Diego Monteiro
Ontem (12) teve o encerramento da 10ª edição da Feira de Artesanato do Círio (FAC) com recorde no número de visitantes e em faturamento. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA), mais de 60 mil pessoas passaram pelos oito dias de evento, um aumento de 20% se comparado ao ano de 2019, que registrou cerca de 50 mil visitantes.
Outro dado expressivo é quanto ao faturamento, que este ano bateu a marca dos 850 mil reais, montante que gerou renda extra para os artesãos advindos de vários municípios do estado, como Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Oeiras do Pará, Salvaterra e Santarém. Esse valor representa um crescimento de 76% em faturamento em um comparativo feito no mesmo período de 2021.
Segundo o Sebrae, o principal objetivo da exposição foi alcançado: fomentar e promover o trabalho de artesãos paraenses, gerando oportunidades de venda durante e após a FAC. Os trabalhadores puderam expor seus produtos em uma área totalizando 1.700 metros quadrados. Na ocasião, o evento foi expandido e passou de 60 (2019) para 100 estandes com os mais variados produtos.
Destaque ainda para a área de alimentação, que contou com 10 quiosques que ofereceu as mais diversas iguarias típicas da região amazônica, como o famoso tacacá, maniçoba, vatapá, caruru, além de sopa de caranguejo, tortas geladas de cupuaçu, bacuri, coxinha de maniçoba e sorvetes com sabores regionais. No mesmo espaço, mais de 16 grupos musicais se apresentaram no local.
“Estou feliz pois entregamos a maior e melhor feira de todos os tempos. O semblante dos nossos colaboradores é de cansaço, mas estão extremamente felizes, pois houve muita dedicação para esta que é a feira da retomada, de recomeço, e todos estamos com esse mesmo sentimento”, afirmou o diretor-superintendente do Sebrae/PA, Rubens Magno.
PÚBLICO
O evento é resultado da fusão de duas iniciativas: a Feira do Miriti, específica do artesanato de miriti, atividade tradicional do município paraense de Abaetetuba; e a Feira do Círio, que reunia o artesanato de outras tipologias, produzido em várias regiões paraenses. Desta forma, a FAC passou a ser um dos principais destinos dedicados ao passeio e ao lazer durante a quadra nazarena.
A população local e os turistas puderam adquirir diversos produtos produzidos com materiais tirados da natureza, como peças utilitárias, decorativas, brinquedos, fibras, miriti, balata, cerâmica e instrumentos musicais inspirados na cultura afro-indígena, além de produtos com a temática do Círio de Nazaré. Diante dos trabalhos manuais e das cores de cada item, a curiosidade passou a ser a palavra-chave do evento.
Helder Linhares, 33, está voltando para São Paulo com as malas cheias de presentes. “Apostei mais em algo que remeta ao Círio de Nazaré, como panos e chaveiros, que serão dados de presente para os meus amigos. Estou levando também peças decorativas, como passarinhos feitos de miriti para pendurar na minha sala e um suporte para incenso”, detalhou o professor.
A sustentabilidade foi um dos destaques da programação da FAC, que levou itens feitos com as práticas do manejo sustentável, reaproveitando materiais que seriam descartados, como caroço de açaí, coco, buriti, MDF e bambu, além de brincos feitos de escamas e miriti, pingentes açaí, colar de escama de pirapema e mandalas feitas de vinil.
Luciana Lima, 41, oferece esse tipo de produto. “Quando falava dos meus produtos as pessoas ficaram satisfeitas em saber que nosso trabalho é consciente com as causas ambientais. Para cada metro de feltro que eu uso para produzir jogos interativos, personagens de quadrinhos, entre outros, são retiradas 12 garrafas pet do meio ambiente”, reforçou a artesã.
Com o fim do evento se aproximando, muitos estandes estavam com as últimas peças à venda, como é o caso do artista visual Ivan Barros, 46. “Das 300 peças que eu trouxe restaram apenas oito. Posso afirmar que esses dias foram excelentes, pois além das vendas feitas no salão pude realizar negócios futuros, ou seja, estou com um total de 40 encomendas pagas para serem entregues mês que vem”, ressaltou.
Para o artesão Alexandre Paulemy, 46, não foi diferente. “Encerrei a feira sem nenhum produto. Estou literalmente zerado e isso é maravilhoso. Se for colocar na ponta do lápis, meu faturamento ficou 150% acima do que eu fiz em 2019. Eu considero este momento como se fosse o nosso Natal, além, claro, de dar visibilidade aos nossos trabalhos pelo mundo”, concluiu.