Pará

Cuidar de plantas pode ser uma terapia. Que tal começar?

Foto: Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto: Wagner Santana/Diário do Pará.

Cintia Magno

Quem cultiva plantas em casa não tem dúvidas dos benefícios proporcionados pelo contato mais próximo. Seja em espaço aberto ou mesmo dentro de casa, as plantas podem ajudar a regular o clima, filtrar toxinas do ambiente, contribuir com o relaxamento e redução do estresse e proporcionar bem-estar. Para isso, basta ficar atento os cuidados básicos.

Com uma infinidade de plantas no quintal, o advogado Marcos Hage não abre mão do verde dentro de casa. Ele lembra que essa paixão pelas plantas começou quando ele decidiu comprar um vaso. Foi o suficiente para que, rapidamente, outras dezenas chegassem em casa. “Uma casa sem planta é uma casa sem vida. A gente começa comprando um vaso e depois quer comprar outro, quer uma espécie que a gente ainda não tem e quando você vê, você já tem uma infinidade de plantas em casa”.

O advogado conta que ele mesmo faz questão de cuidar de suas plantas, uma atividade que, pela quantidade de vasos mantida no quintal, leva bastante tempo, mas que ele faz com o maior prazer. “Eu passo quase uma hora para regar todas porque são muitas, mas eu adoro. Sempre eu compro alguma planta nova, porque eu gosto mesmo”.

Nas bancas destinadas à venda de plantas ornamentais na Feira de Artesanato da Praça da República, a preferência pelas plantas fica evidente. Mesmo durante a manhã de um domingo nublado e chuvoso, não faltam clientes. A autônoma Francilene dos Santos trabalha com plantas há 5 anos, dois apenas na Praça da República, e conta que a grande maioria dos compradores são apaixonados por plantas. “Todo domingo eles estão aqui a procura de alguma coisa que ainda não tem em casa. Tem aqueles que preferem as plantas com flor, outros preferem as folhagens e assim vai”, considera. “Nós chegamos aqui 6h e ficamos até 14h. Enquanto a gente está aqui, tem clientes procurando plantas”.

Francilene dos Santos, autônoma. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

A procura também é grande na venda da Juliana Castro, que há três anos decidiu assumir a banca da família, mantendo a tradição iniciada pelo pai. “Tem aqueles clientes de toda semana, que sempre vêm em busca de alguma coisa nova, e tem aqueles clientes que estão iniciando”, conta. “Durante a pandemia houve um aumento muito grande de pessoas que começaram a cultivar plantas em casa e esse movimento continuou mesmo depois da pandemia”.

Entre as variedades vendidas, Juliana aponta que as folhagens estão em alta. “As que mais procuram são as plantas de dentro de casa, as folhagens estão em alta. Aqui, em média, a gente vende de 30 a 40 vasos por domingo”.

Esse momento da escolha da planta que será cultivada é estratégico para que ela tenha uma vida longa dentro de casa. O engenheiro agrônomo que trabalhava com serviços de manutenção de plantas ornamentais e oficinas de jardinagem, Rômulo Almeida, aponta que é preciso escolher a espécie que melhor se adequa ao ambiente que se tem disponível para elas, atentando à quantidade ideal de luz, água e adubação que as plantas exigem.

“Às vezes a gente acaba comprando uma planta que é de sol e o espaço que você tem disponível para ela é dentro de casa, que é indicado para as plantas de sombra. Então, primeiro a gente tem que entender quais são as condições que eu tenho de casa? O que que eu posso oferecer para a planta?”, considera. “Assim, quando eu for para a floricultura eu já sei se eu preciso de uma planta que é de sombra, se preciso de uma planta que é de sol. Pronto, tendo essa informação já ajuda muito”.

Juliana Castro, autônoma. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Outra dica destacada pelo engenheiro agrônomo é considerar a disponibilidade de tempo que se tem para fazer a manutenção das plantas. “Se eu não tiver tempo para cuidar de planta, não adianta escolher uma planta que é exigente em rega, em cuidado, que é sensível a ataque de pragas e doenças. Planta é um ser vivo, então a gente precisa disponibilizar tempo para poder cuidar desses seres vivos que a gente está colocando dentro de casa”, considera, ao lembrar que assim que a planta chega a um novo ambiente, ainda passará por uma adaptação.

