Um grupo de alunos de Medicina da Universidade Paulista (UNIP), incluindo estudantes do campus de Campinas, viveu uma experiência transformadora na Ilha do Marajó, no Pará. Durante o Intercâmbio Mondó, projeto do Instituto Mondó voltado ao voluntariado em comunidades amazônicas, os futuros médicos trocaram a rotina das salas de aula e laboratórios por dias de intensa imersão em comunidades ribeirinhas, como Vila São Tomé e São Pedro, no município de Breves. A viagem, realizada entre 13 e 17 de julho, envolveu uma longa jornada por terra, ar e água, percorrendo mais de 3 mil quilômetros para chegar a regiões de difícil acesso, onde a presença de médicos e serviços de saúde é limitada.
Ao longo da ação, os estudantes realizaram cerca de 100 atendimentos, incluindo consultas médicas, orientações preventivas, oficinas educativas e atividades de promoção da saúde. Sob supervisão de professores da UNIP, eles atenderam casos diversos, como infecções de ouvido, verminoses, problemas respiratórios, renais, amigdalites e lesões na pele. Além dos cuidados clínicos, também foram ministradas oficinas sobre primeiros socorros, higiene, alimentação saudável e prevenção de abuso sexual infantil, fortalecendo a educação em saúde e a autonomia das comunidades.
A médica psiquiatra Sara Laham Sonetti, que acompanhou o grupo, destacou que a experiência reforçou a importância da escuta atenta e da empatia no cuidado médico. Para ela, oferecer um olhar humano e acolhedor é muitas vezes o primeiro passo para a recuperação dos pacientes. Além dos atendimentos presenciais, os casos mais graves foram encaminhados para acompanhamento pelo sistema público de saúde, e algumas consultas seguiram de forma remota, por meio de telemedicina.
A vivência também teve um caráter cultural e emocional marcante. Os estudantes puderam conhecer de perto a realidade local, participando de momentos de troca com as comunidades, que incluíram música, culinária e histórias da região.
A vice-reitora da UNIP, Claudia Andreatini, ressaltou que a viagem emocionou profundamente os alunos, fortalecendo o compromisso deles com uma prática médica mais humanizada. Já Julia Jungmann, representante do Instituto Mondó, destacou o impacto positivo tanto para a população atendida quanto para a formação dos futuros médicos, que saem da experiência com uma visão ampliada sobre saúde pública e desigualdades sociais.
Essa jornada ao Marajó se mostrou, acima de tudo, um retorno às raízes da medicina, baseada no contato direto, no cuidado genuíno e na valorização da vida em todas as suas formas. Para os alunos, foi mais do que um estágio: foi um aprendizado de vida, que os marcará para sempre como profissionais e cidadãos.