TRABALHO

A rotina dos entregadores por aplicativo: Desafios e vantagens no dia a dia

Os desafios são muitos, mas os entregadores por aplicativo também destacam vantagens no trabalho que reúne 588,6 mil profissionais no Brasil.

Em motos ou bicicletas, como no caso de Eliseu Brito, os entregadores por aplicativo passaram a ser parte essencial da dinâmica urbana
Em motos ou bicicletas, como no caso de Eliseu Brito, os entregadores por aplicativo passaram a ser parte essencial da dinâmica urbana Fotos: Antônio Melo - Diário do Pará

Pediu? Chegou. O fluxo frenético de entregas por aplicativo não para. Nas esquinas, em frente a restaurantes e lanchonetes, os entregadores esperam pela próxima corrida. Desde a pandemia da Covid-19, quando ganharam protagonismo ao garantir que refeições e produtos chegassem à casa das pessoas, esses trabalhadores passaram a ser parte essencial da dinâmica urbana.

Foto: Antônio Melo – Diário do Pará

O trabalho, que começou como um bico para muitos, tornou-se a principal fonte de renda, mas ainda sem garantias trabalhistas. Eliseu Brito, 27 anos, pedala diariamente pela cidade para fazer entregas. Ele sai do bairro da Sacramenta, em Belém, e passa boa parte do dia próximo a um restaurante na rua Antônio Barreto, no bairro Umarizal, ponto estratégico para conseguir mais pedidos.

“Já trabalhei como garçom e como borracheiro, mas em 2020 criei minha conta no Ifood [empresa de delivery de comida e mercado]. Foi justo em um período delicado, a gente entregava nas portas dos prédios e casas, mas deu certo”, relembra.

Antes trabalhando apenas no horário da tarde, reajustou a rotina para trabalhar desde às 7h, para garantir uma grana a mais. “Sempre tem demanda aqui, mas não é fácil; tem dia que não bomba tanto, mas a gente consegue fazer um salário mínimo sim”, comenta Eliseu, que tem a fonte de renda ajudando outras 4 pessoas.

Atuando como entregador desde janeiro de 2019, Lucas Silva, 24, viu na profissão uma maneira de garantir renda enquanto aproveitava a recém adquirida moto e habilitação. Residente no bairro da Pedreira, ele inicia as entregas às 8h, pausa para o almoço e retorna à tarde, estendendo o expediente até às 19h.

“Eu gosto de andar de moto, então juntou as duas coisas: uma forma de ganhar dinheiro e algo que eu gosto de fazer”, conta. O trabalho, segundo ele, permitiu uma condição financeira. “Dá para manter tranquilo”, afirma, destacando que há períodos mais lucrativos, como o Carnaval e as férias de julho.

As entregas variam entre comida, supermercado e conveniência. E a rotina exige disciplina para enfrentar o trânsito intenso e as mudanças climáticas. “É difícil, mas a gente trabalha até na chuva, porque é quando dá para ganhar mais um dinheiro também, toca mais corrida para gente, então acaba sendo lucrativo”.

Há cinco anos trabalhando no ramo, Márcio Bastos, 43, escolheu a profissão pela liberdade de fazer os próprios horários. Ele trabalha de bicicleta. Residente no Telégrafo, ele realiza entregas principalmente na área central de Belém e sustenta a família composta por sua esposa e filho.

“Gosto de andar de bicicleta porque é um exercício físico bom, ajuda na minha saúde também. De manhã fico em casa para resolver as coisas, e minha rotina começa à tarde, das 14h às 20h, às vezes até 22h, com algumas exceções aos domingos, quando posso alternar entre turnos. Os sábados são de folga, reservando o dia para estar com a família”, diz.