“A gente já tirou ela de um ambiente que ela estava confortável e levou para outro, que é a nossa casa, então, ela vai passar por um processo de adaptação que a gente chama de rustificação. Quando a gente faz uma mudança, a gente não sente? Com a planta é a mesma coisa, ela vai sentir toda essa alteração de clima, de ambiente, de energia, de pessoas, de cuidado, então, a gente precisa minimizar o máximo possível esses danos para planta nessa nova ambientação”.

Quando se trata do cuidado, Rômulo lembra que os itens principais são a luminosidade, a quantidade de água e a nutrição do solo. “Um dos grandes problemas que a gente tem é a questão da água porque não tem uma medida certa. Então, a gente tem que saber observar a planta. Se eu coloquei uma quantidade de água hoje e vi que ela se deu bem, eu já vou ter noção que aquela é a quantidade de água que ela gosta”.

Rômulo Almeida, engenheiro agrônomo. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Além da quantidade também é preciso observar com que frequência é preciso fazer a rega, se todo dia; a cada dois dias; um dia sim e um dia não; uma vez por semana; uma vez por mês. Isso porque tanto a rega em excesso, quanto a rega em escassez pode acarretar prejuízos à planta. “Então, é preciso observar muito a planta, principalmente na questão da rega porque é onde mais pecam. Às vezes a planta morre por falta de água ou por excesso de água porque a pessoa não sabe a quantidade e acaba colocando, colocando, colocando e nesse colocar a pessoa acaba afogando a planta”, exemplifica Rômulo Almeida. “Não pode faltar água falta. Algumas vão gostar mais e outras vão gostar menos, mas todas precisam de água, até porque quando se coloca água, a gente também acaba repondo alguns nutrientes par a planta”.

Com relação à adubação, o agrônomo explica que as próprias plantas dão alguns sinais de que está faltando algum tipo de nutriente, é o caso de uma folha amarelando, de uma folha caindo, de uma folha não se desenvolvendo como deveria, redução do tamanho da folha. “Então a gente tem que observar esses sinais para fazer uma adubação, uma reposição de nutrientes”.

Nesse sentido, cada espécie, cada tipo de planta precisa de um tipo de adubação diferente. Logo, dependendo da planta, há uma exigência maior ou menor de alguns nutrientes. Considerando as espécies que demandam menor cuidado, tanto no que se refere à rega, quanto à adubação, Rômulo dá outra dica. “Tem algumas plantas que a gente diz que são aquelas plantinhas coringas, mas, de forma geral, é sempre bom utilizar plantas nativas da nossa região, que já são plantas adaptadas à nossa região e a gente começa a valorizar, também, o que é nosso, o que é brasileiro, o que é amazônico. Então, utilizar plantas regionais”.

DICAS

Confira algumas dicas do engenheiro agrônomo, Rômulo Almeida, para quem está começando o cultivo de plantas em casa.

1 – Saiba quais são as condições (de luminosidade, por exemplo) do seu ambiente antes de ir até a floricultura. De conhecimento disso, busque as plantas que melhor se adequam às condições que você tem.

2 – Considere a sua disponibilidade de tempo para cuidar das plantas. Se você não tem muito tempo, dê preferência para as espécies que demandam menos cuidados.

3 – Com as plantas em casa, observe-as frequentemente para tentar identificar quando elas estiverem precisando de algum cuidado específico, como de adubação, por exemplo.

4 – Dê preferência para as espécies nativas da região em que você mora, já que elas já são naturalmente adaptadas.

5 – Algumas plantas nativas e que exigem pouca manutenção, por exemplo, são a jiboia e a pacová, que são plantas de sombra; os cactos e as suculentas, que são plantas de sol; entre as frutíferas, a jabuticaba também é bem fácil de cuidar, sendo apenas exigente em água; as Espadas de São Jorge também são de fácil cultivo e ainda têm um significado de proteção para algumas pessoas.