GERSON NOGUEIRA

Volta do Parazão oferece lições

A decisão do STJD, autorizando o reinício do Campeonato Paraense, tomada na manhã de sexta-feira (21), surpreendeu pela celeridade.

A decisão do STJD, autorizando o reinício do Campeonato Paraense, tomada na manhã de sexta-feira (21), surpreendeu pela celeridade
A decisão do STJD, autorizando o reinício do Campeonato Paraense, tomada na manhã de sexta-feira (21), surpreendeu pela celeridade Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

A decisão do STJD, autorizando o reinício do Campeonato Paraense, tomada na manhã de sexta-feira (21), surpreendeu pela celeridade e trouxe como adendo um alerta a todos os atores envolvidos com a gestão do futebol no Pará, o que inclui clubes e FPF: precisam aprender a respeitar os regulamentos. Mais que isso: o tribunal deixa uma lição aos legisladores esportivos paraenses, que poderiam ter optado por aplicar multas, evitando a paralisação do Parazão.

Toda a confusão nasceu da condenação aplicada a Bragantino, Remo, Tuna e Capitão Poço, que descumpriram norma que constava do regulamento específico. A mudança na classificação alterou os confrontos nas quartas de final, gerou recursos, causou prejuízos e atrasou a competição por mais de duas semanas. A simples multa para todos os envolvidos, sem impor a perda de pontos, teria sido uma punição adequada e mais eficaz.

Nem o exemplo da intervenção no TJD, determinada pelo STJD em janeiro de 2023, em consequência também de uma interrupção do Campeonato Estadual, serviu para balizar a decisão do tribunal regional. Bom senso é uma arma a serviço de todos e, para funcionar, basta ser utilizada.

É claro que o posicionamento adotado pelo TJD não isenta os clubes, principais responsáveis pela situação. A partir de agora, espera-se, todos devem ter mais cautela na observação do regulamento. Não faz sentido incluir uma regra que depois é esquecida e desrespeitada.

Mecanismos tecnológicos permitem monitorar itens administrativos, como situação regular de atletas e número de cartões amarelos e vermelhos aplicados, mas os clubes terão que implantar uma cultura de organização em suas estruturas.

Na decisão que determinou as multas, o STJD aplicou uma regra inédita e discutível, atribuindo uma multa de valor mais alto ao Remo (R$ 30 mil) do que à Tuna (R$ 10 mil) e ao Bragantino (R$ 5 mil), pela mesma infração, considerando o patrimônio financeiro. Justa ou não, a medida escancara a responsabilidade maior dos clubes considerados grandes.

Os jogos das quartas de final serão retomados na próxima semana, embora somente o Bragantino tenha demonstrado disposição para entrar em campo já na quarta-feira. Os demais, incluindo a dupla Re-Pa, sinalizaram a intenção de jogar no final de semana, postura que conflita com a insatisfação demonstrada com a paralisação. Coisas do futebol paraense.

Juninho: sair é a única chance de jogar

Melhor meia do elenco atual do PSC, Juninho foi deixado de lado inicialmente por Márcio Fernandes e continuou sem ser escalado por Luizinho Lopes. Teria desagradado gente graúda da cúpula bicolor. Não há confirmação sobre isso, mas a falta de oportunidades confirma que ele não fazia parte dos planos do novo técnico.

Mesmo em situações de extrema carência no time, o jovem revelado na Desportiva Paraense pelas mãos de Walter Lima, seguiu apenas compondo o banco de reservas, às vezes nem isso. No Re-Pa, Juninho entrou quando faltavam quatro minutos para o apito final.

Diante disso, após recusar duas ofertas de clubes no final da temporada de 2024, ainda na esperança de ser titular no PSC, ele caiu na real. Aceitou ser negociado com o ABC-RN, para disputar a Série C do Campeonato Brasileiro. Aos 26 anos, Juninho tem contrato até o fim desta temporada.

Bola na Torre

O programa começa às 23h, na RBATV, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participações de Giuseppe Tommaso e Liane Coelho. Em debate, a preparação dos times para o retorno do Campeonato Paraense. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Futuro de Dorival nas mãos de Ednaldo

O sistema adotado há tempos pela CBF, com poder total concentrado nas mãos do presidente, indica que o futuro de Dorival Júnior na Seleção Brasileira depende dos humores de Ednaldo Rodrigues. A vitória suada diante da Colômbia, na quinta-feira (20), trouxe alívio, mas não é garantia absoluta de permanência no cargo.

É fato que o desempenho pífio da Seleção com Dorival não recomenda que ele seja mantido para a Copa do Mundo de 2026. Parece não ter convicção para mudanças ousadas, insiste nas figuras carimbadas de sempre e até agora foi incapaz de incutir um mínimo de inventividade à movimentação da equipe.   

Apenas um aspecto favorece uma eventual continuidade de Dorival no escrete: a falta de alternativas para uma troca a pouco mais de um ano para o início do mundial. Carlo Ancelotti, que foi cogitado no ano passado e cujo contrato com o Real Madrid se encerra no fim da temporada europeia, não é opção que possa ser levada a sério.

Nada indica que o técnico italiano esteja disposto a assumir o desafio de treinar a seleção pentacampeã do mundo. Cabe lembrar que, tradicionalmente, os europeus preferem dirigir times a seleções.

Em termos nacionais, poucos têm estofo para assumir a Seleção. Roger Machado (Inter) é um bom nome, mas não tem força na CBF. Rogério Ceni (Bahia) já foi mais cotado. Filipe Luís conta com o poderoso lobby rubro-negro, mas tem contra si a pouquíssima experiência na função.