma quantidade de dias que a mãe e cada momento corriqueiro da rotina é especial ao lado do filho.

“Possivelmente pelo meu desejo de que ele seja completamente independente o quanto antes, gosto de ensinar tudo do cotidiano para ele: preparar seu café, fazer a higiene, fazer a atividade escolar, arrumar os brinquedos, aproveitar todo tempo junto com qualidade e toda paciência do mundo”, considera. “Mas tendo que escolher uma atividade que eu mais gosto de fazer com ele, escolheria construir brinquedos com papel e plástico, pois acho que criam grandes memórias afetivas, embora ele tenha acabado de me responder que o que ele gosta mais é ir comigo ao shopping e a sorveteira”.

Assim como os hábitos simples do dia a dia se tornaram especiais após a chegada do Carlos Eduardo, também o dia dos pais ganhou um novo significado para o Carlos após a chegada do filho. “Amo ainda mais comemorar o dia dos pais e será especial acordar e preparar junto com meu filho um café da manhã especial, brincar com ele de montar uma cidade com todos os carrinhos e caixas de brinquedos que servirão de prédios e irmos encontrar o meu pai que tem 92 anos. Reunir Carlos avô, Carlos pai e Carlos filho”.

Estar ao lado do filho e da família também é a programação ideal de dia dos pais para o médico e empresário Jonathan Sarraf, 32 anos. Pai do João Guilherme, de 3 anos de idade, Jonathan também viu a vida se transformar a partir da experiência da paternidade. “Acredito que a paternidade foi uma das coisas que mais me modificou. Depois de me tornar pai passei a entender melhor o valor de estar presente e também disponível de maneira inegociável para alguém. Isso pra mim, como empresário, sempre foi uma dificuldade com tantos afazeres e tantos pontos do trabalho”.

Estar ao lado do filho e da família também é a programação ideal de dia dos pais para o médico e empresário Jonathan Sarraf, 32 anos.
Estar ao lado do filho e da família também é a programação ideal de dia dos pais para o médico e empresário Jonathan Sarraf, 32 anos.

O real entendimento das transformações promovidas pela paternidade foi sentido desde o primeiro contato com o filho, ainda na maternidade. Jonathan lembra que, assim que o pequeno João Guilherme nasceu, um enorme sentimento de alegria tomou conta dele, assim como o senso de responsabilidade do que é ser pai de alguém. Uma mistura de sentimentos que se repete entre os relatos de muitos pais. “Na maternidade, logo após ele nascer, foi uma mistura de felicidade imensa e choque de realidade. Ali, de fato, entendi que seria pai”.

Em meio à rotina intensa demandada pela carreira profissional e que inclui uma agenda intensa de reuniões, viagens e decisões estratégicas, Jonathan não abre mão de ter uma presença ativa na vida do filho, onde até as atividades mais simples ganham um significado especial. “Adoramos assistir filmes juntos, jogar bola e tênis, brincar de luta, ou tocar músicas juntos também, ele tenta tocar bateria e eu pandeiro”.

Tudo na rotina e na vida do nutricionista Felipe Carvalho, 31 anos, também se transformou depois da chegada do pequeno Noah Alexandre, de 2 anos e sete meses de idade. Na verdade, Felipe lembra que essa mudança, para melhor, começou quando o filho ainda estava sendo gerado. “Desde a chegada do Noah, na verdade desde quando ele estava na barriga, foi muito bom pra gente não só como casal, mas também em relação a ser pai porque a gente começa a sentir aquela questão da responsabilidade, a gente começa a ver e pensar a vida de uma maneira diferente”, considera Felipe. “A gente começa a pensar que agora as nossas atitudes vão ser reflexo de uma outra pessoa, é uma outra pessoa que vai estar se inspirando na gente. Então, a gente começa realmente a repensar as nossas atitudes”.

Mais do que os cuidados com o filho ao lado da esposa, Felipe lembra que a experiência da maternidade também provocou transformações em outros aspectos da sua vida, incluindo o lado profissional. Isso porque o mundo passou a ser encarado de uma maneira diferente desde então. “Profissionalmente eu também evoluí bastante porque, querendo ou não, a gente começa a ter mais cuidados. Na minha área de atuação, que é a área da saúde, reflete bastante isso, a gente começa a ter mais cuidado com as pessoas, ter mais sensibilidade também, não só no meu trabalho, mas também na vida. Eu vi que mudou bastante depois que o Noah chegou”.

Felipe lembra que assim que o Noah nasceu, sua mãe logo perguntou o que ele estava sentindo. E, não por acaso, junto à alegria imensa de se tornar pai, veio também a preocupação em fazer tudo de melhor para aquele ser que acabava de conhecer. “Realmente, é muito difícil porque a gente olha pra ele e dá aquela emoção, mas ao mesmo tempo vem aquele turbilhão de emoções de ‘agora eu sou pai’”, recorda. “É uma sensação muito boa e ao mesmo tempo de muita responsabilidade. Mas é uma sensação muito, muito boa mesmo”.

Felipe conta que Noah é uma criança tranquila, carinhosa, que gosta muito de brincar e de estar junto da família. O que torna a rotina mais fácil. “O Noah é bem carinhoso, gosta de estar com a gente. Sempre que a gente tem oportunidade, a gente está sempre junto, brincando. São momentos tão simples, mas que mudam tudo. Às vezes uma brincadeira que ele faz, muda totalmente o ambiente, fica mais descontraído. É muito bom, ter uma criança em casa faz muita diferença”, considera, ao apontar o que o faz mais feliz no dia dedicado aos pais. “A gente sempre fica esperando porque, querendo ou não, é um dia que a gente só se sente feliz. No meu primeiro dia dos pais foi basicamente assim. Eu não consegui pensar muito, só vivi o dia, que é o mais importante. Ficar ali e viver a alegria do momento é muito bom. A mensagem que eu deixaria é que nesse dia dos pais, viva o presente. Se você tem alguma mágoa com seu pai ou filho, peça desculpa, diga que o ama, todos merecemos um futuro em paz consigo. Viva o hoje, aproveite”.