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A união que mantém as praias de Salvaterra limpas

Voluntários de catadores e catadoras de materiais recicláveis estão pelas praias do Marajó, não apenas para recolher o material que foi descartado irregularmente

 Associação de moradores de Salvaterra  em multirões  fazem a limpeza das praia.
10/07/2025
Foto  Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Associação de moradores de Salvaterra em multirões fazem a limpeza das praia. 10/07/2025 Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Pará - Enquanto moradores e banhistas lotam as praias do interior do estado em busca de um refresco para o calor do verão amazônico, um grupo voluntário de catadoras e catadores de materiais recicláveis se dirige às praias do município de Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, não apenas para recolher o material que foi descartado irregularmente, como também para levar consciência ambiental.

Associação de moradores de Salvaterra em mutirões fazem a limpeza das praia. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Reunindo 20 famílias, entre elas populações de comunidades quilombolas, a Cooperativa de Trabalho de Catadores e Catadoras de Material Reciclável e Reutilizável do Município de Salvaterra (CATA Salvaterra) chega a recolher de 8 a 9 toneladas de material reciclável, por mês, no município. E umas das ações se concentram nas praias de Salvaterra. “A gente sempre está trabalhando conscientização e educação ambiental nas praias e também dando estrutura, levando nossas bags, nós temos bags de 90kg e 120 kg, que a gente deixa nas praias, nas áreas por trás dos bares e restaurantes para que eles tenham uma estrutura onde colocar o reciclável para não estar jogando em qualquer local na praia. E aí a gente faz a retirada semanal dessa bag”, explica Vânia Nunes, presidente da CATA Salvaterra e Diretora de Mulheres do Quilombo São Vicente.

Marajó, Salvaterra, Pará, Brasil. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Sem que contem com maquinário para selecionar e acondicionar esse material, Vânia conta que todo o trabalho desenvolvido pela cooperativa é realizado a partir do trabalho braçal dos catadores e catadoras. Um serviço que, mais do que garantir uma fonte de renda para as famílias, contribui com a manutenção da riqueza e beleza natural que caracteriza Salvaterra e o Marajó.

A bióloga da CATA Salvaterra, Even Guerreiro, conta que entre o material recolhido das praias do município nas ações desenvolvidas pela cooperativa, grande parte é plástico. “Tem muito vidro, muita garrafa PET, latas de óleo lubrificante para barco. Geralmente eles usam para o barco e despejam. A gente já encontrou bastante”, conta. “Nessas limpezas a gente observa muito material que nem deveria estar lá. E por conta disso a gente vai sempre conversando”.

No primeiro momento, Even conta que os moradores das comunidades locais e os próprios visitantes estranham a presença das ações de limpeza e conscientização, mas já na segunda visita é possível perceber que as ações educativas já surtiram efeito. “A gente foi na Praia da Bernarda, que é praticamente uma praia de pescadores, então, a gente já vai conversando com eles. No segundo momento a gente já percebe que eles já estão separando algum material”, celebra. “Mas a gente encontra roupas jogadas, brinquedos velhos. Na Praia do São João, dentro do manguezal, nós encontramos pneus no fundo do manguezal, garrafas de óleo lubrificante, e muita garrafa PET também. Tem alguns pescadores que utilizam a garrafa PET para fazer boias ou o matapi ecológico, mas são poucos ainda”.