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Um mata-moscas infalível (08/12/2022)

Um mata-moscas infalível (08/12/2022)

Acho que no fundo a gente queria saber fazer de tudo. Só que não dá… Confesso, por exemplo, jamais ter aprendido a dar laço em sapatos. Tentei, inclusive, aprender na Feij, com mestre Castelo, mas não consegui. Até hoje dou um nó imbatível nos meus tênis. Somente eu consigo desfazê-lo. O laço que todo mundo faz, ah…, esse não. Idem, sobre andar de bicicleta. Um dia quase consegui. Uma queda desastrada, porém, fez morrer definitivamente meu projeto de ciclista. 

Sempre invejei – e ainda invejo – quem sabe dançar agarradinho, quem dá show de pernas e pés nos salões. O diabo é que sou duro, nem tenho o menor molejo para tal. Quem me dera ser John Travolta, Carlinhos de Jesus ou Thiago Amaral. O diabo é que não sei. Claro que tais inapetências não se sucedem somente comigo. 

Sei de amigos frustrados com a voz fina ou fanha, pouca destreza técnica para jogar futebol, nenhuma aptidão para cantar, tocar algum instrumento, compor, falar em público ou coisa que o valham. No fundo, a gente realmente queria saber fazer de tudo. E tragicamente não sabe. 

Tive um conhecido que passou dois anos para pedir em namoro uma garota, que depois viria a se transformar em sua esposa. Motivo: não sabia quais palavras usar para dar a “cantada”. Ainda bem que ela esperou. Três copinhos de 51 fizeram o milagre de brotar a inspiração tão nervosamente ansiada. Não faz muito tempo, descobri que também não sei jogar baralho e nem banco imobiliário. Tampouco acender o forno do fogão ou passar um bife na frigideira. 

Queria saber igualmente matar aquelas moscas chatas que não deixam a gente assistir TV ou ler sossegado. Acontece que erro todas as tentativas com o mata-moscas. Quando criança, recordo, neste campo, da técnica infalível de meu avô, o grande Edgar Proença. 

Já idoso e aposentado, no Rio de Janeiro, mostrava-se implacável contra os incômodos insetos. Antes de sentar-se à mesa para tomar café, almoçar ou jantar, sem fazer alarde ou propaganda velada, empunhava o mata-moscas de plástico, mirava suas vítimas e as eliminava com invejável rapidez e habilidade. Todos ficavam radiantes com aquela pontaria e eficácia. E vovô nunca se gabou de tão nobre qualidade. Outra, aliás, que eu queria ter tido e nunca tive. Sou obrigado a apelar para os repelentes. 

Olhando para trás, no entanto, lembrei ter sido ótimo gravando fitas cassetes para o carro ou jogando botão com meu time alvinegro do Botafogo. Acho que houve gente com inveja de mim também. De repente, fiquei consolado.

 

Almir Sater, endurecendo sem perder a ternura.
FOTO: Eric Silver/Divulgação

Almir Sater cruza trilhas andinas e pantaneiras com toques de country

Almir Sater, hoje grisalho, ainda é lembrado fazendo dupla com Sérgio Reis na antiga novela “Rei do Gado”. E não pode ser esquecido. Trata-se do nosso mais célebre violeiro do pantanal matogrossense. Além de habilidoso em seu instrumento, sempre cantou bem e cultivou belas melodias, debaixo de estilo inconfundível. “Do Amanhã Nada Sei” constitui-se em seu 15º disco, o primeiro produzido pelo norte-americano Eric Silver, figura ligada ao country norte-americano. Antenado com os novos tempos, Sater sentencia em “Verdade Absoluta” (com letra de Paulo Simões) que “Me perdoe os novos tempos/ com seu reinos virtuais/ as notícias do momento/ nem parecem ser reais”. Assim, endurece sem perder a ternura. Há 40 anos na estrada, ele mantém aceso um folk tupiniquim, que mistura o caipira ao politizado. “Eu Sou Mais Do Que Sou”, “Portão Preto” e “Ave Chamada Tempo” que o digam. Almir circula em ampla forma mantendo a coerência.

 

SHORTS
Quinta-feira, a antessala do final de semana, o dia em que a gente já toma a primeira…

CARAPANÃ ELÉTRICO
Paraense residente em Manaus, o compositor Gonzaga Blantez nos enviou sua mais recente gravação. Trata-se de “Carapanã Elétrico”, com guitarra e baixo de Júlio Tapará, teclados e bateria de Márcos Silva. Iremos rodá-la na “Feira do Som” de amanhã.

ULTIMÍSSIMA
Será nossa despedida oficial da “Feira do Som” pelo rádio após 50 anos. A partir de janeiro de 2023, ao meio-dia, de segunda à sexta-feira, a Rádio Cultura já terá outra atração, esta comandada por Arthur Castro.

PELAS REDES
No futuro, a “Feira do Som” ocupará as plataformas digitais sob o nosso comando. Aguardem porque teremos muitas novidades. O rádio foi apenas um ciclo que o programa encerrou.

DESPEDIDA SOLENE
Na sexta-feira, 16, será gravada uma “Feira do Som” de duas horas e meia nos estúdios da TV Cultura, com produção de Tim Penner. Participarão, dentre outros, de Nazaré Pereira, Alfredo Reis, Naiame, Adilson Alcântara, Hélio Rubens, Bob Freitas, JP Pires, Arthur Espíndola, Olivar Barreto, Marcos Campello, Inesita, Calibre, Marisa Black e Trio Andaluz (Pardal, Kahwage e Paulinho Assumpção).

DIA 23
Dia 23, sexta-feira seguinte, totalmente editado com depoimentos de Francisco César, Nazaré Athayde, Rosenildo Franco, Paulo Brasil, Marco Antonio Moreira, Orlando Ruffeil e Marlene Titan, o programa será solenemente exibido, ao meio-dia, pelo rádio e a TV.

Quinta-feira, a antessala, divirtam-se!!!