Pediu? Chegou. O fluxo frenético de entregas por aplicativo não para. Nas esquinas, em frente a restaurantes e lanchonetes, os entregadores esperam pela próxima corrida. Desde a pandemia da Covid-19, quando ganharam protagonismo ao garantir que refeições e produtos chegassem à casa das pessoas, esses trabalhadores passaram a ser parte essencial da dinâmica urbana.
O trabalho, que começou como um bico para muitos, tornou-se a principal fonte de renda, mas ainda sem garantias trabalhistas. Eliseu Brito, 27 anos, pedala diariamente pela cidade para fazer entregas. Ele sai do bairro da Sacramenta, em Belém, e passa boa parte do dia próximo a um restaurante na rua Antônio Barreto, no bairro Umarizal, ponto estratégico para conseguir mais pedidos.
“Já trabalhei como garçom e como borracheiro, mas em 2020 criei minha conta no Ifood [empresa de delivery de comida e mercado]. Foi justo em um período delicado, a gente entregava nas portas dos prédios e casas, mas deu certo”, relembra.
Antes trabalhando apenas no horário da tarde, reajustou a rotina para trabalhar desde às 7h, para garantir uma grana a mais. “Sempre tem demanda aqui, mas não é fácil; tem dia que não bomba tanto, mas a gente consegue fazer um salário mínimo sim”, comenta Eliseu, que tem a fonte de renda ajudando outras 4 pessoas.
Atuando como entregador desde janeiro de 2019, Lucas Silva, 24, viu na profissão uma maneira de garantir renda enquanto aproveitava a recém adquirida moto e habilitação. Residente no bairro da Pedreira, ele inicia as entregas às 8h, pausa para o almoço e retorna à tarde, estendendo o expediente até às 19h.
“Eu gosto de andar de moto, então juntou as duas coisas: uma forma de ganhar dinheiro e algo que eu gosto de fazer”, conta. O trabalho, segundo ele, permitiu uma condição financeira. “Dá para manter tranquilo”, afirma, destacando que há períodos mais lucrativos, como o Carnaval e as férias de julho.
As entregas variam entre comida, supermercado e conveniência. E a rotina exige disciplina para enfrentar o trânsito intenso e as mudanças climáticas. “É difícil, mas a gente trabalha até na chuva, porque é quando dá para ganhar mais um dinheiro também, toca mais corrida para gente, então acaba sendo lucrativo”.
Há cinco anos trabalhando no ramo, Márcio Bastos, 43, escolheu a profissão pela liberdade de fazer os próprios horários. Ele trabalha de bicicleta. Residente no Telégrafo, ele realiza entregas principalmente na área central de Belém e sustenta a família composta por sua esposa e filho.
“Gosto de andar de bicicleta porque é um exercício físico bom, ajuda na minha saúde também. De manhã fico em casa para resolver as coisas, e minha rotina começa à tarde, das 14h às 20h, às vezes até 22h, com algumas exceções aos domingos, quando posso alternar entre turnos. Os sábados são de folga, reservando o dia para estar com a família”, diz.