DESCASO COM A POPULAÇÃO

Alepa quer explicações de Daniel sobre caos na saúde em Ananindeua

Parlamentares demonstraram preocupação com os problemas que população do município tem enfrentado ao buscar atendimento.

Fachada bonita, serviço nenhum: O fracasso do Pronto-Socorro de R$ 20 milhões em Ananindeua
Fachada bonita, serviço nenhum: O fracasso do Pronto-Socorro de R$ 20 milhões em Ananindeua. Foto: Antonio Melo

Os deputados estaduais repercutiram, em diferentes momentos do dia durante a sessão desta terça-feira, 1º, os perrengues sofridos já há alguns meses pela população de Ananindeua, segundo maior município paraense, principalmente na área da saúde. Eles inclusive cobraram que o prefeito Daniel Santos (PSB) dê satisfações sobre o que a gestão dele tem feito para amenizar os problemas.

Mais de um parlamentar citou a denúncia feita pelo vereador Flávio Nobre (MDB) na semana passada, sobre o esvaziamento do pronto-socorro da cidade, erguido ao custo de R$ 20 milhões – sendo quase R$ 15 milhões de contrapartida do governo do estado – e inaugurado há menos de um ano, mas que está sempre vazio.

Fábio Figueiras, do PSB, inclusive enalteceu o papel do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que pediu intervenção estadual no sistema público de saúde.

“O município pede socorro, as pessoas estão vivendo uma situação calamitosa. Quem precisa de atendimento médico e mora em Ananindeua hoje depende ou de Belém ou do estado. Terminou a eleição para prefeito e a cidade entrou em outro ritmo, em que só aumentam as contratações para agasalhar parceiros políticos”, denunciou o deputado.

Por sua vez, Eliel Faustino, do União Brasil, lembrou também que Ananindeua está entre os dez piores saneamentos do país na lista dos considerados cem maiores municípios brasileiros.

“É o único PS da Região Metropolitana sem uma pessoa na porta, e não faz sentido, porque o que mais a gente recebe no gabinete é pedido de ajuda para leito, para internação. E lá não funciona, a gente já viu vídeo, denúncia, de dois vereadores de Ananindeua mostrando como está lá”, complementou.

Zeca Pirão, também do MDB, também criticou o fato de uma estrutura tão importante e de custo alto para o orçamento público estar sem qualquer estrutura de atendimento.

O líder do governo no parlamento, deputado Iran Lima (MDB), disparou que recursos da Saúde não podem servir para enriquecimento próprio.

“Em Ananindeua se desapropriou um hospital que funcionava, apesar dos problemas, e agora esse PS parece que ainda não abriu. É uma vergonha administrar dessa forma”, lamentou.

Entenda o caso

O vereador Flávio Nobre (MDB), de Ananindeua deve apresentar nos próximos dias à Câmara de Vereadores da cidade um requerimento solicitando informações sobre as demandas encaminhadas pela Central de Regulação de Leitos do município ao Pronto Socorro inaugurado há cerca de oito meses pela gestão do prefeito Daniel Santos (PSB). O motivo é o estranho esvaziamento do complexo hospitalar, conferido pelo próprio parlamentar em visita realizada esta semana.

De acordo com Nobre, ele decidiu ir ao local depois que recebeu a denúncia de uma mulher em crise convulsiva que teve atendimento negado no local recentemente.

“Ela chegou lá com o marido passando mal e simplesmente disseram para ela buscar ajuda em outro hospital, ela só consegui atendimento ao chegar no Pronto Socorro da Augusto Montenegro, em Belém”, detalha o vereador.

Estrutura

Informações divulgadas pela própria prefeitura de Ananindeua à época da inauguração, em julho do ano passado, dão conta de que o hospital conta com 75 leitos ao todo, sendo 65 leitos clínico-cirúrgicos e dez leitos de UTI, e que essa estrutura correspondia a uma expectativa de 2.250 pacientes nos leitos a cada mês.

No requerimento que o vereador vai apresentar na Câmara, direcionado à Secretaria Municipal de Saúde e à própria prefeitura, serão solicitados números de encaminhamentos das UPAs e das unidades de urgência e emergência para verificar o que ocorre.

“Se não está encaminhando, precisamos saber porquê, para onde estão indo. Uma reforma de R$ 20 milhões para a reforma de um prédio que não funciona? A prefeitura precisa esclarecer se isso é por falta de gestão ou por irresponsabilidade. Porque eu não quero acreditar que seja por maldade”, finaliza Nobre.