Pará

Administradora do porto de Vila do Conde causa prejuízo

Administradora do porto de Vila do Conde causa prejuízo

O porto de Vila do Conde, em Barcarena, vive um caos há mais de 15 dias. A responsável é a empresa administradora do porto, a Santos Brasil, vem deixando inúmeros importadores e exportadores na mão com a demora excessiva na movimentação de cargas que chegam ou saem do Estado através do porto, o maior em operação no Pará.

Empresas de grande porte têm manifestado interesse de suspender suas operações de importação e exportação através do Porto de Vila do Conde por conta dos inúmeros prejuízos econômicos que vêm sofrendo em razão dos problemas, que são recorrentes.

O porto se transformou num problema para seus usuários na importação e exportação. As operações foram assumidas pela empresa Santos Brasil após a sua privatização. Segundo empresários ouvidos pelo DIÁRIO e que preferiram se manter no anonimato, algumas cargas chegam a ficar 15 dias ou mais paradas no porto, sem movimentação para embarque, desembarque ou retirada.

“Os navios não conseguem atracar porque não há equipamentos suficientes para descarga dos navios e tampouco para o transporte dos contêineres dentro do próprio porto. Com isso as empresas têm prejuízos enormes, já que a carga é liberada pela Receita Federal e pelos órgãos estaduais em tempo hábil, mas de nada adianta porque os contêineres não conseguem ser movimentados no porto”, critica um importador.

INDISPONÍVEL

Outra situação causada pela inoperância da Santos Brasil é que vários caminhoneiros ficam dias parados nas imediações e na entrada do porto, impedidos de trabalhar por conta da falta de estrutura para movimentar as cargas já liberadas pelas autoridades alfandegárias e de fiscalização. O contato com a empresa também é precário e complica ainda mais a situação. Muitos importadores ligam e mandam mensagens para a empresa, mas não obtêm retorno. O sistema da Santos Brasil, que deveria ficar operante para verificação da movimentação das cargas, também é precário, já que fica a maior parte do tempo off line, indisponível para os interessados.

“A situação é bastante complicada porque quanto mais tempo demorar para a carga ser retirada, mais prejuízos teremos, pois temos que pagar armazenamento e aluguel de contêineres enquanto a carga permanecer no porto, com taxas elevadas. Pagamos por uma situação que não causamos”, reclama outro importador.

PARA ENTENDER

Situação

l Há 24 anos atuando no segmento de operações portuárias, a Santos Brasil é responsável por 16% de toda a movimentação de contêineres e cargas do país, e opera nos terminais portuários de Vila do Conde em Barcarena, de Itaqui, no Maranhão, de Santos, em São Paulo; e no de Imbituba, em Santa Catarina.

l Em seu site, a Santos Brasil afirma ter investido R$ 5 bilhões em escala de capacidade logística e portuária no Brasil, sendo R$ 60 milhões apenas no Porto de Vila de Conde nos últimos 3 anos. “Fica difícil de acreditar num investimento desse porte dada a precariedade com que a empresa opera no porto de Barcarena”, observa um operador do porto.

l A Superintendência da 2ª Região Fiscal da Receita Federal informou através de nota que estava “ciente do problema”, mas que “não é de competência da Receita Federal a administração e infraestrutura do porto, que é da alçada da Secretaria dos Portos e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)”.

l O DIÁRIO tentou ligar para a empresa através de um telefone fixo no final da tarde da última sexta-feira, mas não obteve resposta. O jornal também deixou uma mensagem no site da empresa e encaminhou e-mail para o endereço que constava no site para repercutir a situação, mas não houve qualquer retorno até o fechamento desta edição.