Ana Laura Costa
O velório do professor Edson Raymundo Pinheiro de Souza, um dos fundadores e primeiro reitor da Universidade da Amazônia (Unama), reuniu familiares, amigos, funcionários e ex-alunos em uma cerimônia repleta de homenagens, na capela do Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, em Belém. O advogado e jornalista faleceu aos 86 anos, na madrugada desta quinta-feira, 13, vítima de um infarto.
Autoridades como o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o ex-senador Flexa Ribeiro, também compareceram ao velório para prestarem as últimas homenagens. O sepultamento ocorreu durante a tarde, no cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá.
Recentemente, Edson exercia a função de diretor-geral da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa). No início deste mês, o professor passou por um procedimento cirúrgico, recebendo um stent. Devido à idade avançada e necessidade de cuidado com o procedimento, Franco ficou internado na UTI de um hospital particular. O professor deixa esposa, com quem era casado há 60 anos, e cinco filhos.
LEGADO
Além de educador, Franco foi membro da Academia Paraense de Letras e da Academia Paraense de Jornalismo. Seus passos deixaram um verdadeiro legado para a educação e jornalismo do Estado, marcando a vida de muitas pessoas. A simplicidade, humildade e, principalmente, o amor pela educação que Edson emanava, impactaram a vida da professora de educação infantil, Thays Cristina, de 30 anos.
“Durante 31 anos minha mãe foi funcionária do colégio Cesep, na Alcindo Cacela. Ela começou como auxiliar de serviços gerais e não tinha o primeiro grau completo. Vendo isso, o professor Edson deu uma oportunidade para minha mãe estudar, a incentivou a concluir os estudos. Ele enxergou nela o que ninguém enxergou e logo depois, a tornou inspetora do colégio. Minha mãe levou para casa esse amor pela educação e hoje sou professora da mesma instituição, no bairro do Maguari. Sou grata a ele pelo o que me tornei, pela oportunidade que deu à minha mãe. Ele foi um grande educador, mas principalmente, uma pessoa muito humana, muito simples”, destaca.
Enquanto jornalista, Franco atuou na editora Abril, onde coordenou o departamento de fascículos, na Abril Cultural, junto a outro jornalista e fundador do grupo, Victor Civita. Sua destreza com a língua portuguesa também instruiu gerações, como ressalta o cerimonialista e jornalista paraense Marcelo Pinheiro.
“Professor Edson é, a exemplo da própria língua portuguesa, perfeita paráfrase do saber (…) É o nome que ao ensinar em suas lições dentro e fora da sala de aula, instruiu gerações, no mesmo nível que formou cidadãos em tantas outras épocas, no ensino, na pesquisa, na extensão e na militância educacional, nos cargos que ocupou aqui e fora”, afirma o colunista do Diário.
Para o jornalista, Franco foi o responsável por torná-lo o Mestre de Cerimônias que o é hoje. “Ele deixa para a comunicação paraense o nome dos maiores oradores que esta terra teve. Seus discursos eram de lirismo e erudição impressionantes”, pontua. Outro jornalista paraense que teve a vida impactada pelo educador foi o repórter Brenno Rayol.
Durante toda a infância, Brenno estudou no colégio Cesep e se formou jornalista pela Unama. “Para além do símbolo da educação no Pará, o professor Edson era uma pessoa muito preocupada com o crescimento das pessoas. Quem teve a oportunidade de conviver com ele, estar mais próximo, pôde conhecer esse lado humano, muito humano”, destaca.