Pará

2 de fevereiro, é dia de Yemanjá!

Hoje é dia de celebrar a Rainha do Mar. Foto: Jader Paes/Diário do Pará
Hoje é dia de celebrar a Rainha do Mar. Foto: Jader Paes/Diário do Pará

Wesley Costa

Nesta quinta-feira é dia de celebrar Iemanjá/Yemanjá, uma das orixás mais populares dentro das religiões de matrizes africanas e da cultura afro-brasileira, especialmente entre os adeptos do candomblé e da umbanda. As comemorações que ocorrem em diversas cidades brasileiras são um momento para devotos e demais admiradores fazerem seus pedidos e agradecimentos a deusa considerada rainha de todas as águas.

Geralmente, as festas, que são preparadas próximas às regiões de praias e rios, são animadas por música, dança e reza. O momento também é uma ótima oportunidade para que o povo do Axé fortaleça a sua fé e renove a conexão com a deusa e seus antepassados. Além disso, é uma celebração da vida, da natureza e da proteção da divindade sobre todos seus seguidores, filhos e filhas.

Babalorixá do Terreiro de Nagô Yemanjá, do Instituto Cultural Nagô Afro-Brasileiro (ICNAB), pai Fernando Rodrigues de Ogum conta que a devoção se fortaleceu tanto que a celebração vem agregando outras religiões. “Realmente, Iemanjá possui essa particularidade de abraçar a todos, principalmente ainda por conta do sincretismo religioso, onde temos a representação correspondendo a Nossa Senhora dos Navegantes, da Conceição e das Candeias”, disse.

No Brasil, os festejos de Iemanjá são realizados em dois momentos diferentes ao longo do ano, nos meses de fevereiro e dezembro. “A diferença está simplesmente na região. Oficialmente, o dia de Iemanjá é 2 de fevereiro, data em que as comemorações ocorrem na cidade de Salvador, na Bahia, quando celebram nossa senhora das Candeias. Já em outras cidades, o festejo é de acordo com a aparição mais representativa da virgem. No nosso caso, 8 de dezembro, Nossa Senhora da Conceição”, explicou.

Babalorixá do Instituto Religioso Umbandista (IRU), pai Marcelo Machado reforçou o poder que a orixá representa para a religião. “A palavra Yemanjá em si já transcende os limites da religiosidade e do folclore que lhe imputam pelo contexto social. Yemanjá tornou-se um símbolo materno, foi e ainda é a porta mais fácil de se quebrar tabus entre seguidores de distintos credos, raças e gêneros. Para nós, Umbandistas, ela é a própria origem da vida pensada por Deus”, afirmou.

RACISMO

O babalorixá lembra ainda que as celebrações também são importantes para fortalecer a luta contra o racismo religioso.

“Mais uma vez, a Rainha do Mar Oceano nos ‘empresta seu nome e Força’ para servir de ferramenta e guarda-chuva nessa grande luta incessante em prol da equidade de direitos e deveres para com o próximo. Pois nos dias de homenagem a Yemanjá, todos os povos, independentes de dogmas religiosos, a reverenciam. O que nos une nessa hora é o respeito e a emoção que abraça tudo que se permeia na atmosfera contida naquele momento, desde um simples pensamento a favor do Bem, até as oferendas mais robustas entregue em embarcações no alto mar”, salientou o religioso.

Esse ano, o IRU preparou uma programação que será realizada no Templo Umbandista dos Tupinambás, situado na passagem Maria, nº 53 (entre as travessas Pe. Eutíquio e 14 de Março, no bairro da Cremação, em Belém. Na ocasião, serão feitas as entregas das oferendas no próprio solo sagrado do templo.

Já o ICNAB prestará também homenagens preparando presentes que serão levados até uma praia da Ilha de Mosqueiro e ofertados à mãe das águas.