AMAZÔNIA

Amazon Energy 2025 discute futuro energético da Amazônia

Amazon Energy 2025 debate exploração na Margem Equatorial e transição energética justa

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Amazon Energy 2025 discute futuro energético da Amazônia

A abertura do Amazon Energy 2025 e 2º Evento Pré-COP IBP reuniu autoridades políticas, especialistas e empresários, nesta quarta-feira (25/06), para discutir os rumos da exploração energética na Amazônia, com foco na Margem Equatorial e na transição das matrizes de energia de forma justa. As discussões seguem até esta quinta-feira (26/06), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), em Belém. A programação do primeiro dia foi marcada pela presença do governador do Amapá, Clécio Luís, que apresentou as políticas do Estado para fomento das atividades de energia.

O presidente do Sistema FIEPA, Alex Carvalho, destacou a oportunidade de transformar o cenário econômico e social da região Norte, que, historicamente, é dependente de programas assistencialistas devido à ausência de um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. “O reacionarismo aos grandes projetos age como se deles viesse a devastação ambiental. Não. É a pobreza e a miséria que estão nos causando mal. Nós estamos perdendo guerras diárias para o narcotráfico, para o crime organizado, para a ilegalidade, para o contrabando. Eu tenho certeza de que a exploração de petróleo na Margem Equatorial cumpre com a legislação. Tenho certeza do altíssimo nível de competência técnica envolvido, que trará a segurança necessária para que essas falácias e mentiras se calem”, defendeu o presidente do Sistema.

O chefe do Executivo do Amapá, Clécio Luís, defendeu a união entre os estados amazônicos para enfrentar as pressões internacionais e construir uma agenda que equilibre preservação ambiental e desenvolvimento social. “O que nos une é muito maior do que o que nos separa. Falamos parecido, temos a mesma cultura, as mesmas expressões. Precisamos andar juntos, porque o desafio da Amazônia é coletivo”, disse o governador amapaense.

Clécio Luís destacou o protagonismo do Amapá na diversificação energética e na transição do setor. “Hoje, 100% da nossa energia é gerada por fonte hidrelétrica, ou seja, é energia limpa. Nós, aqui no Brasil, especialmente na Amazônia, já fizemos essa transição. Estamos falando agora de diversificação energética”, ressaltou o governador.

Com uma visão técnica e geopolítica, o CEO do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, explicou a natureza da atividade proposta e citou o caso da Guiana, que teve crescimento de 58% no PIB após começar a produzir petróleo na mesma faixa geológica da Margem Equatorial. “Se não localizarmos novas reservas no Brasil, voltaremos a importar petróleo já em 2033 ou 2034. Isso compromete nossa balança comercial e nos torna vulneráveis às crises geopolíticas”, alertou o CEO do IBP.

Josiel Alcolumbre, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Amapá, foi enfático ao criticar o desconhecimento generalizado sobre o projeto e as distorções na narrativa ambiental. “Tudo aquilo que é desconhecido, temos a tendência de maldar. Estamos disponíveis para tirar dúvidas. O poço está a 540 km da foz do rio Amazonas. Não é no meio da floresta. E o Amapá, estado mais preservado do Brasil, já é carbono negativo”, afirmou.

Alcolumbre também apontou contradições no acesso a recursos internacionais: “O Fundo Amazônia tem 100 bilhões de dólares, mas o Amapá nunca recebeu um Real porque preservou. Esse fundo é para reflorestar o que foi desmatado. O mundo premia quem destruiu e pune quem preservou”, avaliou.

Carlos Agenor, diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural do Ministério das Minas e Energia, reforçou a urgência da exploração na Margem Equatorial e disse que as modelagens indicam que não há risco de impacto na costa. “Mesmo com o melhor aproveitamento do pré-sal, não é suficiente para reverter a queda de produção. O que era oportunidade em 2013 se tornou uma necessidade. Precisamos descobrir se há reservas. “Se houver vazamento na Bacia de Campos, ele chega à praia. Aqui, não. É um deserto subaquático, com apenas lama. Não há corais. Não há absolutamente nada. Estamos falando de exploração offshore, distante do litoral e segura”, concluiu.

Políticas integradas para energia limpa e desenvolvimento norteiam discussões

Vários painéis foram apresentados, com cinco eixos temáticos, que abordaram desde as perspectivas de crescimento até o uso de tecnologias e a importância da Amazônia na nova geopolítica dos recursos naturais.

Na mediação do painel sobre política energética, Alex Carvalho afirmou que a transição no Brasil só será efetiva se enfrentar os gargalos estruturais nos sistemas isolados, ainda dependentes de geração a diesel. “O Pará é o maior gerador de energia hidrelétrica do país. Mas, por conta de um excesso de narrativas, nossas usinas muitas vezes são retratadas como vilãs, como se fossem um intruso desconfortável na Amazônia. Estamos falando de uma energia limpa e barata, como a produzida por Belo Monte, que já está há anos sem conseguir renovar duas subestações por pura implicância”.

Carlos Agenor apresentou dados que reforçam a posição do Brasil como referência em emissões reduzidas e defendeu o protagonismo do país na COP30. “O setor de energia responde por apenas 18% das emissões nacionais, número que já inclui o transporte. No mundo, esse setor é o maior emissor. Isso mostra que o perfil de emissões do Brasil é completamente diferente. Nosso desafio é transformar esse diferencial em uma vantagem competitiva”, explicou.

Ele também destacou que o petróleo brasileiro é um dos menos poluentes do mundo. Segundo ele, o pré-sal da Bacia de Santos tem uma pegada de carbono de apenas 11,5 kg de CO₂ por barril, abaixo da média global. “Mesmo nos cenários mais ambiciosos de transição energética, a demanda global por petróleo e gás natural vai continuar existindo. E é aí que entra o papel do Brasil, com um petróleo de baixíssima emissão”, ponderou.

Entre os painelistas do evento, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME), Paulo Bengtson, reforçou o apelo por mais pragmatismo nas decisões que envolvem a região. Segundo ele, a Amazônia é historicamente prejudicada por entraves burocráticos e por pressões externas que freiam o avanço de pesquisas e investimentos energéticos. “Enquanto a Guiana avançava na exploração da Margem Equatorial, nós ficamos parados por anos. Nem estou falando de exploração, mas de pesquisa. Isso atrasou o desenvolvimento e prejudicou a população da região, que ainda hoje sofre com a falta do básico”, sinalizou.

Realizado pela FIEPA, o evento conta com o selo da Jornada COP+, organização da Vita Digital Soluções e apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Centro das Indústrias do Pará, e Associação Comercial do Pará.